COSMOPOLÍTICA DA GRAÇA: COMENSALIDADE, DÁDIVA E RESISTÊNCIA NA UCHARIA DE SÃO BENEDITO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/rt.v12i1.92530

Palavras-chave:

São Benedito, Ucharia, Comensalidade, Processo de Ressignificação

Resumo

A relação entre a devoção a santos negros e as práticas de cura e comensalidade é bastante presente e amplamente apontada na literatura. A partir de um contexto etnográfico da devoção a São Benedito no litoral norte de São Paulo, este artigo procura problematizar as relações entre Benedetto Manasseri – o São Benedito – e as práticas de devoção e comensalidade realizadas na Ucharia, para pensar aspectos da resistência e ressignificação daqueles que acreditam em seus poderes e milagres.

Biografia do Autor

Giovanni Cirino, Universidade Estadual de Londrina, Centro de Letras e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Londrina

Graduado em Ciências Sociais (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade de São Paulo (2001), mestre e doutor em Antropologia Social pela mesma instituição. Professor Adjunto da área de Antropologia no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina, onde coordena o projeto de pesquisa “Artes do Fazer: formas expressivas e experiência em Londrina”. É autor do livro Narrativas Musicais: performance e experiência na Música Popular Instrumental Brasileira, (Annablume/FAPESP, 2009) e atuou no documentário Sobre a Congada de Ilhabela (TV-USP 2004-2011). Membro integrante do Núcleo de Antropologia da Performance e do Drama (NAPEDRA – USP), Grupo de Pesquisa Saberes da Resistência Negra e Indígena (GRUPES – UFJF) e da Comissão Universidade para os Índios (CUIA – UEL). Atualmente coordena o curso de pós-graduação lato sensu em Antropologia “Diferença, Desigualdade e Poder” na Universidade Estadual de Londrina.

Referências

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul. Séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 523 p.

ANDRADE, Mário de. Danças Dramática do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia/Instituto Nacional do Livro/Fundação Pró-Memória (Brasília), 1982a.

______. “Os Congos”. In: Danças Dramática do Brasil. Tomo Dois. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia/Instituto Nacional do Livro/Fundação Pró-Memória (Brasília),1982b. p. 17 – 48.

______. “Os Congos”. In: CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia do Folclore Brasileiro. Sécs XIX – XX: os estudiosos do Brasil, bibliografia e notas. Segundo Volume, 3ª Edição, São Paulo: Ed. Martins, 1965. p. 314 – 335.

ÁVILA, Affonso. O lúdico e as projeções do Barroco II: áurea idade da áurea terra. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1994. 406 p.

BENI, Mário Carlos. Plano Gestor de Turismo. Estância Balneária de Ilhabela. Vol. 1. “Caracterização Geral da Destinação Turística. 2005. 151 p.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A cultura na rua. São Paulo/Campinas: Papirus, 1989. 219 p.

______. A festa do santo de preto. R.J./Goiânia: Funarte/INC/UFG, 1985. 121 p.

CADORNEGA, Antonio de Oliveira de. História geral das guerras angolanas (1681) (HGGA). 3 Vols. Ed. anot. cônego José Mathias Delgado (vols 1 e 2) e Manuel Alves da Cunha (vol. 3). Lisboa, 1972.

CALI, Plácido. Sítio Arqueológico Engenho Pacuíba I. Ilhabela (SP): Asseart, 2003. 82 p.

______. Caderno de Apresentação, Ilhabela (SP): Asseart, 2001.

CASCUDO, Luís da Câmara. Mouros, franceses e judeus: três presenças no Brasil. São Paulo: Ed. Global, 2001. 111 p.

______. Dicionário do folclore brasileiro. Revisto e ilustrado. 11a Edição. São Paulo: Ed. Global, 2002. 768 p.

CIRINO, G. “As margens do mundo: devoção barroca na Festa de São Benedito”. Cultures-Kairós, 2016. http://revues.mshparisnord.org/cultureskairos/index.php?id=1432

______. “História e Ritual: relações possíveis entre guerras, missões e devoção”. GIS - Gesto, Imagem e Som - Revista de Antropologia 7 (1). São Paulo, Brasil: e185710. 2022. https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2022.185710

FERNANDES, Jose Loureiro. Congadas Paranaenses. Curitiba: Ed. UFPR, 1977. 97 p.

KISHIMOTO, E.; CIRINO, G. (Dir.) Sobre a Congada de Ilhabela. Documentário da TV – USP, 2011.

LOPES, Nei. Bantos, Malês e identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 239 p.

MONTES, Maria Lucia. “Entre o arcaico e o pós-moderno: heranças barrocas da festa na construção da identidade brasileira”. In: Sexta-feira: antropologia, artes e humanidades. São Paulo: Pletora, n. 2, ano 2, 1998. p. 142-159.

MUKUNA, Kazadi Wa. A influência Bantu na Música Popular Brasileira. S.P: 3a Margem, 2000. 258 p.

RABAÇAL, Alfredo João. As congadas no Brasil. São Paulo: Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia – Conselho Estadual de Cultura, 1976. 294 p.

SCHECHNER, Richard. “Performers and spectators: transported and transformed”. In: Between Theater and Anthropology. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1985a. p. 117-150.

______. “Restoration of Behavior”. In: SCHECHNER, Richard. Between Theater and Anthropology. Philadelphia: The University of Philadelphia Press, 1985b. p. 35-116.

SETTI, Kilza. “Notas sobre a produção musical caiçara: música como foco de resistência entre pescadores do litoral paulista”. Revista do Instituto Estudos Brasileiros, No 42, Universidade de São Paulo, 1997. p. 145 – 169.

SLENES, Robert W. “‘Malungu, ngoma vem!’: África coberta e descoberta do Brasil”. In: Revista USP, Vol. 12, São Paulo, 1992. p. 48 – 67.

SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil Escravista: história da festa de coroação de Rei Congo. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. 387 p.

______. “Reis do Congo no Brasil, séculos VXIII e XIX”. Revista de História. No 152 (I), 2005. p. 79-98.

STENGERS, Isabelle. “A proposição cosmopolítica”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 69, p. 442 – 464, abril 2018.

TURNER, Victor. “Dewey, Dilthey and Drama: an essay in the Anthropology of Experience”. In: TURNER, Victor e BRUNER, Edward (Orgs.) The Anthropology of Experience. Epílogo de Clifford Geertz. Urbana/Chicago: University of Illinois Press, 1986. p. 33-44. Traduzido por Herbert Rodrigues in: Cadernos de Campo No 13, 2005. P. 177-185.

WILLEMS, E. Buzios Island: a caiçara community in southern Brazil. Monographs of the American Ethnological Society (Edited by Esther S. Goldfrank) Vol XX. Locust Valley, New York : J. J. Augustin Publisher, 1952. Traduzido para o português: A ilha de Búzios: uma comunidade caiçara no Sul do Brasil. São Paulo: Hucitec/Nupaub, 2003. 185 p.

Sites consultados:

Acervo Projeto Memória Caiçara (Ubatuba)

http://www.memoriacaicara.com.br/site/resultado_criterio_local.php#

Acesso em 20/05/2010.

The Trans-Atlantic Slave Trade Database

http://www.slavevoyages.org/tast/index.faces

Consulta em 27/03/2019.

The Atlantic Slave Trade and Slave Life in América: a visual record

http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/index.php

Consulta em 25/05/2019.

Downloads

Publicado

2023-12-18

Como Citar

Cirino, G. (2023). COSMOPOLÍTICA DA GRAÇA: COMENSALIDADE, DÁDIVA E RESISTÊNCIA NA UCHARIA DE SÃO BENEDITO. Revista Relegens Thréskeia, 12(1), 151–177. https://doi.org/10.5380/rt.v12i1.92530

Edição

v. 12 n. 1 (2023)

Seção

Artigos

Licença

Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:

  1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
  2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
  3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).