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Democracia, transição e consolidação: precisões sobre conceitos bestializados

Stéphane MONCLAIRE

Resumo



Este artigo avalia criticamente as teses da construção democrática enunciadas nestas últimas décadas, enfatizando particularmente a "transitologia" e a "consolidologia". Essas disciplinas, surgidas nos anos 1970 a 1990, propõem-se a estudar os processos de saída dos regimes autoritários, adotando um modelo de democracia calcado nas experiências dos países de democracias antigas, particularmente os europeus e os Estados Unidos. Esse modelo é tomado como ideal e a partir dele julgam-se, de modo absoluto, todos os demais processos de "transição democrática". Sustentamos que o estatuto científico dessas disciplinas é bastante discutível, devido à sua baixa capacidade explicativa e preditiva. Elas baseiam-se em modelos excessivamente abstratos e formalistas - como a teoria dos jogos, com seu "eleitor racional" -, que desconsideram os fatores sócio-econômico-culturais em favor de esquemas juridicistas e estritamente politicistas.


Abstract


The article proposes the critical evaluation of the theses on the construction of democracy that have been enunciated in recent decades, emphasizing "transitology" and "consolidology" in particular. These disciplines, which emerged between 1970 and 1990, purport the study of the processes of exit from authoritarian regimes, adopting a model of democracy based on the experience of countries of early democracy, in particular Europe and the USA. This model is taken as an ideal that is then used as an absolute standard against which all other processes of democratic transition are held up for judgement. I maintain that the scientific statut of these disciplines is highly dubious, due to their low explanatory and predictive power. They are based on excessively abstract and formalistic models - such as game theory and its "rational voter" - which privilege juridical and political factors while not giving adequate consideration to the social, economic and cultural.


Résumé


Cet article a comme but d'évaluer de manière critique les thèses de la construction démocratique énoncées au long des dernières décennies tout en mettant en relief la «transitologie» et la «consolidologie». Ces disciplines, nées dans les années 1970 à 1990, étudient les processus de sortie des régimes autoritaires qui adoptent un modèle de démocratie inspiré des expériences des pays de démocraties anciennes, particulièrement ceux en Europe et aux États-Unis; ce modèle est pris pour idéal et c'est avec lui qu'on juge tous les autres processus de «transition démocratique». On soutient que le statut scientifique de ces disciplines est assez discutable en fonction de sa faible capacité explicative et prédictive. Elles s'appuyent sur des modèles trop abstraits et formalistes - comme la théorie des jeux, avec son «électeur rationnaliste» -, qui méprisent les facteurs socio-économique-culturels tout en étant favorables aux schémas juridicistes et strictement politicistes.


Palavras-chave


democracia; transição política; consolidação democrática; instituições políticas; comportamento eleitoral; economia. democracy; political transition; consolidation of democracy; political institutions; electoral behavior; economics. démocratie; transiti

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