Dossiê: Homenagem a Pierre Ansart: quais suas herança(s) para pensarmos as linguagens das paixões políticas?

Entrega até: 01/03/2022

A proposta do dossiê é trazer para a reflexão a obra de Pierre Ansart, de forma a destacar as temáticas e referências teóricas com as quais o autor operou. Professor emérito da Université Paris VII-Denis Diderot, sociólogo de prestígio internacional, crítico das ortodoxias e adepto das abordagens transdisciplinares,  Ansart se voltou para indagações sobre a produção e a reprodução de sentimentos políticos, bem como a gestão dos diversos modelos de afetividade política em sua estrutura e funcionamento, os signos destinados a emocionar e a gerar adesões a ideários e impulsionar paixões políticas individuais e coletivas. Para tanto, estudou as mais significativas obras de autores, como Marx, Saint Simon e Proudhon; a eles somou Freud e Reich, e não hesitou, em trabalho posterior, a recuar no tempo, como a Confúcio, Platão, Santo Agostinho, Maquiavel, e Tocqueville, no propósito de iluminar as utopias políticas e projetar suas significações sócio-históricas e dimensões  emocionais. Ao nos instigar a refletir sobre a afetividade na vida política, apontou para uma questão sensível e crucial para historiadores e outros estudiosos da política – qual o lugar dos sentimentos e das paixões na história e sua relevância para a compreensão do político e sua gestão? O dossiê busca, assim, ao homenagear Pierre Ansart (1922-2016), trazer a público trabalhos que exponham o quanto e o como, o autor inspirou estudos em diferentes áreas das ciências humanas no Brasil, em textos que nos introduzam às suas herança(s) entendida a noção de herança(s) como re-afirmação, ou inscrição na vida por vir, em usos não pre(e)scritos, na linha proposta por Jacques Derrida e Elizabeth Roudinesco em De que amanhã... Diálogo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004 [De quoi demain. Dialogue [Paris: Galilée, 2001].

Organizadoras:
Izabel A. Marson
Maria Stella Bresciani