Da garantia do progresso do gênero humano no Kant tardio
DOI:
https://doi.org/10.5380/sk.v15i3.89227Palavras-chave:
filosofia da história, progresso, paz, natureza, providênciaResumo
A pergunta pelo progresso jurídico-político e moral da humanidade, de acordo com uma ideia de como deveria ser o curso do mundo, se ele fosse adequado a certos fins racionais, é estabelecida por Kant em 1784. Depois foi tratada em diferentes textos, com destaque para 1798. Nestes pensa-se a "aproximação de um estado jurídico-político mais perfeito possível aos homens" enquanto caminho para o aperfeiçoamento moral do gênero humano, sendo que o primeiro é meio-fim para se alcançar o segundo. Tal linearidade, entretanto, não é encontrada quando se pergunta pelo mecanismo propulsor de garantia desse progresso. No primeiro escrito sobre a filosofia da história da fase crítica (1784), as disposições antagônicas "sociabilidade insociável", impostas pela natureza na natureza humana, são apresentadas como a mola propulsora para o desenvolvimento das potencialidades humanas. Todavia, no último texto crítico dedicado a filosofia da história (1798), Kant introduz um aspecto positivo na natureza humana, até então não tratado, a saber, a tendência moral do gênero humano, enquanto a responsável por tal progresso. Neste artigo, apontarei alguns elementos que auxiliam a explicar essa alteração quanto ao mecanismo de garantir o progresso da humanidade no Kant tardio. Defenderei, em suma, que há uma transição de uma filosofia da história pautada numa estrutura heteroimposta (impulsionada pela natureza e providência) para uma autoimposta - um dos motivos, inclusive, para a retomada da pergunta pela possibilidade de uma história a priori em 1798.
Referências
BECK, L. W. Kants Kritik der praktischen Vernunft. Ein Kommentar. München: Fink, 1974.
BELWE, A. Ungesellige Geselligkeit - Kant: Warum die Menschen einander "nicht wohl leiden", aber auch "nicht voneinander lassen" können. Würzburg: Königshausen & Neumann, 2000.
BOROWSKI, L. E.; JACHMANN, R. B.; WASIANSKI, E. A. Ch.. “Wer war Kant? Drei zeitgenössische Biographien von Immanuel Kant”. In: DRESCHER, S. (org.). Stuttgart: Neske Stuttgart, 1974.
BORRIES, K. Kant als Politiker. Zur Staats- und Gesellschaftslehre des Kritizismus. Leipzig: Meiner, 1928.
BRANDT, R. Kritischer Kommentar zu Kants Anthropologie in pragmatischer Hinsicht. Hamburg: Meiner Verlag, 1999.
BUFFON, G.-L. L. C. de. Histoire naturelle générale et particulière. Paris: L’Imprimerie Royale, 1749-1767.
BURG, P. Kant und die Französische Revolution. Berlin: Duncker & Humblot, 1974.
CAVALLAR, G. Pax Kantiana: systematisch-historische Untersuchung des Entwurfs "Zum ewigen Frieden" (1795) von Immanuel Kant. Wien/Köln/Weimar: Böhlau, 1992.
FETSCHER, I. “Immanuel Kant und die Französische Revolution”. In: Kant als politischer Denker. GERRESHEIM, E. (org.). Inter Nationes Bonn-Bad Godesberg, 1974, 27-43.
GERHARDT, V. Immanuel Kants Entwurf "Zum ewigen Frieden": eine Theorie der Politik. Darmstadt: Wissenschaft Buchgesellschaft, 1995.
GUYER, P. Kant on freedom, law, and happiness. New York: Cambridge University Press, 2000.
HECK, J. N. Da razão prática ao Kant tardio. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007.
HERRERO, J. Religião e história em Kant. São Paulo: Loyola, 1991.
HÖFFE; O. (org.). Metaphysische Anfangsgründe der Rechtslehre. Berlin: Akademie Verlag, 1999.
HÖFFE; O. (org.). Zum ewigen Frieden. Berlin: Akademie Verlag, 1995.
KANT, I. Kant's Werke. Preußischen Akademie der Wissenschaft (org.). Berlin: Walter de Gruyter, 1902 ss.
KERSTING, W. Kant über Recht. Regensburg: Mentis, 2004.
KERSTING, W. Wohlgeordnete Freiheit: Immanuel Kants Rechts- und Staatsphilosophie. Berlin/New York: de Gruyter, 1984.
KOSLOWSKI, P. Staat und Gesellschaft bei Kant. Tübingen: Mohr, 1985.
LEBRUN, G. Kant sans kantisme. Francis Wolff (org.). Paris: Fayard, 2009.
LOPARIC, Z. “O problema fundamental da semântica jurídica de Kant”. In: O filósofo e a sua história. SMITH, P. e WRIGLEY, M. B. (orgs.) Campinas: Unicamp/CLE, 2003, 481-524.
LOSURDO, D. Immanuel Kant. Freiheit, Recht und Revolution. Köln: Pahl-Rugenstein, 1987.
MEDICUS, F. Kants Philosophie der Geschichte. Berlin: Reuther u. Reichard, 1902.
NEIMAN, S. Das Böse denken. Eine andere Geschichte der Philosophie. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2004.
PEREZ, D. O. “Os significados da história em Kant”. Philosophica. Lisboa, v. 28 (2006), p. 67-107.
PHILONENKO, A. La théorie kantienne de l´histoire. Paris: Vrin, 1986.
SCHERER, F. C.. “Resolução kantiana do problema do progresso do gênero humano”. In: SCHERER, F.; CACHEL, A.; FELDHAUS, C.; UTTEICH, L. (Org.). Temas de filosofia moderna e contemporânea I. 1ed.Guarapuava: Apolodoro Virtual Edições, p. 87-104, 2017.
RAULET, G. Kant, Historie et citoyennete. Paris: PUF, 1996.
TERRA, R. R. A política tensa: idéia e realidade na filosofia da história de Kant. São Paulo: Iluminuras, 1995.
WEIL, E. La philosophie politique de Kant. Paris: Presses Universitaires de France, 1962.
YOVEL, Y. Kant and the philosophy of history. New Jersey: Princeton University Press, 1980.
ZAMMITO, J. H. Kant, Herder and the birth of anthropology. Chicago: University of Chicago Press, 2002.
ZINGANO, M. A. Razão e história em Kant. São Paulo: Brasiliense, 1989.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2017 Fábio César Scherer

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores mantém os direitos de republicação, sob condição de indicação de primeira publicação na Studia Kantiana.
Autores cedem o direito aos editores de vincular seus artigos em futuras bases de dados.
Todo o conteúdo desta revista está licenciado sob a Licença Internacional Creative Commons 4.0 (CC BY 4.0)