Desterritorialização e resistência em uma comunidade de pescadores no litoral do Paraná: a presença de uma liderança mulher na luta pelo território pesqueiro
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v5i1.66204Palavras-chave:
Pesca artesanal. Povos tradicionais. Pontal do Paraná.Resumo
A territorialização de povos e comunidades tradicionais é constituída por uma disputa de forças entre os atores ligados a esses grupos, e aos demais agentes de operacionalização das formas hegemônicas de produção do espaço. No litoral do Paraná isso não é diferente, sendo os pescadores artesanais uma das populações tradicionais mais comprometidas. Esses grupos vêm sendo afetados há mais de décadas por ações de desterritorialização, tendo de se reterritorializar em outros locais e condições. Para salientar essa relação de injustiça traçada frente aos pescadores artesanais, é apresentado um estudo de caso da comunidade pesqueira de Guapê, no município de Pontal do Paraná. O levantamento de dados para a pesquisa se deu através de entrevistas com lideranças da pesca local, conversas informais com pescadores, levantamento documental e de audiovisuais. O caso se destaca pelo fato de parte da comunidade estudada ter sido expulsa em meados do ano 2000 do seu local de morada no município de Matinhos, se mudando na sequência para o balneário de Guapê. O que se observa no caso é o forte envolvimento de uma liderança mulher, que articula todo o processo de fixação da comunidade pesqueira no seu local atual entre os anos de 2010 e 2016. Para isso é realizado um trabalho de autorreconhecimento do grupo e negociação com órgãos do governo. O caso expressa o papel do Estado na territorialização das populações tradicionais, ora sendo agente de articulação, ora atuando como agente opressor. Os resultados servem para salientar a atuação da mulher pescadora na luta política desses grupos, servindo como suporte para outros casos parecidos.
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