A luta de Trombas e Formoso: uma ruptura narrativa no contexto da ditadura militar

Autores

  • Maiara Dourado Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.5380/campos.v15i2.41207

Palavras-chave:

memórias, narrativas, resistência, camponeses, Trombas e Formoso.

Resumo

O movimento político de Trombas e Formoso configura a resistência armada de camponeses do norte de Goiás, em meados da década de 1950, que rebelaram-se contra o processo de expropriação de terras liderada por um grupo de grileiros e fortalecidos pelo governo do Estado. A luta, reconhecida como Revolta de Trombas e Formoso, apresenta-se como um dos importantes conflitos camponeses do país, por seu protagonismo e organização política e social, visando à conquista do título das terras mediante embate com grileiros e o Estado. Em decorrência do golpe militar ocorrido no Brasil, em 1964, o movimento foi desmantelado, vários líderes e participantes da luta perseguidos e mortos e suas terras abandonadas no processo de repressão e abafamento, próprio do regime ditatorial. Dito isso, pretendo apresentar, neste trabalho, os reflexos e consequências do golpe militar, sob a produção de narrativas e memórias sobre a luta dos camponeses de Trombas e Formoso.

Biografia do Autor

Maiara Dourado, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás

Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás (2014), graduada em Comunicação Social habilitação em Jornalismo pela mesma instituição (2009). Desenvolve pesquisa no campo da Antropologia com ênfase em memórias, narrativas, políticas de memória e memória política. Atua ainda na área da Comunicação, principalmente nos seguintes temas: comunicação comunitária, cinema documentário, produção audiovisual, movimentos socias e novas tecnologias. 

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Publicado

2014-12-30

Como Citar

Dourado, M. (2014). A luta de Trombas e Formoso: uma ruptura narrativa no contexto da ditadura militar. Campos - Revista De Antropologia, 15(2), 99–120. https://doi.org/10.5380/campos.v15i2.41207

Edição

Seção

Artigos