BOCA DO INFERNO LITERATURA X HISTÓRIA : UMA INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE ANA MIRANDA
DOI:
https://doi.org/10.5380/rt.v4i2.43550Palavras-chave:
Romance Histórico, Ana Miranda, Boca do Inferno, Mercado, MetaficçãoResumo
Ana Maria Nóbrega Miranda teve seu lançamento no mundo literário com um livro de poesias intitulado Anjos e demônios (1978), entretanto, passou a ter visibilidade literária como romancista no final da década de 80, com o lançamento de Boca do Inferno. Trata-se de uma biografia romanceada do poeta Gregório de Matos, traduzida para mais de vinte idiomas. A obra tornou-se um clássico respeitado no campo da literatura. Subsidiada por leituras e mais leituras de textos do Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos, a obra possui como cenário Salvador, no final do século XVII. Atenta à riqueza da linguagem empregada, utiliza-se de palavras vulgares para fazer juz a Gregório de Matos, apelidado como Boca do Inferno. Neste romance, de maneira crítica, Miranda visa mostrar uma terra marcada pela libertinagem, corrupção e luta pelo poder, retoma uma época em que o país se resumia em governantes corruptos e povo sem voz, sem autonomia. Dentro de sua proposta de literatura, o autor torna-se um historiador, um pesquisador. Utilizando-se do novo Romance Histórico, produz narrativas que focalizam acontecimentos integrantes da história oficial e, por vezes, definidores da própria constituição física das fronteiras brasileiras e também aquelas que promovem a revisão do percurso desenvolvido pela história literária nacional. Esse fazer literário, muito bem recebido pelo mercado editorial brasileiro, faz de Ana Miranda uma autora com um estilo único e recorrente. As vozes são múltiplas: onde acaba Vieira e começa Ana Miranda, onde é Gregório de Matos, ou o que restou dele em nossa memória?
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