A antropologia póstuma de Kant: o Opus Postumum como uma obra de antropologia
DOI:
https://doi.org/10.5380/sk.v17i3.89965Palavras-chave:
Passagem, Sistema, Filosofia da Natureza, Moral, Antropologia.Resumo
Apesar de Kant ter iniciado sua reflexão com a crítica à metafísica sob os paradigmas da ciência, ele flexionou, nossa visão, seu pensamento, após 1793, em favor de uma antropologia. Defendemos, seguindo esta interpretação, a hipótese de que o Opus Postumum seria uma obra de viés antropológico, em vez de apenas uma passagem da filosofia transcendental à física. A tese da passagem é mais sedutora por dois motivos: primeiro, os escritos sobre esta são mais claros; segundo, Kant realmente tentou cumprir sua promessa de escrever a metafísica da natureza. No entanto, esta passagem, em nossa visão, seria um braço daquilo que Kant no Opus Postumum chama de Mundo (filosofia da natureza), sendo, por conseguinte, Deus (moral) o seu outro braço: ambos sustentados pelo Homem (Antropologia) como finalidade do sistema. Apesar de não ser possível afirmar qualquer fim para a obra de modo endógeno, é, entretanto, viável defender fins possíveis para o Opus Postumum, desde que respaldados pelos escritos dos últimos dez anos de vida de Kant. Com isso, é plausível afirmar que o Opus Postumum seria uma obra que fecharia um sistema de antropologia e responderia a pergunta "o que é o homem?"
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