As paixões políticas nos subterrâneos da vida punk: as est/éticas dos ressentimentos em revolta a partir de Pierre Ansart
Resumo
Na Região Metropolitana de São Paulo, na década de 1980, como muitas outras cidades conectadas pelas veias abertas da globalização, corriam a cantar os/as bandos/as punks. Esse período, que corresponde ao contexto de efervescência dessas errâncias urbanas, coincide com a publicação de La gestion des passions politiques (1983), do sociólogo Pierre Ansart, refletindo sobre a participação de sentimentos e paixões na vida política. Apesar de não mencionar essas manifestações em Paris, suas contribuições teóricas e metodológicas possibilitam averiguar a maneira pela qual ressentimentos e revoltas mobilizaram essa produção est/ética. Para isso, nos serviremos de cartas, fanzines e fonogramas que compõem a Coleção Movimento Punk preservada no Centro de Informação e Documentação Científica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (CEDIC/PUC) e catalogada durante nossa pesquisa para o acervopunk.com.br. A partir do pressuposto de que as emoções da cólera revoltada compunham essas manifestações, pretendemos analisar as dinâmicas afetivas e suas ressonâncias nas performances punks e conurbações/conturbações de São Paulo. Acreditamos que as lentes de análise propostas por Ansart são fundamentais para averiguar as ambivalências afetivas na arte e nos jogos das paixões políticas intrínsecas ao circuito punk.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: http://dx.doi.org/10.5380/his.v70i2.85900