Homens em situação de rua: entre a marquise e a emergência de um hospital de trauma.
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v24i2.87806Palavras-chave:
masculinidades, hospital, situação de rua, violênciasResumo
A pesquisa etnográfica possibilitou perceber o hospital de trauma como parte das territorialidades que compõem o cotidiano de homens em situação de rua. Acompanhar os fluxos de atenção nas práticas de profissionais da saúde e da segurança pública aos homens feridos por conflitos violentos revelou a indissociabilidade entre o dentro e fora da instituição, os itinerários de exclusão e acolhimento. A perspectiva epistemológica adotada é sobretudo pós-estruturalista, feminista e decolonial. Para homens negros, pobres e jovens a dor é percebida pelo hospital como sinal de periculosidade e suas performances e itinerários em saúde tidos como suspeitos. Dispositivos de segurança são acionados mas resistem algumas operações de cuidado humanizado que escapam à sujeição criminal de masculinidades valoradas comumente pelos profissionais como “Tigre”: aquele que parece bandido, mas nem sempre é.
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