Open Journal Systems

Desempenho educacional: foi tudo determinado 100 anos atrás?

Irineu de Carvalho Filho, Renato Perim Colistete

Resumo


Este artigo tem como tema a persistência institucional no desenvolvimento econômico de longo prazo. Nós investigamos o desempenho histórico da educação em uma das sociedades de maior crescimento e maior nível de desigualdade no século XX – o estado de São Paulo. Apoiados em evidências detalhadas sobre a propriedade da terra e educação, nós avaliamos o papel de fatores como concentração da terra, imigração e o tipo de atividade econômica na determinação da oferta e demanda de educação no início do século XX, bem como o grau em que tais fatores podem contribuir para explicar o desempenho educacional e os níveis de renda per capita nos dias de hoje. Nós chegamos a dois resultados centrais: um efeito positivo e duradouro da presença de imigrantes, bem como um impacto negativo da concentração da terra sobre a oferta de educação. Trabalhadores agrícolas imigrantes estabeleceram escolas comunitárias, pressionaram por financiamento público para essas escolas ou, ainda, reivindicaram a abertura de escolas públicas. Os efeitos do aumento inicial da instrução pública elementar podem ser detectados mais de 100 anos depois na forma de melhor desempenho no ensino secundário e maiores níveis de renda per capita nos municípios de São Paulo. Esses resultados sugerem um mecanismo adicional que gerou maior desigualdade entre regiões: aquelas regiões que receberam imigrantes oriundos de países em que a educação pública já havia se estabelecido beneficiaram-se da adoção da ideia revolucionária da educação pública.

Palavras-chave


Educação pública; São Paulo; História econômica; Desenvolvimento econômico; Café; Imigração; Desigualdade.

Texto completo:

PDF


DOI: http://dx.doi.org/10.5380/ret.v6i3.26957