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“Na saúde e na doença”: o mito do Salvador na figura do presidente Tancredo Neves

Uliana Kuczynski

Resumo


A presente pesquisa intenta mostrar a possível “heroificação” de Tancredo de Almeida Neves. Mesmo eleito indiretamente, esse seria o primeiro civil a assumir a presidência após vinte e um anos de regime ditatorial, não fosse uma doença o ter acometido, levando-o a falecer antes da posse, em 21 de abril de 1985 – dia de Tiradentes, o herói nacional. Esse evento de grande comoção no país leva-nos ao período de reabertura democrática, no qual Tancredo é quem representaria o fim da ditadura militar. Nesse ínterim e com base no trabalho de Raoul Girardet pode-se vislumbrar o processo de construção de um mito – o Mito do Salvador. Isso pela trajetória política de Tancredo Neves, que o identifica como um líder carismático, principalmente por encabeçar a campanha do MDB (Movimento Democrático Brasileiro – em resistência aos militares) e pelo momento de fragilidade da política brasileira na transição para o regime aberto, configurando uma relação de reciprocidade nos anseios do líder com os do povo e vice-versa. Para consolidar esse processo de sacralização, tomamos como base as capas da revista Veja, periódico que estampou, durante todo o período em que o presidente estivera enfermo, a “luta” contra a doença. As imagens publicadas, atreladas ao processo histórico investigado a partir deste evento (doença – falecimento) e deste sujeito (o civil que não tomou posse), formam um discurso que culmina na possibilidade, inclusive, de enxergá-lo como um mártir. Conotações do sagrado incutidos no imaginário político serão discutidos para confeccionar, assim, o Mito do Salvador.

Palavras-chave


redemocratização; Tancredo Neves; mito do salvador

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rv.v1i19/20.20543

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