Open Journal Systems

GEOGRAFIA DA MORTALIDADE INFANTIL NO CONTEXTO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS, BRASIL

Rivaldo Mauro Faria

Resumo


A taxa de mortalidade infantil (TMI) é um dos indicadores de saúde mais sensíveis às desigualdades sociais e as disparidades regionais. Por isso, contrariando-se os reconhecidos avanços na redução da mortalidade infantil no Brasil, ainda são encontradas TMIs elevadas e bem acima das metas estabelecidas nos programas de vigilância e controle. É o caso da meta estabelecida pelo Brasil no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Embora essa meta tenha sido antecipadamente alcançada e celebrada, realidades locais mais carenciadas estão muito distantes de atendê-la. Esse é o contexto motivador para a realização deste trabalho, cujo objetivo, expresso de forma sintética, é analisar as variações espaciais das TMIs, ao nível das microrregiões do estado de Minas Gerais, Brasil, nos períodos de 2003-2007 e 2008-2012. A fim de propor algumas razões de contexto regional capazes de explicar as variações espaciais nas TMIs, levantamos indicadores relacionados com o sistema de atenção (oferta e uso dos serviços de atenção primária) e com as desigualdades socioespaciais (expressas através de um indicador composto de privação social). Os dados foram coletados em fontes secundárias oficiais, modelados e inseridos em Sistema de Informação Geográfica. Os resultados indicaram a redução das TMIs em quase todas as microrregiões de Minas Gerais. Mas ainda persistem enormes desigualdades regionais, com taxas ainda muito elevadas nas microrregiões mais carenciadas.


Palavras-chave


Geografia da Saúde, taxa de mortalidade infantil, privação social e desigualdades regionais.

Texto completo:

ARTIGO AUTORIZAÇÃO

Referências


AQUINO, R.; OLIVEIRA, N.F.; BARRETO,M.Impact of the Family Health Program on Infant Mortality in Brazilian Municipalities. American Journal Public Health, Birmingham, v. 99,p. 87–93, 2009.

BEZERRA FILHO, J.G.; KERR, L.R.F.S.; MINÁ, D.L.; BARRETO, M.L. Distribuição espacial da taxa de mortalidade infantil e principais determinantes no Ceará, Brasil, no período 2000-2002.Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro,v. 23, n. 5, p. 1173-1185, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.BRASIL. Ministério da Saúde. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada -manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

CALDWELL, J.; MCDONALD, P. Influence of maternal education on infant and child mortality: Levels and causes. Health Policy and Education, Amsterdam, v. 2, n. 3-4, p. 251–267, 1982.

CAMPOS, T. P.; CARVALHO, M. S.; BARCELLOS, C. Mortalidade infantil no Rio de Janeiro, Brasil: áreas de risco e trajetória dos pacientes até os serviços de saúde. Washington, Revista Panamericana de la Salud Pública, Washington, v. 8, n. 3, p. 164-171, 2000.

CARSTAIRS, V; MORRIS, R. Deprivation and health in Scotland. Health Bulletin (Health Bull), v. 48, n. 4, p. 162-175, 1991.CLELAND, J.; GINNEKEN, J. Maternal education and child survival in developing countries: The search for pathways of influence. Social Science & Medicine, Oxford, v. 27, n. 12, p. 1357-1368, 1988.

CUNHA E SILVA, D.C.; LOURENÇO, R.W.; CORDEIRO, R.C.; CORDEIRO, M.R.D. Análise da relação entre a distribuição espacial das morbidades por obesidade e hipertensão arterial para o estado de São Paulo, Brasil, de 2000 a 2010. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 6, p. 1709-1719, 2014.

EBENER, S.; MORAN, A.C.; JOHNSON, F.A.; FOGSTARD, H.; STENBERG, K.; TATEM, A.J.; NEAL, S.; BAILEY, P.; PORTER, R.; MATTHEWS, Z. The geography of maternal and newborn health: the state of the art. International Journal Health Geography, v. 14, n. 19, 2015. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles. Acessado em: 10 de agosto de 2015.

FARIA, R.M. Geografia da mortalidade materna e infantil no contexto das desigualdades regionais no Brasil. 19º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional. Placed-Based Policies and Economic Recovery; 2013 jun 20-21; Universidade do Minho. Braga: APDR; 2013. p. 725-737.

FRANKENBERG, E. The effects of access to health care on infant mortality in Indonesia. Health Transition Review, Canberra (Australian), v. 5, 1995.

GOLDANI, M.Z.; BARBIERI, M.A; BETTIOL, H.; BARBIERI, M.R; TOMKINS, A. Infant mortality rates according to socioeconomic status in a Brazilian city. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 256-261, 2001.

GRADY, S. C.; ENANDER, H. Geographic analysis of low birthweight and infant mortality in Michigan using automated zoning methodology. International Journal Health Geography, v. 8, n. 10, p. 1-18, 2009.

GUIMARÃES, Raul. Saúde: fundamentos de Geografia Humana. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2015.

IPEA. Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: Relatório Nacional de Acompanhamento. Brasília: IPEA, 2014

MACINKO, J.; GUANAIS, F.; SOUZA, M.F.M. Evaluation of the impact of the Family Health Program on infant mortality in Brazil, 1990–2002. Journal Epidemiol and Community Health, London, v. 60, n.1, p. 13-19, 2006.

MOTA, A. A. CARTOGRAFIA DO SUICÍDIO NO BRASIL NO PERÍODO1979?2011. Hygeia: Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, Uberlândia, v. 11, p. 85-98, 2015.

NORMAN, P.; GREGORY, I.; DORLING, D.; BAKER, A. Geographical trends in infant mortality: England and Wales, 1970–2006. Health Statistic Quarterly, United Kingdom, v. 40, p. 18-29, 2008.

PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório do Desenvolvimento Humano 2014(Tradução: Camões -Instituto da Cooperação e da Língua). New York: PNUD, 2014.

RASELLA, D.; AQUINO, R.; SANTOS, C.T.; PAES-SOUZA, R.; BARRETO,M. et al. Effect of a conditional cash transfer programme on childhood mortality: a nationwide analysis of Brazilian municipalities. The Lancet, London, v. 382, n. 9886, p. 57-64, 2013.

SHIMAKURA, S. E.; CARVALHO, M.S.; AERTS, D.R.G.; FLORES, R. Distribuição espacial do risco: modelagem da mortalidade infantil em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Rio de Janeiro, Cadernos de Saúde Pública, v. 17, n. 5, p. 1251-1261, 2001.

SZWARCWALD, C.L.; ANDRADE, C.L.T.; BASTOS, F.I. Income inequality, residential poverty clustering and infant mortality: a study in Rio de Janeiro, Brazil. Social Science & Medicine, Oxford, v. 55, n 12, p. 2083–2092, 2002.

VICTORA, C.G.; BARRETO, M.; LEAL, M.; MONTEIRO, C.A; SCHIMIT, M.I; PAIN, J. Condições de saúde e inovações nas políticas de saúde no Brasil: o caminho a percorrer. The Lancet, London, v. 377, n. 9782, p. 90-202, 2011.

WALDMANN, R.J. Income Distribution and Infant Mortality. The Quarterly Journal of Economics, Oxford, v. 107, n. 4, p. 1283-1302, 1992.

WERNECK, G.L.; STRUCHINER, C.J. Estudos de agregados de doença no espaço-tempo: conceitos, técnicas e desafios. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.13, n. 4, p. 611-624,1997.

WHO. World Health Organization. Health and the Millennium Development Goals. Geneva: WHO, 2005.

WHO. World Health Organization. WHO antenatal care randomized trial: manual for the implementation of the new model. Geneva: WHO, 2002.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v36i0.41485