Kant: razão pura, razão humana e a imputabilidade do mal moral

Autores

  • Pedro Costa Rego Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil)

DOI:

https://doi.org/10.5380/sk.v20i3.91345

Palavras-chave:

Liberdade, moralidade, vontade, imputabilidade, escolha.

Resumo

Neste artigo, proponho uma discussão sobre o problema da imputabilidade das decisões imorais no âmbito da filosofia prática de Kant. Em primeiro lugar, defendo que esse problema é consequência de uma ambiguidade na compreensão kantiana da “constituição subjetiva” da vontade humana, dita “impura” e “racionalmente imperfeita”, e da cooperação entre racionalidade e sensibilidade na autoria das suas escolhas. Essa ambiguidade conduz ao dilema hermenêutico insolúvel entre a tese de uma vontade imputável por escolhas operadas pela natureza dos seus impulsos e a de uma razão prática íntegra e não sensificada que escolhe deliberadamente pela desrazão na forma da imoralidade. Em segundo lugar, apresento e contesto a solução popular que vê na imputabilidade do mal moral um pseudoproblema e constrói uma definição da liberdade humana — como poder de escolher a favor ou contra a moralidade — que Kant explicitamente recusa e que não pode aceitar, em função das teses de suas obras fundacionais da moralidade.

Biografia do Autor

Pedro Costa Rego, Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil)

Professor Associado do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), membro do Programa de Pós-Graduação Lógica e Metafísica (PPGLM/UFRJ), pesquisador bolsista do CNPq

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Publicado

2023-07-24

Como Citar

Rego, P. C. (2023). Kant: razão pura, razão humana e a imputabilidade do mal moral. Studia Kantiana, 20(3), 23–38. https://doi.org/10.5380/sk.v20i3.91345

Edição

Seção

Artigos