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O “JEJUM DE DANIEL”: A DESINTOXICAÇÃO AUDIOVISUAL DA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS SOB UM OLHAR FOUCAULTIANO

Marina Fazani Manduchi

Resumo


O presente trabalho, inserido no campo da história cultural, tem por objetivo, à luz de Michel Foucault, analisar de que maneira as subjetividades dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus são construídas. Diante da multiplicidade da Igreja Universal, optei por explorar uma de suas campanhas, denominada “Jejum de Daniel”. A campanha, referindo-se ao Daniel bíblico, que jejuou por 21 dias se sacrificando em nome de Deus, também propõe aos fiéis da Igreja que jejuem por 21 dias. No entanto, o sacrifício proposto não é alimentício e sim, midiático, ou seja, a abstinência de qualquer tipo de mídia, um tipo de desintoxicação audiovisual, com o objetivo de ser batizado com o Espírito Santo. Os meios midiáticos da Igreja Universal dedicam-se ao Jejum, disponibilizando orientações e prescrições aos fiéis. Além das orientações, o que chama atenção são os resultados, amplamente divulgados por meio de testemunhos dos fiéis. São esses discursos, o institucional e do fiel, que pretendo abordar com base em conceitos do filósofo francês: discurso, poder e em especial, as técnicas de si, explorado nos seus últimos cursos no Collège de France.

Palavras-chave


História Cultural; Mídia; Igreja Universal do Reino de Deus; Michel Foucault

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rt.v3i1.37696