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Sensibilidades e paixões políticas democráticas: Ansart entre leitores de Tocqueville

Maria Stella Martins Bresciani

Resumo


As instituições democráticas são, sem dúvida, um tema candente e atual. Tema controverso, perpassa os debates políticos em todas as mídias, acirra as controvérsias sobre seus fundamentos, faz com que os embates resvalem rapidamente dos argumentos racionais para os mecanismos da persuasão. Signos sensíveis e figuras de linguagem, em particular metáforas, acionam os imaginários políticos ao substituírem ideias por imagens e os argumentos por apelos emocionais. As reflexões de Pierre Ansart sobre as “paixões políticas democráticas”, presentes em Les cliniens des passions politiques, publicado em 1997, retomadas em Quatre leçons de Philosophie sur les passions politiques, artigo de 2002, me estimularam a reler De la Démocratie en Amérique, de Alexis de Tocqueville, publicado em dois tomos em 1835 e 1840.  

Neste ensaio, busco colocar as reflexões de Ansart entre as de contemporâneos seus, Lefort e Catoriadis, que frente ao desmonte da URSS, nos anos 1980 e 1990, buscaram responder a indagações comuns sobre os desafios colocados às democracias. Por ser Tocqueville em De la Démocratie en Amérique referência comum a eles penso ser importante indagar qual o legado intelectual deixado por Tocqueville, cujos escritos trazem como subtema as tensões de um período político bastante conturbado na França dos anos 1830? Pode Tocqueville ser definido como analista crítico das paixões políticas? Suas observações sobre as instituições republicanas dos Estados Unidos permitiram, certamente, compor um campo conceitual sobre o poder das paixões na política, mas teriam consistência para permitir indagações sobre nossos desafios atuais?

Palavras-chave


herança, paixões políticas, democracia liberal

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/his.v70i2.84910