Open Journal Systems

GEOSSISTEMA E COMPLEXIDADE: SOBRE HIERARQUIAS E DIÁLOGO ENTRE OS CONHECIMENTOS

Rodrigo Dutra Gomes, Antonio Carlos Vitte

Resumo


A construção da relação entre Geografia e Teoria da Complexidade ainda é
incipiente em território nacional. Pretende-se dialogar alguns dos entendimentos
da Teoria da Complexidade com a reflexão da noção de Hierarquia e diálogo entre conhecimentos no Geossistema. Considerou-se o Geossistema como “Sistema Singular Complexo” e utilizou-se os textos clássicos de Sotchava e de Bertrand para os confrontos teóricos. Tal confronto traz importantes repercussões para a teoria e modelo Geossistema. Pela Complexidade o geossistema deixar de ser um fenômeno natural e objetivo, incluindo agora a arbitrariedade do pesquisador e pretensões da pesquisa para a sua delimitação. O humano e o natural não são vistos como antagônicos, mas pertencentes a uma mesma trama de relações complexas que envolvem multidomínios e escalas de manifestação. Na discussão sobre escala, as hierarquias do geossistema deixam de ser objetivas e passam a se referir a ritmos espaçotemporais de interação discernidos pelo pesquisador na multiplicidade dos processos espaciais. Cada ritmo de interação entre elementos e forças detém sua própria e singular espaçotemporalidade, que varia de acordo com a natureza dos elementos e intensidade das trocas, podendo se referir à relações com espaçotemporalidades nas e pelas diversas escalas. O diálogo entre os conhecimentos vêm para lhe dar com esta multiplicidade de ritmos presentes e
influentes nas e pelas escalas e domínios humanos e naturais.

Palavras-chave


Sistema Singular Complexo; Sotchava; Bertrand; escala; ritmos espaçotemporais

Texto completo:

ARTIGO AUTORIZAÇÃO

Referências


ALLEN, P. M. Towards a new science of complex systems..In: The Science and Praxis of Complexity. Contributions to the Symposium held at Montpellier, France, 9-11 May 1984. New York: Ed. The United Nations University, 1985, 384p., pp.268-297.

BERGÉ, P., POMEAU, Y., DUBOIS-GANCE, M. Dos ritmos ao caos. São Paulo : Editora da UNESP, 1996, 301p.

BERTALANFFY, L. V. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis : Editora Vozes, 1973, 351p.

BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global: esboço metodológico. Caderno de ciências da terra, São Paulo, n.13, 27p., 1972.

BERTRAND, C.,BERTRAND, G. Uma Geografia Transversal –e de travessias –(O meio ambiente através dos territórios e das temporalidades. Maringá : Ed. Massoni, 2002, 361p.

BROWN, J. D. Knowledge, uncertainty and physicial geography: towards the development of methodologies for questioning belief. Transactions of the Institute British Geographers, New Series, 29, pp.367-381, 2004.

CHAPURA, M. Scale, causality, complexity and emergence: rethinking scale‘s ontological significance. Transactions Institute British Geographers, 34, p.462–474, 2009.

CHRISTOFOLETTI, A. Potencialidades das abordagens sobre os sistemas dinâmicos para os estudos geográficos: alerta para uma nova fase. Geografia, Rio Claro : vol. 13(26), 149-151, 1988.

CLIFFORD, N. J. Models in geography revisited. Geoforum, 39, 2008, pp.675-686.CULLING, W. E. H. Equifinality: modern approaches to dynamical systems and their potential for geographical thought. Transactions of the Institute British Geographers, London, 12 : pp.57-72, 1987.

CULLING, W. E. H. A new viewof the landscape. London: Transactions of the Institute British Geographers, London : 13, p.345-360, 1988.

DATTA, D. P., RAUT, S. The arrow of time, complexity and scale free analysis. Chaos, Solitons and Fractals, 28, pp.581-589, 2006.

DURAND-DASTÈS, F. La notion de chaos et la géographie quelques réflexions. L’Espace géographique, n.4, pp.311-314, 1991.DUTRA GOMES, R. Ontologia Sistêmica: construção do espaço e perspectiva ambiental.

GEOUSP, 25, pp.109-122, 2009.DUTRA-GOMES, R. Geografia e Complexidade: das diferenciações de áreas à Nova Cognição do Sistema Terra-Mundo. 06/2010, Tese de Doutorado, Instituto de Geociências, UNICAMP/Campinas.

DUTRA-GOMES, R. A matriz espacial moderna: das diferenciações de áreas de Hartshorne à Teoria da Complexidade: O caso da expansão do aeroporto internacional de Viracopos/Campinas-SP. Maio de 2012, Relatório de Pós-Doutoramento FAPESP –IG/UNICAMP, Campinas.

DUTRA-GOMES, R. VITTE, A. C. Geografia e Complexidade: das diferenciações de áreas à construção epistemológica da Geografia na América Latina. Mercator, 2015, 12p. (submetido).

DUTRA-GOMES, R., VITTE, A. C. Geografia e Complexidade pelas diferenciações areais de Hartshorne. Geosul (UFSC), v. 29, p. 89-130, 2014.

DUTRA-GOMES, R., VITTE, A. C. A Geografia Física e o objeto complexo: algumas flexibilizações do processual. Geosul, v. 26, n.50, p.08-38, 2010

GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo : Ed. UNESP, 1991, 177p.

HAKEN, H. Synergetics: An approach to complex dynamic systems. Advances in Applied Probability, Vol.14, Nº2, Jun, p.197-197, 1982.

HAIGH, M. J. The Holon: Hierarqhy Theory and Landscape Research. Catena Supplement 10, Braunschweig, p.181-192, 1987.

LANE, S. N., RICHARDS, K. Linking river channel form and process: time, space and causality revisited. Earth Surface Processes and Landforms, vol.22, p.249-260, 1997.

LE MOIGNE, J. La modélisation des systèmes complexes. Paris : Ed. Dunod, 178p., 1990.LEMPERT, R. J. A New Decision Sciences for Complex Systems. In: Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 2002, Vol. 99, No. 10, Supplement 3: Arthur M. Sackler Colloquium of the National Academy of Sciences. Sackler Colloquium on Adaptive Agents, Intelligence, and Emergent Human Organization: Capturing Complexity though Agent-Based Modeling, May 14, p. 7309-7313.

MALANSON, G. P. Considering Complexity. Annals of the Association of American Geographers, 89, p.746-753, 1999.MANSON, S. M. Does scale exist? An epistemological scale continuum for complex human–environment systems. Geoforum, 39, p.776–788, 2008.

MONTEIRO, C. A. F. Derivações antropogênicas dos geossistemas terrestres no Brasil e alterações climáticas. Perspectivas urbanas e agrárias ao problema da elaboração de modelos de avaliação. In: ANAIS DOSIMPÓSIO SOBRE A COMUNIDADE VEGETAL COMO UNIDADE BIOLÓGICA, TURÍSTICA E ECONÔMICA. 1978, ACIESP, 15. Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia. Academia de Ciências do Estado de São Paulo, 43p.

MONTEIRO, C. A. F. (Coordenador) Qualidade Ambiental na Bahia: Recôncavo e regiões limítrofes. Salvador: Centro de Estudos e Informações (CEI), Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia (SEPLANTEC), 1987, 48p. (il.)

MONTEIRO, C. A. F. Clima e excepcionalismo: Conjecturas sobre o desenvolvimento da atmosfera como fenômeno geográfico. Florianópolis : Ed. da UFSC, 1991, 233p.

MONTEIRO, C. A. F. Geossistema: a história de uma procura. São Paulo.: Contexto, 2001, 127p.MORIN, E. On the definition of complexity. In: The Science and Praxis of Complexity. Contributions to the Symposium held at Montpellier, France, 9-11 May 1984, New York: The United Nations University, 1985, 384p., p.62-68.

MORIN, E. O método. Vol. 1 –A natureza da natureza. Porto Alegre : Sulina, 2002, 480p.

MORIN, E. LE MOIGNE, J. L. A inteligência da complexidade. São Paulo : Ed. Peirópolis, 2000, 263p.

MORIN, E., LE MOIGNE, J. L. A inteligência da Complexidade –Epistemologia e Pragmática. Lisboa : Instituto Piaget, 2009, 527p.

O ́ SULLIVAN, D. Complexity science and human geography. Transactions of the Institute British Geographers. New Series, 29, p.282-295, 2004.

PENTEADO ORELLANA, M. Metodologia integrada no estudo do meio ambiente. Geografia, Rio Claro : 10(20), p.125-148, 1985 .

PHILLIPS, J. D. The end of equilibrium? Geomorphology, Vol.5, Issues 3-5, August p.195-201, 1992.

PRIGOGINE, I. The philosophy of instability. Futures, August, p.396-400, 1989.

PRIGOGINE, I., STENGERS, I. A nova aliança. Brasília : Editora da UnB, 1991, 247p.

RHOADS, B. L. The Dynamic Basis of Geomorphology Reevisioned. Annals of the Association of American Geographers, 96 (1), p.14-30, 2006.

ROUGERIE, G., BEROUTCHACHVILI, N. Géosystèmes et Paysages. Bilan et méthodes. Paris : Ed. Armand Colin Éditeur,1991, 302p.

RUELLE, D. Acaso e Caos. São Paulo : Editora da UNESP, 1993, 224p.

SCHUMM, S. A., LICHTY, R. W. Tempo, espaço e causalidade em geomorfologia. Notícias Geomorfológicas, Campinas, 13 (25) : p.43-62. Jun.1973.

SCIENCE, magazine. Complex Systems, 1999, 2 April, Vol.284, Issue 5411, p.1-212.

SHŪHEI, A (Org.). The Science and Praxis of Complexity. Contributions to the Symposium held at Montpellier, France, 9-11 May 1984, New York: Ed. The United Nations University, 1985, 384p.

SOTCHAVA, V. B. O estudo de geossistemas. Métodos em Questão. São Paulo : IG-USP, n.16, 52p., 1977.

SOTCHAVA, V. B. Por uma teoria de classificação de geossistemas de vida terrestre. Biogeografia,USP, Instituto de Geografia, 24p., 1978.

SPEDDING, N. On Growth and Form in Geomorphology. Earth Surface Process and Landforms, Vol.22, p.261-265 ,1997.

TRENTIM, Gracieli; FERREIRA, Marcos César. Análise Direcional da Expansão Urbana de Cidades de Porte Médio: Uma aplicação da dimensão fractal. RA'E GA: o Espaço Geográfico em Análise, v. 33, p. 198, 2015

VITTE, A. C. Por uma geografia híbrida: ensaios sobre os mundos, as naturezas e as culturas. Curitiba : Editora CRV, 112p., 2011.




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v42i0.46746