Aplicativos de relacionamento como artefatos culturais tecnológicos: masculinidades, currículo e pedagogia em tempos de capitalismo afetivo
DOI:
https://doi.org/10.5380/cra.v24i2.87790Palavras-chave:
Aplicativos de relacionamento, masculinidades, currículo, pedagogia cultural, capitalismo afetivoResumo
Neste artigo analisamos as experiências de homens que usam aplicativos de encontros afetivo-sexuais, especialmente aqueles voltados para o público gay, levando em consideração o currículo e a pedagogia cultural que está presente nessa produção generificada de si e de outros usuários desses artefatos culturais tecnológicos. Entendemos que esses artefatos tecnológicos instituem pedagogias culturais e afetivas pautadas em modelos disseminados não só pela indústria cultural em uma era digital, mas também por uma nova versão plataformizada do capitalismo. Foram analisadas duas entrevistas realizadas com usuários do Grindr, um aplicativo de encontros afetivo-sexuais. Os dados obtidos nos ajudaram a pensar a relação entre a produção atual das masculinidades e o contexto do capitalismo afetivo. Concluímos que o tipo de pedagogia-curricular emocional que essas plataformas instituem tem, em alguma medida, transformado a paquera em um cálculo didático-pedagógico hiper-racional e bastante solitário, culminando em diversas formas de apagamento das diferenças.
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