Despindo preconceitos: (re)conhecendo os movimentos sociais no Brasil através de suas lutas pela reforma agrária
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v5i1.65735Palavras-chave:
Soberania Alimentar .Movimentos Sociais. Agronegócio. DecolonialidadeResumo
Este artigo aborda a histórica luta e resistência de movimentos sociais pela reforma agrária no Brasil e a recente renovação da luta por sistemas alimentares mais justos. Aponta a emergente necessidade de despir preconceitos, ampliar e fortalecer o debate sobre os conflitos e disputas de interesses no campo da segurança alimentar no Brasil, visto que a lógica colonizadora do sistema alimentar globalizado tem sido fundamentada, até mesmo legitimada, pela visão economicista de determinados grupos - que exercem poder e influência política na regulação da economia e das políticas públicas do Brasil. Através da pesquisa bibliográfica e de documentários, o trabalho discorre sobre a difusão tecnológica na agricultura; a dinâmica mercantil do agronegócio; e os diferentes mecanismos criados na relação de poder político-empresário, para dominação e repressão dos movimentos sociais. Assim, este ensaio analítico visa dar visibilidade ao tema, contribuindo para o (re)conhecimento e fortalecimento destes movimentos populares sob a perspectiva epistemológica da decolonialidade. Destacamos como “as novas/ velhas” formas de controle e dominação de caráter colonial mantém não só a estrutura fundiária, a repressão violenta aos que lutam; mas, também, a “imagem negativa” de alguns movimentos sociais perante o restante da sociedade – tendo o caso do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) como exemplo neste debate. E, enfim, apontamos a necessidade de conectar o que a ciência tem avançado sobre a agroecologia e a biotecnologia, com o conhecimento adquirido pela população através do tempo e de experiências atuais no campo da agricultura/alimentação.
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