Reescrevendo masculinidades com a publicação Arlindo: solidariedade e produção de si enquanto possibilidades e a recusa à violência
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v24i2.88094Palavras-chave:
Masculinidades, Pedagogias culturais, Reconhecimento, Literatura infanto-juvenil.Resumo
Buscamos no presente artigo, a partir da publicação Arlindo, de Luiza de Souza, problematizar o movimento de nomeação e fabricação, ao mesmo tempo, de enunciados pelos discursos (re)produzidos acerca das possibilidades da adolescência gay. Ainda que seja um menino semelhante a tantos outros da cidade potiguar, Arlindo se esforça para ser acolhido na escola e até mesmo em casa. Ao nos debruçarmos sobre a história do adolescente, notamos o quanto as pedagogias culturais, em meio as tecnologias, vão sendo atualizadas, disputando e negociando o cenário cultural e, portanto, o da construção de sujeitos, das masculinidades e táticas possíveis de reconhecimento. Nessa direção, este trabalho alia-se a perspectiva pós-estruturais dos Estudos Culturais e dos estudos foucaultianos exatamente por compreendermos que seus aportes nos ajudam a interrogar os artefatos culturais presentes nas ferramentas midiáticas e esses, por sua vez, são promissores objetos de investigação que instituem discursos e incidem nos sujeitos disputando subjetividades e influenciando suas posições no mundo.
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