Um tributo a Peter Gow: das crianças Piro às Xikrin do Bacajá
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v25i2.90877Palavras-chave:
Xikrin, Mebengokré, crianças indigenas, Etnologia, Peter GowResumo
Neste artigo, rendo uma homenagem a Peter Gow recuperando o modo como ele traz as crianças para o centro de sua análise. Este é um aspecto inovador de sua obra pouco discutido, muito embora a inovação e criatividade de suas análises tenham sido com frequência referidos. Revisito as obras do autor dando ênfase a como as crianças são centrais em sua análise, propondo então uma comparação com meus próprios dados de campo com as crianças xikrin do Bacajá. Ciente dos riscos da comparação, proponho, no entanto, que, por razões etnograficamente diversas, os Piro e os Xikrin compartilham a centralidade das crianças em seus mundos vividos, tornando essencial que sua importância seja ressaltada na própria análise. Ao fim, indico como o autor foi pioneiro em um campo que veio a ver nascer mas em que não se inseria explicitamente, o da antrropologia da criança e das pesquisas em etnologia com crianças indígenas, sugerindo que sua obra é um modo pivilegiado de pensar sobre a necessidade mesmo de se olhar para a criança nos estudos em etnologia indígena.
Referências
Aldeia Bakajá. (2014). Carta produzida e assinada pelos homens da aldeia Bacajá, Terra Indígena Trincheira-Bacajá, segundo fac-símile. In: Oliveira, João Pacheco; Autora. (Org.). Belo Monte e a Questão Indígena.Brasília: ABA.
Belaunde, L. (2001). Viviendo Bien: Género y Fertilidad entre los Airo-Pai de la Amazonia Peruana. Lima: CAAAP/BCRP.
Belaunde, L. (2005). El recuerdo de Luna: género, sangre y memoria entre los pueblos amazónicos. Lima, Universidad Nacional Mayor de San Marcos.
Beltrame, C. B. (2013). Etnografia de uma escola Xikrin. Dissertação (Mestrado). São Carlos: Universidade Federal de São Carlos.
Cohn, C. (2000a). A criança indígena. A concepção xikrin de infância e aprendizado. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). São Paulo: Universidade de São Paulo.
Cohn, C. (2000b). Noções sociais de infância e desenvolvimento infantil. Cadernos de Campo (USP), São Paulo, v. 9, n.10, p. 13.
Cohn, C. (2000c). Crescendo como um Xikrin: uma análise da infância e do desenvolvimento infantil entre os Kayapó-Xikrin do Bacajá. Revista de Antropologia (São Paulo), Universidade de São Paulo/USP, v. 43, n.2. https://doi.org/10.1590/S0034-77012000000200009
Cohn, C. (2002a). A criança, o aprendizado e a socialização na antropologia. In: Aracy Lopes da Silva; Ana Vera Lopes da Silva Macedo; Ângela Nunes. (Org.). Crianças indígenas: ensaios antropológicos. São Paulo: Global.
Cohn, C. (2002b). A experiência da infância e o aprendizado entre os Xikrin. In: Aracy Lopes da Silva; Ângela Nunes. (Org.). Crianças indígenas: ensaios antropológicos. São Paulo: Global.
Cohn, C. (2004). Os processos próprios de ensino e aprendizagem e a escola indígena. Cadernos de Educação Escolar Indígena, Barra do Bugres (UNEMAT), v. 3, n.1.
Cohn, Cl. (2005a). Antropologia da Criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Cohn, C. (2005b). Relações de Diferença no Brasil Central: os Mebengokré e seus Outros. Tese (Doutorado). São Paulo: Universidade de São Paulo.
Cohn, C. (2006). Discursos políticos e objetificação da cultura nos Mebengokré-Xikrin. In: Anais do 30º Encontro da ANPOCS. http://anpocs.org/index.php/encontros/papers/30-encontro-anual-da-anpocs/gt-26/gt14-18.
Cohn, C. (2010a). A criança, a morte e os mortos: o caso Mebengokré-Xikrin. Horizontes Antropológicos.
Cohn, C. (2010b). Belo Monte e processos de licenciamento ambiental: As percepções e as atuações dos Xikrin e dos seus antropólogos. R@u: Revista de Antropologia Social da UFSCar, v. 2. https://www.rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/34
Cohn, C. (2013). Concepções de infância e infâncias. Um estado da arte da antropologia da criança no Brasil. Civitas: Revista de Ciências Sociais, v. 13.
Cohn, C. (2014a). O fim do mundo como o conhecemos: os Xikrin do Bacajá e a barragem de Belo Monte. In: Oliveira, João Pacheco; Autora. (Org.). Belo Monte e a Questão Indígena. Brasília: ABA.
Cohn, C. (2014b). A cultura nas escolas indígenas. In: Manuela Carneiro da Cunha; Pedro de Niemeyer Cesarino. (Org.). Políticas Culturais e Povos Indígenas. São Paulo: Cultura Acadêmica.
Cohn, C. (2019). Crianças indígenas: introdução ao dossiê, estado da arte e agenda de pesquisas. r@u. Revista de Antropologia da UFSCar, v. 11, n. 1. http://www.rau.ufscar.br/?p=1421
Cohn, C. (2020). Retornando sua coleção de material audiovisual: os dilemas de uma antropóloga. Journal de la Société des Américanistes, v. 106 (2), p. 105-127. https://doi.org/10.4000/jsa.18556
Cohn, C. (2021). O que as crianças indígenas têm a nos ensinar? O encontro da etnologia indígena e da antropologia da criança. Horizontes Antropológicos, v. 27, p. 31-59,Costa, L. (2017). Owners of kinship: asymmetrical relations in indigenous Amazonia. Chicago: HAU Books.
Costa, L. (2013). Alimentação e comensalidade entre os kanamari da amazônia ocidental. Mana 19 (3). https://doi.org/10.1590/S0104-93132013000300003
Demarchi, A. (2019). Artes da cura. Pinturas corporais em alguns grupos Jê. R@u: Revista de Antropologia Social da UFSCar, vol 11, n. 2. https://www.rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/315.
Fausto, C. & Costa, L. (2013). Feeding (and eating): reflections on Strathern’s eating (and feeding). Cambridge Anthropology, v. 31, n. 1.
Fisher, W. (2000). Rain forest exchanges: industrial and community on Amazonian frontier. Washington: Smithsonian Intituition Press.
Giannini, I. V. (1991). A Ave Resgatada: "A Impossibilidade da leveza do Ser". Dissertação (Mestrado), São Paulo: Universidade de São Paulo.
Gordon, C. (2006). Economia selvagem: ritual e mercadoria entre os Xikrin-Mebêngôkre. São Paulo/ Rio de Janeiro: Editora da Unesp/ISA.
Gow, P. (1989). The Perverse Child: Desire in a Native Amazonian Subsistence Economy. Man, New Series, Vol. 24, No. 4. https://doi.org/10.2307/2804288
Gow, P. (1991). Of Mixed Blood: Kinship and History in Peruvian Amazonia. Oxford: Clarendon Press.
Gow, P. (1993). Gringos and Wild Indians Images of History in Western Amazonian Cultures. Homme, 126-128, pp. 327-347. https://www.jstor.org/stable/40589899
Gow, P. (2001). An Amazonian Myth and its History. Oxford: Oxford University Press.
Lea, V. R. (2012). Riquezas Intangíveis de Pessoas Partíveis: Os Mẽbêngôkre (Kayapó) do Brasil Central. São Paulo: Edusp e Fapesp.
Mantovanelli, T. (2016). Os Xikrin do Bacajá e a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Uma crítica indígena à política dos brancos. Tese (Doutorado). São Carlos: Universidade Federal de São Carlos.
McCallum, C. (1999). Aquisição de gênero e habilidades produtivas: o caso Kaxinawá. Revista Estudos Feministas, vol 7, no 1 e 2. Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/11990/11265. Último acesso em 16/04/2023.
McCallum, C. (2001). How Real People Are Made. Gender and Sociality in Amazonia. Oxford: Berg.
McCallum, C. (2009). Becoming a Real Woman: Alterity and the Embodiment of Cashinahua Gendered Identity. Tipiti 7(1):43-66. https://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol7/iss1/2
McCallum, C. (2013). Nota sobre as categorias “gênero” e “sexualidade” e os povos indígenas. Cadernos Pagu 41.
Nunes, A & Lopes da Silva, A. (2002). Introdução. In: LOPES DA SILVA, Aracy, NUNES, Ângela e MACEDO, Ana Vera (orgs.). Crianças indígenas: ensaios antropológicos. São Paulo: Global. 280 pp.
Pires, F. (2008). Pesquisando crianças e infância: abordagens teóricas para o estudo das (e com as) crianças. Cadernos de Campo, vol 17, pp. 133-151.
Regitano, A., & Nahum-Claudel, C. (2021). Perspectivas feministas na Amazônia indígena. Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 30(2). https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v30i2pe193718
Rifiotis, F.; Ribeiro, F. B; Autora & Schuch, P. (2021). A antropologia e as crianças: da consolidação de um campo de estudos aos seus desdobramentos contemporâneos. Horizontes Antropológicos v. 27. http://hdl.handle.net/10183/230799
Toren, C. (1999). Mind, Materiality and History. Explorations in Fijian Ethnography. London/New York, Routledge.
Tseouliko, S. 2018. Entre Céu e Terra: socioespacialidade dos Mebengôkré-Xikrin – Terra Indígena Trincheira Bacajá (T.I.T.B) (Pará, Brasil). Tese (Doutorado). São Carlos/Brasil-Paris/França. EHESS/UFSCar.
Vidal, L. (1976). “As categorias de idade como sistema de classificação e controle demográfico de grupos entre os Xikrin do Cateté e de como são manipulados em diferentes contextos, in Actes du XLIIe Congrès international des américanistes. Societé des Américanistes, Paris.
Vidal, L. (1977). Morte e Vida de uma Sociedade Indígena Brasileira. Sâo Paulo: Hucitec.
Vidal, L. (1983). A morte entre os índios Kayapó. in José de Souza Martins (org.), A morte e os mortos na sociedade brasileira. São Paulo: Hucitec.
Vidal, L. (1992). “A pintura corporal e a arte gráfica entre os Kayapó-Xikrin do Cateté. in Lux Vidal (org.), Grafismo indígena, São Paulo: Studio Nobel/EDUSP.

Downloads
Publicado
Versões
- 2025-02-07 (2)
- 2025-01-31 (1)
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1 Autores mantém os direitos autorais com o trabalho publicado sob a Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0) que permite:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Não Comercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
2 Autores têm autorização para distribuição, da versão do trabalho publicada nesta revista, em repositório institucional, temático, bases de dados e similares com reconhecimento da publicação inicial nesta revista;
3 Os trabalhos publicados nesta revista serão indexados em bases de dados, repositórios, portais, diretórios e outras fontes em que a revista está e vier a estar indexada.