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DO VIVIDO AO REDIGIDO: OS ILETRADOS E A ESCRITA

Sílvia Maria Amâncio Rachi Vartuliu

Resumo


Este texto é um recorte da pesquisa de doutorado, desenvolvida na Faculdade de Educação da UFMG, por meio da qual investigamos os usos sociais da escrita feitos por mulheres em Minas Gerais no período de 1780 a 1822. O corpus documental selecionado apresenta como prin- cipais fontes os testamentos post mortem das duas últimas décadas do século XVIII até 1822, pertencentes ao acervo do Arquivo do Museu do Ouro/Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), em Sabará, referentes ao território da Comarca do Rio das Velhas. Partimos da convicção de que as relações com a escrita ultrapassam em muito a capacidade de redigir de “próprio punho”. Começamos a nos mover, assim, com o inquietante objetivo de tornar clara a pragmática da constituição do escrito, não o subordinando apenas à redação autônoma. Para nortear-nos na análise das fontes, pautamo-nos nos autores dedicados à compreensão dos fenômenos da alfabetização e letramento, bem como em reflexões de pesquisadores que investigaram esses fenômenos em perspectiva histó- rica e de autores referenciais no estudo da sociedade do nosso período colonial. Aqui, tecemos breve discussão historiográfica acerca da cultura escrita e das práticas educativas na sociedade colonial e explicitamos algumas das análises desenvolvidas durante a investigação. Ativemo- -nos ao processo de constituição do texto testamental e à observação das elaborações discursivas dos sujeitos. Embasados na literatura voltada a destacar o papel da oralidade na autoria dos textos, tornou-se possível perceber como diferentes mulheres, inclusivamente as não alfabetizadas, foram capazes de elaborar e redigir textos, ainda que por mãos alheias, e, dessa forma, utilizarem-se da escrita. 


Palavras-chave


Minas Gerais colonial; cultura escrita; escrita-Antigo Regime.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/his.v60i1.38283