Dossiê Palestinos no Brasil: etnografias das experiências de pessoas palestinas em deslocamento

Dossiê: Palestinos no Brasil: etnografias das experiências de pessoas palestinas em deslocamento

 

A imigração árabe para o Brasil ocorreu em dois principais momentos. O primeiro foi nas duas últimas décadas do século XIX e começo do século XX, quando os então denominados imigrantes, principalmente sírio-libaneses majoritariamente cristãos saem de seus países fugindo de conflitos políticos e econômicos, no período otomano. Em conformidade com esta primeira onda cristã, palestinos cristãos chegarão ao Nordeste, desembarcando na cidade de Recife, no início do século XX. O segundo momento dessa imigração dá-se com a chegada das populações árabes muçulmanas ao Brasil em meados do século XX principalmente devido aos efeitos da ocupação colonial militar sionista das terras palestinas e consequente criação do Estado de Israel no final dos anos 1940, que deu início a um dos maiores processos de desterro da história moderna. Teremos ainda três momentos migratórios importantes de pessoas palestinas para o Brasil e outros países latino-americanos: o primeiro devido a Guerra de 1967 e o contínuo fluxo para o Brasil, o segundo com a implementação do programa de reassentamento de refugiados palestinos do Iraque em 2007 e, no bojo da Guerra da Síria, com a chegada de palestinos de vários campos de refugiados do país, a partir de 2014.

Atualmente, os palestinos encontram-se espalhados pelo país. Antigos e novos migrantes estabeleceram-se formando comunidade, categoria que ganhou força tanto entre imigrantes e refugiados, quanto entre pesquisadores. Enquanto um agrupamento de pessoas que têm em comum aspectos étnicos, religiosos, linguísticos, culturais, políticos – entre outros –, as comunidades se tornarão o centro de sua existência, no meio das quais construirão suas famílias, suas ocupações, suas redes.

O dossiê Palestinos no Brasil: etnografias das experiências de pessoas palestinas em deslocamento pretende compreender, à luz de etnografias, a conformação das comunidades palestinas no Brasil, de norte a sul, leste a oeste do país, tal como as distintas experiências locais, nomeações e processos de coletivização. A proposta desse dossiê é reunir pesquisadoras(es), antropólogas(os) e historiadoras(es), que têm trabalhado com o estudo de comunidades palestinas no Brasil.

 

Organização: Bárbara Caramuru Teles (UFSC) e Helena Manfrinato (USP)

Recepção de manuscritos até 30/06/2023

Publicação: edição 25(2) 2024