Open Journal Systems

O mundo dos projetos socioambientais visto pelas mulheres indígenas. Para repensar o ecofeminismo com o caso dos Mẽbêngôkre -Xikrtin da Terra Indígena Trincheira Bacajá (TITB, Pará, Brasil).

Stéphanie Tselouiko

Resumo


Partindo do caso dos Xikrin da Terra Indigena Trincheira Bacajá no contexto atual, o objetivo deste artigo é o de pensar transversalmente as teorias feministas e ecofeministas em contraponto com as teorias antropológicas recentes através do tema “ecologia” e mais especificamente o tema dos projetos socioambientais. Interessa-nos refletir sobre como as mulheres Xikrin e suas participações em projetos socioambientais poderiam desconstruir a dicotomia natureza versus cultura segundo a concepção ocidental, mas, também, como permitiriam repensar as relações de gênero, a partir de uma análise socioespacial das atividades produtivas nas suas dimensões econômica, política e ontológica. Em outras palavras, trata-se de perguntar se o caso Mẽbêngôkre pode ser explicado com as teorias feministas e ecofeministas ou não, em que medidas estas teorias ajudam em entender (ou não) o processo de mobilização das mulheres.


Palavras-chave


Xikrin; Feminismo; projetos socioambientais; socioespacialidade; relação de gênero

Texto completo:

PDF

Referências


BAMBERGER, Joan. 1967. Environment and Cultural Classification : A Study of the Northern Kayapo. Ph.D. Dissertation. Cambridge, MA: Harvard University.

BELTRAME, Camila. 2013a. Etnografia de uma escola Xikrin. Dissertação de maestrado. São Carlos, UFSCar, SP.

CALAVIA SÁEZ, Oscar. 2004. “Mapas Carnales : El territorio y la sociedad Yaminawa”. In : A. Surrallés & P. Garcia Hierro (Orgs.). Tierra adentro. Territorio indígena y percepción del entorno.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. 1978. Os mortos e os Outros. Uma análise do Sistema funerário e da noção de pessoa entre os índios Krahó. Edition Hucitec, São Paulo.

LARRÈRE Catherine. 2012. “L’écoféminisme : féminisme écologique ou écologie féministe”. Tracés 22 (1): 105-121..

CHAUMEIL, jean-Pierre e Bonnie. “El tío y el sobrino. El parentesco entre los seres vivos según los Yagua”. In : A. Surrallés & P. Garcia Hierro (Orgs.). Tierra adentro. Territorio indígena y percepción del entorno.

COELHO DE SOUZA, Marcela. 2002. O traço e o círculo o conceito de parentesco entre os jê e seus antropólogos. Dissertação de doutorado. Rio de Janeir, Museu Nacional et UFRJ.

COHN, Clarice. 2000. A criança indigena : a concepçao Xikrin de infância e aprendizado. 2000. Dissertaçao de maestrado. São Paulo, Universidade de São Paulo.

COHN, Clarice. 2005. Relações de diferença no Brasil Central: os Mebengokré e seus outros. 2005. Dissertação de doutorado. São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo.

COHN, Clarice. 2010. “Belo Monte e os processos de licenciamento ambiental: as percepções e as atuações dos Xikrin e dos seus antropólogos”. Revista de Antropologia Social dos Alunos do PPGAS-UFSCar, 2: 224-251. https://doi.org/10.52426/rau.v2i2.34

D’EAUBONNE, Françoise. 1974. Le Féminisme ou la Mort. Paris: Horay.

DAGENAIS, Huguette. 1987. “Méthodologie féministe et anthropologie : une alliance possible”. Anthropologie et Sociétés, 11(1): 19-44.

DESCOLA, Philippe. 2005. Par-delà nature et culture. Paris : Gallimard.

DIFRUSCIA Kim Turcot. 2010. “Femmes. Féminismes. Anthropologies. Présentation du numéro”. Altérités 7(1): 1-8.

DUMONT, Louis. 1966. Homo hierarchicus: le système des castes et ses implications. Paris: Gallimard.

EWART, Elizabeth. 2005. “Fazendo pessoas e fazendo roças entre os Panará do Brasil Central”. Revista de antropologia 48(1): 9-35. https://doi.org/10.1590/S0034-77012005000100001

FAUSTO, Carlos. 2008. “Donos demais : Maestria e Domínio na Amazônia”. Mana 14(2) : 329-366. https://doi.org/10.1590/S0104-93132008000200003

FISHER, William. 1991. Dualism and its discontent: social process and village fissioning among the Xikrin-Kayapó of central Brazil. 1991. Ph.D. Dissertation. Cornell University.

FISHER, William. 2000. Rain forest exchanges. Industry and community on an Amazonian frontier. Washington and London : Smithsonian Institution Press.

FISHER, William. 2003. “Name rituals and acts of feeling among the kayapo (Mebengokre)”. The Journal of the Royal Anthropological Institut 9(1): 117-135. https://doi.org/10.1111/1467-9655.t01-2-00007

FLOWERS, Nancy. 1983. “Seasonal Factors in subsistence, Nutrition, and child growth in a Central Brazilian Indian community”. In: R. B. Hames (Org.). Adaptative response of native amazonians, Academic Press. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-321250-4.50016-6

FLOWERS, Nancy, GROSS, Daniel, RITTER, Madeline e WERNER, Dennis. 1982. “Variation in Swidden Practices in Four Central Brazilian Indian Societies”. Human Ecology 10(2): 203-217. https://doi.org/10.1007/BF01531241

GARRRD, Greta e Gruen Lori. 2003. “Ecofeminism : toward global justice and planetary health”. Environmental Ethics. An Anthology, A. Light e H. Rolston III (Orgs.). Oxford, Blackwell.

GIANNINI, Isabelle. 1991a. A ave resgatada : A impossibilidade da leveza do ser. Dissertação de maestrado. São Paulo, Universidade sde São Paulo..

HABER, Stéphane. 2006. Critique de l’antinaturalisme. Études sur Foucault, Butler, Habermas. Paris, Puf

HECHT, Susanna e POSEY, Darell. 1989. “Preliminary results on soil management techniques of the Kayapó Indians”. In. D. Posey &. W. Balée (Orgs.). Ressource managment in Amazonia Indigenous and folk strategies. New York Botanical Garden Editor, vol. 7.

INGOLD, Tim. 2007. Lines: a brief history. London: Routledge.

INGOLD, Tim. 2012. “Trazendo as coisas de volta à vida: Emaranhados criativos num mundo de materiais”. Horizontes Antropológicos 37: 25-44. https://doi.org/10.1590/S0104-71832012000100002

LARRÈRE, Catherine. 2015. “La nature a-t-elle un genre ? Variétés d’écoféminisme”. Cahiers du Genre 59(2): 103-125. https://doi.org/10.3917/cdge.059.0103

LEA, Vanessa. 1986. Nomes e Nekrets Kayapó: uma concepção de riqueza. Dissertação de doutorado. Rio de Janeiro, Museu Nacional/UFRJ.

LEA Vanessa. 1992a. “Mebengokre (Kayapó) Onomasties : A facet of houses as total social facts in Central Brazil”. Man 27(1): 129-153. https://doi.org/10.2307/2803598

LEA Vanessa. 1992b. “Casas e casas mebengokre (Jê)”. In: E. Viveiros de Castro & M. Carneiro da Cunha (Orgs.) Amazônia, etnologia e história indígena.

LEA Vanessa. 1994. “Gênero feminino Mebengokre (Kayapó) : desvelando representações desgastadas”. Cadernos Pagu 3 : 85-115.

LEA, Vanessa. 2007a. “La muerte entre los Mebengokre del Brasil central”. In D. Rodríguez & L. Herrera (Orgs.) Imagen de la muerte. Segundo Congreso Latinoamericano de Ciencias Sociales y Humanidades. Lima: Universidade Nacional de San Marcos / Editorial Línea Andina.

LEA, Vanessa. 2007b. “Uma aula de choro cerimonial Mẽbêngôkre”. In : A. Dall’igna Rodrigues & A.S. Arruda Camara Cabral (Orgs.) Línguas e Culturas Macro- Jê. UnB, Brasilia.

LEA, Vanessa. 2010. “Parentesco enquanto uma elaboraçao socio-cultural da percepçao do dimorfismo sexual humano”. In: R.de S. Amado (Org.) Estudos em línguas e culturas Macro-Jê.

LEA, Vanessa. 2012. Riquezas intangíveis de pessoas partíveis. Os Mebengokre (Kayapó) do Brasil Central. São Paulo: Edusp.

MAIZZA, Fabiana. 2017. “De Mulheres e Outras Ficções: contrapontos em antropologia e feminismo”. ILHA 19(1): 103-135. https://doi.org/10.5007/2175-8034.2017v19n1p103

MARIS, Virginie. 2009. “Quelques pistes pour un dialogue fécond entre féminisme et écologie”. Multitudes 36(1): 178-184. https://doi.org/10.3917/mult.036.0178

MAYBURY-LEWIS, David. (Org.) 1979. Dialectical Societies : the Gê and Bororo of Central Brazil. Cambridge, Harvard University Press. https://doi.org/10.4159/harvard.9780674180727

MAYBURY-LEWIS, David. 1960. “The analysis of dual organizations : a methodological critique”. Bijdragen tot de Taal-, Land- en Volkenkunde 116(1): 17-44. https://doi.org/10.1163/22134379-90002222

MERCHANT, Carolyn. 1996. Earthcare, Women and the Environment. New York: Routledge.

MERCHANT, Carolyn. 2004. Reinventing Eden. The Fate of Nature in Western Culture. London: Routledge.

MORIM DE LIMA, Ana Gabriela. 2016. “Broutou batata para mim”. Cultivo, gênero e ritual entre os Krahô (TO). Dissertação de doutorado. Rio de Janeiro, Museu nacional/UFRJ.

ORTNER, Sherry. 1974. “Is female to male as nature is to culture?” ". In: M. Zimbalist Rosaldo & L. Lamphere (orgs.). Woman, Culture, and Society. California : Stanford University Press.

PLUMWOOD, Val. 1998 [1991]. “Nature, self, and gender : feminism, environmental philosophy, and the critique of rationalism”. In: M. Zimmerman (Org.). Environmental Philosophy. From Animal Rights to Radical Ecology, New Jersey, Prentice Hall.

POSEY, Darrell. 2002. Kayapó ethnoecology and culture. New York : Routledge Harwood Anthropology. https://doi.org/10.4324/9780203220191

RIVAL, Laura. 2004. “El crecimiento de las familias y de los árboles: la percepción del bosque de los Huaorani”. In : A. Surrallés & P. Garcia Hierro (Orgs.). Tierra adentro. Territorio indígena y percepción del entorno.

ROBERT, Pascale ; LOPEZ GARCES, Claudia ; LAQUES, Anne-Elisabeth, COELHO FERREIRA, Márlia. 2012. “A beleza das roças : agrobiodiversidade Mebêngôkre- Kayapó em tempos de globalização”. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum. 7(2): 339-369. https://doi.org/10.1590/S1981-81222012000200004

SEEGER, Anthony. 1981. Nature and Society in Central Brazil. The Suya Indians of Mato Grosso. Ph.D. Dissertation. Cambridge, MA: Harvard University. https://doi.org/10.4159/harvard.9780674433038

SEEGER, ANTHONY. 1989. “Dualism : Fuzzy Thinking or Fuzzy Sets ?” In : D. Maybury Lewis & U. Almagor (Orgs.). The Attraction of Opposites Thought and Society in the Dualistic Mode, Ann Arbor : The University of Michigan Press.

SMITH, Dorothy. 1986. “Institutional Ethnography: A Feminist Method.” Resources for Feminist Research 15: 6-13.

STRATHER, Marilyn. 1987. “L’étude des rapports sociaux de sexe : évolution personnelle et évolution des théories anthropologiques”. Anthropologie et Sociétés, 11(1): 9-18. https://doi.org/10.7202/006384ar

STRATHERN, Marilyn. 1988. The Gender of the Gift. Los Angeles: University of California Press.

SURRALLÉS, Alexandre. 2004. Horizontes de intimidad. Persona, percepción y espacio en los Candoshi In : A. Surrallés & P. Garcia Hierro (Orgs.). Tierra adentro. Territorio indígena y percepción del entorno.

TSELOUIKO, Stéphanie. 2018. Entre ciel et terre : socio-spatialité des Mebengôkré-Xikrin. Terre Indigène Trincheira Bacajá (T.I.T.B) (Pará, Brésil). Dissertation de thèse. Paris/São Carlos : EHESS/UFSCar.

TURNER, Terence. 1979a “The Gê and Bororo societies as dialectical systems: a general model”. In : D. Maybury Lewis (Org.). Dialectical Societies: the Gê and Bororo of Central Brazil. Cambridge: Harvard University Press.

TURNER, Terence. 1979b. “Kinship, household, and community structure among the Kayapó”. In : Maybury Lewis (Org.). Dialectical Societies: the Gê and Bororo of Central Brazil. Cambridge: Harvard University Press.

VIDAL, Lux. 1977. Morte e Vida de uma Sociedade Indígena Brasileira : os Kayapó- Xikrin do rio Cateté. São Paulo: Hucitec/Edusp.

VIVEIROS de CASTRO, Eduardo B.; FAUSTO, Carlos. 1993. “La Puissance et l'acte. La parenté dans les basses terres d'Amérique du Sud”. L'Homme, 33(126-128): 141-170. https://doi.org/10.3406/hom.1993.369634

WARREN Karen. 1998 [1990]. “The power and the promise of ecological feminism”. In: M. Zimmerman (Org.). Environmental Philosophy. From Animal Rights to Radical Ecology, New Jersey, Prentice Hall.

ZAZZO, René. 1979. L’attachement. Paris : Delachaux et Niestlé.

ZIMBALIST ROSALDO, Michelle e Lamphere Louise. 1974. “Introduction”. In: M. Zimbalist Rosaldo & L. Lamphere (Orgs.). Woman, Culture, and Society. California : Stanford University Press).




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/cra.v19i1.61208

Apontamentos

  • Não há apontamentos.