Causalidade e (des)semelhança em Descartes
DOI:
https://doi.org/10.5380/dp.v16i3.65194Palavras-chave:
Descartes, doutrina da causalidade, (des)semelhança, causa eminente e causa formal, temporalidade, primazia axiomática do efeito.Resumo
O artigo examina certas tensões geradas entre causalidade e (des)semelhança no âmbito da relação entre ideia e coisa. O ponto de partida de Descartes é que causalidade não implica semelhança. Ele precisa, contudo, recuperar esta última noção; caso contrário, a própria noção de causalidade não sobrevive (e, mesmo, a de verdade). Nesse sentido, Descartes necessita negociar com o fato de que, em geral, uma causa é eminente (e, portanto, dessemelhante ao efeito), ao passo que a doutrina da causalidade exige que ela seja, no mínimo, formal (semelhante a ele). Essa última exigência permite reintroduzir, de algum modo, a noção de semelhança, mas dificulta a apreensão de determinações cognitivas na direção em que se produz a causalidade (da causa para o efeito), o que conduz Descartes a dar primazia axiomática e metodológica ao efeito.
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