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“Orbis minima pars est Europa”: Humanismo erasmiano, respublica christiana e as raízes não-europeias da Europa

Rui Luis Rodrigues

Resumo


Um conceito hegemônico de Antiguidade produziu um conceito hegemônico de
humanismo enquanto apropriação desse passado dito “clássico”. Essa operação
conceitual não foi tanto obra do Renascimento quanto de elucubrações europeias
posteriores. Um olhar historiográfico atento à especificidade de cada período poderá
perceber, na obra dos humanistas europeus dos séculos XV e XVI, matizes importantes em sua maneira de pensar a cultura à qual se sentiam ligados e as relações dessa cultura com outras ao redor do mundo. A presente comunicação tem como finalidade revisitar alguns textos erasmianos em perspectiva histórica, a fim de compreendermos como Erasmo concebia a Europa e sua relação com o restante do mundo. Para Erasmo a Europa não possuía concretude em si mesma; ela existia apenas enquanto materialização da respublica christiana, dessa cristandade cujas fontes formativas estavam situadas fora do território europeu: na Palestina dos evangelhos, na Síria helenizada de Luciano de Samósata, na África de Agostinho e Orígenes. Revisitar a maneira pela qual o humanismo erasmiano compreendia as raízes não-europeias da Europa a partir de um ponto de vista específico, como historiador radicado num espaço não-europeu, pode cooperar intensamente para a busca de novos caminhos pelos quais refletir sobre a identidade da Europa diante do jogo múltiplo de identidades que compõe nosso tempo.


Palavras-chave


Humanismo erasmiano; Europa; respublica christiana.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/his.v69i2.79791