Open Journal Systems

O imperativo categórico é uma versão astuta do egoísmo e uma forma disfarçada de heteronomia?

Aylton Barbieri Durão

Resumo


Rawls recorda, de forma recorrente, uma crítica de Schopenhauer ao quarto exemplo do imperativo categórico que Kant apresenta na Fundamentação, segundo o qual uma pessoa, em caso de necessidade, formula a máxima de querer ser ajudada, mas rejeita ajudar os demais, por isso, Schopenhauer interpreta que o imperativo categórico é uma forma astuciosamente disfarçada de egoísmo e de heteronomia. Rawls não está interessado em defender o imperativo categórico, mas em mostrar que o construtivismo político, que é diferente do construtivismo moral de Kant, de sua teoria da justiça como equidade, é imune à crítica do egoísmo. Isto demanda retomar, por um lado, a interpretação kantiana da beneficência na qual ele recusa explicitamente o egoísmo, e, por outro, a sua crítica político-social à beneficência do estado paternalista e dos ricos que exige superar a mera beneficência pela adoção de direitos sociais instituídos pelo estado com base na vontade unificada do povo.


Texto completo:

PDF

Referências


BAYNES, K. The normative grounds of social criticism. Kant, Rawls and Habermas. Albany, SUNY, 1992.

COHEN, J. The Importance of Philosophy: Reflections on John Rawls. https://ocw.mit.edu/courses/political-science/17-960-foundations-of-political-science-fall-2004/lecture-notes/rawls2_lecnote.pdf.

COHEN, J. “A More Democratic Liberalism”. Michigan Law Review, vol. 92, no. 6, The Michigan Law Review Association, 1994, pp. 1503–46, https://doi.org/10.2307/1289593.

CARANTI, L. Kant’s Political Legacy: human Rights, peace, progress. /s.l./: University of Wales Press, 2017.

DARWALL, S. “A Defense of the Kantian Interpretation”, Ethics 86 (1976).

FREEMAN, S. (ed). Cambridge Companion to Rawls. Cambridge Mass.: Cambridge University Press, 2003.

GARGARELLA, R. Las teorías de la justicia después de Rawls. Barcelona y Buenos Aires: Paidós, 1999.

HABERMAS, J. Die Einbeziehung des Anderen. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1997.

KANT, I. Grundlegung zur Metaphysik der Sitten. https://korpora.zim.uni-duisburg-essen.de/kant/aa04/1785. p. 385-464.

KANT, I. Die Metaphysik der Sitten. https://korpora.zim.uni-duisburg-essen.de/kant/aa06/1797. p. 203-495.

KUKATHAS, C. & PETTIT, P. Rawls: A Theory of Justice and Its Critics. Cambridge: Polity Press, 1990.

LOSURDO, D. Autocensura e compromesso nel pensiero politico di Kant. Napoli: Bibliopolis, 1983.

POGGE, T. W. John Rawls. Munich: C. H. Beck, 1994.

RAWLS, J. “Kantian Constructivism in Moral Theory.” The Journal of Philosophy, vol. 77, no. 9, 1980, pp. 515–572. JSTOR, www.jstor.org/stable/2025790. Accessed 28 Aug. 2021.

RAWLS, J. Political Liberalism. New York: Columbia University Press, 1995.

RAWLS, J. A Theory of Justice. Cambridge Mass.: Harvard University Press, 2005.

SCHOPENHAUER, A. On the Basis of Morality. trans. E.F.J.Payne, BobbsMerrill, Library of Liberal Arts, 1965, (orig. 1841).

WALKER, M. T. Kant, Schopenhauer and Morality: Recovering the Categorical Imperative. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2012.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/sk.v19i3.90247

Apontamentos

  • Não há apontamentos.