Cultura e Reversibilidade: breve reflexão sobre a abordagem “inventiva” de Roy Wagner

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/cam.v8i2.11170

Palavras-chave:

cultura, invenção, antropologia reversa, conhecimento antropológico

Resumo

Em meados da década de 1970, Roy Wagner, no seu livro The Invention of Culture, toma a antropologia como disciplina que inventa a cultura a partir da cultura. Alicerçado na sua experiência de campo com os Daribi, da Nova Guiné, o autor apresenta a noção de cultura como atividade criativa, na qual somos todos agentes inventivos. Nesta perspectiva, antropólogo e “nativo” realizam operações similares e, por conseguinte, o estudo da cultura consistiria na cultura do antropólogo. É ainda nesta obra que Wagner cunha o termo “antropologia reversa”, para pôr em questão a posição privilegiada do etnógrafo no que diz respeito à elaboração de uma “análise antropológica”. Diante do exposto, este artigo busca refletir sobre algumas implicações da adoção de tal perspectiva em antropologia, conectando-a a alguns debates contemporâneos da disciplina, principalmente sobre eixos como a dicotomia “nós/eles” e sobre o estatuto da etnografia.

Referências

BURRIDGE, Kenelm. 1970. Mambu: A Study of Melanesian Cargo Movements and Their Ideological Background. New York: Harper & Row.

ENGLUND, Harri & James LEACH. 2000. “Ethnography and the Meta-Narratives of Modernity”. Current Anthropology 41: 225–248. https://doi.org/10.1086/300126

FAVRET-SAADA, Jeanne. 1990. “Être Affecté”. Gradhiva 8: 3-9.

GEERTZ, Clifford. 1989. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC.

GOLDMAN, Marcio. 1999. “O que Fazer com Selvagens, Bárbaros e Civilizados?” In Alguma Antropologia. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

HERZFELD, Michael. 1997. Cultural Intimacy: Social Poetics in the Nation-State. New York: Routledge.

LATOUR, Bruno. 1988. The Pasteurization of France. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press.

LATOUR, Bruno. 1994. Jamais Fomos Modernos. São Paulo: Ed. 34.

LATOUR, Bruno. 2005. Reassembling the Social: An Introduction to Actor-Network-Theory. Oxford/New York: Oxford University Press.

LAWRENCE, Peter. 1964. Road Belong Cargo: A Study of the Cargo Movement in the Southern Madang District, New Guinea. Manchester: Manchester University Press.

MALINOWSKI, Bronislaw. 1978. Os Argonautas do Pacífico Ocidental: Um Relato do Empreendimento e da Aventura dos Nativos nos Arquipélagos da Nova Guiné Melanésia. São Paulo: Abril Cultural (Coleção Os Pensadores).

STRATHERN, Marilyn. 1987. “The Limits of Auto-Anthropology”. In A. Jackson (ed.) Anthropology at Home. London: Tavistock Publications.

STRATHERN, Marilyn. 1988. The Gender of the Gift: Problems with Women and Problems with Society in Melanesia. University of California Press.

STRATHERN, Marilyn. 1999. Property Substance and Effect: Anthropological Essays on Persons and Things. London: Athlone Press.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2002. “O Nativo Relativo”. Mana 8(1): 113-148. https://doi.org/10.1590/S0104-93132002000100005

WAGNER, Roy. 1981. The Invention of Culture. Chicago: The University of Chicago Press.

WAGNER, Roy. 1991. “The Fractal Person”. In Maurice Godelier & Marilyn Strathern (eds.) Big Men and Great Men: Personification of Power in Melanesia. Cambridge: Cambridge University Press.

WRIGHT, Susan. 1998. “The Politicization of ‘Culture’”. Journal of the Royal Anthropological Institute 14(1): 7-15. https://doi.org/10.2307/2783092

Downloads

Como Citar

Benites, L. F. R. (2007). Cultura e Reversibilidade: breve reflexão sobre a abordagem “inventiva” de Roy Wagner. Campos - Revista De Antropologia, 8(2), 117–130. https://doi.org/10.5380/cam.v8i2.11170

Edição

Seção

Artigos