Mineração do ouro no período colonial: alterações paisagísticas antrópicas na serra de Ouro Preto, Minas Gerais
DOI:
https://doi.org/10.5380/abequa.v5i1.34432Keywords:
Erosão tecnogênica, Mineração no século XVIII, Ouro PretoAbstract
A descoberta do ouro nas cabeceiras da bacia do ribeirão do Carmo em fins do século XVII provocou um processo migratório na província de Minas Gerais e o surgimento de vários povoados, que originaram posteriormente as vilas que hoje são as cidades de Ouro Preto e Mariana. As atividades de mineração ocorreram tanto no leito dos cursos de água como nas vertentes da serra de Ouro Preto e no interior dos maciços, neste caso por trabalhos subterrâneos. Entre os processos utilizados, o desmonte manual ou hidráulico dos depósitos de vertentes e do substrato mais friável foi o procedimento que deixou os vestígios mais marcantes das atividades mineiras, representados por grandes áreas escavadas e totalmente modificadas em relação à sua morfologia e estabilidade originais. Os principais sítios destas atividades, pela extensão e volume de material mobilizado, estão nas vertentes da serra nos atuais limites a norte da área urbana de Ouro Preto, já parcialmente ocupada pela malha urbana, e nas encostas e topos a montante da área urbana do distrito de Passagem de Mariana (Mariana), cobrindo uma área total de cerca de 300 hectares. Estas áreas foram delimitadas e caracterizadas como áreas de erosão tecnogênica, sendo possível em alguns locais a reconstituição da paisagem original a partir de testemunhos topográficos e a estimativa do volume de material retirado. Porém, os depósitos correlatos a estes processos erosivos foram destruídos pela dragagem do ribeirão na década de 1980 por companhia de mineração. Esta paisagem modificada tem importância histórica e cultural para as cidades e a região, e deve ser integrada ao seu patrimônio geomineiro como testemunho da capacidade de alteração do meio físico pela ação antrópica, mesmo com técnicas primitivas.
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