Open Journal Systems

ANÁLISE MICROMORFOLÓGICA DE FEIÇÕES PEDOLÓGICAS EM HORIZONTE B NÍTICOS

Marcel Hideyuki Fumiya, Nelson Vicente Lovatto Gasparetto, Cássia Maria Bonifácio

Resumo


A gênese dos horizontes B níticos possui diversas origens, como a geoquímica, a estrutural e o rejuvenescimento do solo por cinzas vulcânicas. Esses horizontes, apesar de apresentarem pequeno gradiente textural (<1,5), em escala microscópica, exibem presença comum de feições pedológicas texturais, características de iluviação. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo desenvolver a análise micromorfológica das feições pedológicas texturais e os processos pedogenéticos, nos horizontes B níticos, estudados em uma topossequência no ribeirão Água do Sete em Marumbi-PR. Pela análise micromorfológica dos horizontes B níticos, foi possível constatar que feições pedológicas de depleção de ferro e/ou manganês  estão relacionadas aos locais onde há presença de linhas de pedra, compostas por fragmento de rocha de diabásio. Já feições pedológicas texturais (revestimento e preenchimento denso completo e incompleto) são originadas por translocação da fração argila, apresentando características micromorfológica desse tipo de processo. Contudo, algumas dessas feições pedológicas texturais apresentam-se como produto de esforço físico entre paredes de agregados, classificadas como feição pedológica de estresse. Com base nos resultados alcançados, concluiu-se que a análise micromorfológica foi primordial para a identificação dos processos pedogenéticos, permitindo verificar feições pedológicas, encontradas nos horizontes B níticos, apresentam diversas origens (estresse, intemperização e iluviação). Todavia, a maioria das feições não apresentou predominância de feições pedológicas, originadas por estresse (Lepto-coting), como principal característica micromorfológica do horizonte B nítico mas, o destaque foi para as feições características de processos de iluviação, caracterizando a argiluviação como principal processo pedogenético na formação das feições pedológicas presentes nos horizontes B níticos em questão.


Palavras-chave


Geografia

Referências


BENEMA, J.; JONGERIUS, A. & LEMOS, R.C. Micromorphology of some oxic and argilic horizons in south Brasil in relation to weathering sequences. Geoderma, vol.4:333-355, 1970.

BOULET, R. et al. Analyse struturale et pédologie I. Prise em compte de I’organisation bidimensionnelle de la couverture pédologique: lês estudes de topossequences ET leurs principaux apport à La connaissance dês sols. Cahiers ORSTOM, v. 19. n.4, p.309-322, 1982a.

BOULET, R.; HUMBEL, F. X. & LUCAS, Y. Analyse structurale et cartographie en pedologie II. Une méthode d’aanlyse prenant em compte I’organisation tridimensionnelle dês covertures pédologiques. Cahiers ORSTOM, v.19, n.4, p.323-339, 1982b.

BULLOCK, P.: FEDOROFF, N.: JONGERIUS, A.: STOOPS G.: TURSINA, T. & BABEL. U. Handbook for soil thin section description. Wolverhampto. Waine Reseach Publication. 152 p., 1985.

CREUTZBERG, D. & SOMBROEK, W.G. Micromorphological characteristics of Nitosols. In: RÉUNION INTERNATIONALE DE MICROMORPHOLOGIE DES SOLS, 7., Paris, 1987. Actes… Paris, 1987, p.151-155.

COOPER, M. Estratigrafia e pedogênese de uma topossequência de solos com B latossólico e B textural em Piracicaba (SP). 1989. Dissertação – mestrado em Agronomia). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo, São Paulo.

EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília. Centro Nacional de Pesquisa de Solos, 2013, 353p.

ESWARAN, H. Micromorphological indicators of pedogenesis in some tropical soils derived from basalts from Nicaragua. Geoderma, vol.7,p.15-31, 1970.

JABUR, I.C. Análise paleoambiental do Quaternário superior na bacia do alto rio Paraná. 1992. Tese – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho. Rio Claro.

MARQUES, A. J.; SANTIL, F. L. P. & CUNHA, J. E. O uso do clinômetro no levantamento topográfico. Estudo de caso: levantamento pedológico. Boletim de Geografia, Maringá-PR, v.1(1), p.135-141, 2000.

MEHRA, O.P. & JACKSON, M.L. Iron oxide removal from soils and clays by a dithionite-citrate system buffered with sodium bicarbonate. Proceedings Clays & Clay Mineral Conference, London, vol.7, p.317-327, 1960.

MIKLOS, A. A. de W. & MIOCQUE, P. Horizontes latossólicos, horizontes sômbricos e “stone-line”: organizações de origem biológica-fauna do solo. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO. Cerrados: Fronteira Agrícola do Século XXI. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Goiânia (GO), Resumos vol.2, P.327-328, 1993.

MIKLOS, A.A. de W. Biodynamique d’une couverture pédologique de la region de Botucatu (São Paulo, Brésil). 1995. Tese – École Nationale Supérieure Agronomique de Rennes, France.

PERECIN, D. & CAMPOS, D.A.F. Evidências micromorfológicas de gênese de solos de Piracicaba. In: XV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, Campinas. Anais, 1975, p.461-466.

SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G.; KER, J.C. & ANJOS, L.H. Manual de descrição e coleta de solos no campo. 5.ed. Viçosa-MG, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 100 p., 2005.

STEVAUX, J.C. O rio Paraná: geomorfogênese, sedimentologia e evolução quaternária de seu curso superior. 1993. USP. Tese – Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo. São Paulo..

STEVAUX, J.C. Climatic events during the Late Pleistocene and Holocene in the Upper Paraná River: Correlation with NE Argentina and South-Central Brasil. Quaternary International, n. 72, p.73-85, 2000.

STOOPS, G. & JONGERIUS, A. Proposals for a micromorphogical classification of soil materials. I. A classification of related distribuition of course and fine particules. A reply. Geoderma, v. 13, n. 19, p.189-200, 1975.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v47i1.58781