Governança ambiental municipal: A trajetória do município de Extrema - Minas Gerais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/guaju.v11i.99433

Resumo

Desde a década de 1980, uma base legal federal promoveu os municípios como entes competentes e responsáveis pelo tratamento de questões ambientais. Porém, para que os municípios consigam cumprir com suas responsabilidades pressupõe-se o estabelecimento e a efetividade de certos elementos de governança, fato que emerge como desafios aos municípios. Neste sentido, o município de Extrema - MG é referência em termos de construção da governança ambiental municipal. O artigo objetiva analisar a trajetória de estruturação da governança ambiental no município de Extrema (MG), destacando seus marcos institucionais, base legal e arranjo organizacional. Para tanto, o principal gestor do município foi entrevistado e foi realizada uma pesquisa documental sobre o arcabouço legal ambiental. Os resultados demonstram a importância do poder público como promotor dos elementos de governança, mas as inter-relações com instituições e atores externos se mostraram fundamentais para os avanços alcançados. A instituição de um arcabouço legal se mostra relevante, uma vez que determina o compromisso por parte do poder público municipal sobre questões ambientais. A trajetória de compromissos assumidos para com as questões ambientais conduz a um caminho de autorreforço, que permite a promoção de inovações e o pioneirismo no âmbito da governança ambiental municipal.

Biografia do Autor

Rafael Eduardo Chiodi, Universidade Federal de Lavras

Doutor em Ciências. Professor do Departamento de Administração e Economia da UFLA. Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil.

Mark Pereira dos Anjos, Instituto Federal do Sul de Minas

Doutor em Ciências. Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas – Campus Inconfidentes, Inconfidentes, Minas Gerais, Brasil.

Referências

ANJOS, M. P. et al. Pagamento por serviços ambientais como instrumento indutor de governança ambiental local: o Plano Conservador da Mantiqueira, Minas Gerais. Caminhos de Geografia, v. 23, p. 103-123, 2022. https://doi.org/10.14393/RCG238758943

ÁVILA, R. D.; MALHEIROS, T. F. O Sistema Municipal de Meio Ambiente no Brasil: avanços e desafios. Saúde Sociedade, v.21, supl. 3, p. 33-47, 2012. https://doi.org/10.1590/S0104-12902012000700004

BECKER, H. S. Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.

BRASIL. Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente [...]. Diário Oficial da União, Brasília, 31 ago. 1981. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 09 jun. 2025.

CHIODI, R. E. Pagamento por serviços ambientais: a produção de água como uma nova função da agricultura familiar na Mata Atlântica do sudeste brasileiro. 2015. 222 p. Tese (Doutorado em Ciências) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura/Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2015.

CHIODI, R. E.; ANJOS, M. P.; SOUSA, T. M. Plano Conservador da Mantiqueira: a construção da governança ambiental para a restauração florestal em terras privadas. Revista de Gestão Social e Ambiental (ANPAD), v. 19, p. 1, 2025. https://doi.org/10.24857/rgsa.v19n4-130

CORBERA, E.; BROW, K. Building Institutions to Trade Ecosystem Services: Marketing Forest Carbon in Mexico. World Development, v. 36, n. 10, p. 1956-1979, 2008. https://doi.org/10.1016/j.worlddev.2007.09.010

EXTREMA. Lei nº 1.606 de 04 de junho de 2001. Cria o Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental – CODEMA. Diário oficial de Extrema. 04 de jun. 2001. Disponível em: https://www.extrema.mg.gov.br/wp-content/uploads/2019/12/Lei-1.606_2001-Cria-o-CODEMA.pdf. Acesso em: 20 mar. 2025.

EXTREMA. Lei nº 1829 de 17 de setembro de 2003. Dispõe sobre a política de proteção, de conservação e de controle do meio ambiente e da melhoria da qualidade de vida no município de Extrema. Diário oficial de Extrema. 17 de set. 2003. Disponível em: https://www.extrema.mg.gov.br/wp-content/uploads/2019/12/Lei-1.829-2003-Pol%C3%ADtica-de-Meio-Ambiente-de-Extrema.pdf. Acesso em: 30 nov. 2024.

EXTREMA. Lei Complementar Municipal n° 83, de 25 de fevereiro de 2013. Aprova a revisão do Plano Diretor do Município de Extrema. Diário oficial de Extrema. 25 de fev. 2013. Disponível em: http://leismunicipa.is/pxwoj. Acesso em: 20 de fev. 2025.

EXTREMA. Lei n° 4.074 de 23 de outubro de 2019. Institui a Política Municipal de Educação para a Sustentabilidade e dá outras providências. Diário oficial de Extrema. 23 de out. 2019. Disponível em: http://leismunicipa.is/snxvd. Acesso em: 20 set. 2024.

EXTREMA. Política municipal de combate às mudanças climáticas. 2023. Disponível em: https://www.extrema.mg.gov.br/wp-content/uploads/2023/03/Programa_Extrema-_no_Clima_v2.pdf. Acesso em: 20 fev. 2025.

FARIA SANTOS, J. P. Os municípios na questão ambiental brasileira: a construção histórica de um federalismo sustentado. Cadernos Adenauer, v. 15, n. 2, p. 11-21, 2014. Disponível em:https://www.kas.de/documents/265553/265602/7_file_storage_file_14811_5.pdf/04f39a6c-e795-5da1-4a46-b4b5ee72dde9. Acesso em 20 fev. 2025.

FERNANDES, A. S. A. Dependência de trajetória e mudança institucional. Perspectivas, v. 44, p. 177-192, jul./dez. 2013. Disponível em https://periodicos.fclar.unesp.br/perspectivas/article/view/7407. Acesso em: 15 mar. 2025.

HALL, P. A.; TAYLOR, R. C. R. As três versões do neo-institucionalismo. Lua Nova, São Paulo, n. 58, p. 193-224, 2003. https://doi.org/10.1590/S0102-64452003000100010

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Cidades. 2022. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/extrema/panorama. Acesso em: 20 mar. 2025.

LEME, T. N. Os municípios e a Política Nacional do Meio Ambiente. Planejamento e Políticas Públicas, n. 35, jul./dez. 2010. Disponível em: https://ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/view/196. Acesso em: 20 jan. 2025.

LEME, T. N. Governança ambiental no nível municipal. In. MOURA, A. M. M. (Org.) Governança Ambiental no Brasil: instituições, atores e políticas públicas. Brasília: Ipea, p. 147-174. 2016. Disponível em https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/9269. Acesso em: 17 mar. 2025.

MAMEDES, I. et al. Brazilian payment for environmental services programs emphasize water-related services. International Soil and Water Conservation Research, v. 11, p. 276-289, 2023. https://doi.org/10.1016/j.iswcr.2023.01.001

MATAVELI, G. A. et al. O Programa Conservador das Águas e sua Relação com o Uso da Terra em Extrema-MG. Revista do Departamento de Geografia, v. 36, 2018. https://doi.org/10.11606/rdg.v36i0.140424

MAYNTZ, R. El Estado y la sociedade civil em la gobernanza moderna. Revista del CLAD Reforma y Democracia, n. 21, p. 1-8, oct., 2001. Disponível em: https://pure.mpg.de/rest/items/item_1234838/component/file_2060890/content. Acesso em: 10 dez. 2024.

MOURA, A. M. M. Trajetória da política ambiental federal no Brasil. In. MOURA, A. M. M. (Org.). Governança Ambiental no Brasil: instituições, atores e políticas públicas. Brasília: Ipea, 2016, p. 14-42.

NASCIMENTO, T.; ABREU, E. L.; FONSECA, A. Descentralização do licenciamento e da avaliação de impacto ambiental no brasil: regulação e estudos empíricos. Ambiente & Sociedade, v. 23, 2020. https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc20180266r2vu2020L1AO

NASCIMENTO, D. T.; BURSZTYN, M. A. A. Descentralização da gestão ambiental: análise do processo de criação de organizações municipais de meio ambiente no sul catarinense. Revista do Serviço Público, v. 62, n. 2, p. 185-208, abr./jun. 2011.

NEVES, E. M. S. C. Política e gestão ambiental no contexto municipal. Cadernos Adenauer, v. 15, n. 2, p. 23-40, dez. 2014. Disponível em: https://www.kas.de/documents/265553/265602/7_file_storage_file_14812_5.pdf/d1ccf30f-e6ef-de1d-4341-9c0a472fecfa. Acesso em: 22 fev. 2025.

OLIVEIRA, A. G.; PISA, B. J. IGovP: índice de avaliação da governança pública — instrumento de planejamento do Estado e de controle social pelo cidadão. Revista de Administração Pública, v. 49, n. 5, p. 1263-1290, set./out. 2015. https://doi.org/10.1590/0034-7612136179

PAAVOLA, J. Institutions and environmental governance: a reconceptualization. Ecological Economics, v. 63, p. 93-103, 2007. https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2006.09.026

PAIVA, M. B. et al. A Efetividade do ICMS Ecológico sob a Ótica de uma Política Pública Ambiental: O Caso do Projeto Conservador das Águas em Extrema/MG. Research, Society and Development, v. 11, n. 9, 2022. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i9.30913

PROJETO CONSERVADOR DAS ÁGUAS 12 ANOS. Extrema: Prefeitura do Município de Extrema, 2014. 1 folder.

RICHARDS, R. C. et al. Governing a pioneer program on payment for watershed services: Stakeholder involvement, legal frameworks and early lessons from the Atlantic forest of Brazil. Ecosystem Services, v.16, p. 23- 32, 2015. https://doi.org/10.1016/j.ecoser.2015.09.002

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2. ed., 2010.

SANTOS, C. A. et al. A evolução da gestão ambiental nos munícipios brasileiros. Revista Brasileira de Desenvolvimento Territorial Sustentável GUAJU, v. 6, n. 2, jul./dez. 2020. https://doi.org/10.5380/guaju.v6i2.76399

UEZU, A. et al. Atlas dos serviços ambientais do Sistema Cantareira. São Paulo: Instituto de Pesquisas Ecológicas, 2017.

Downloads

Publicado

2025-10-11

Como Citar

Chiodi, R. E., & dos Anjos, M. P. (2025). Governança ambiental municipal: A trajetória do município de Extrema - Minas Gerais. Guaju: Revista Brasileira De Desenvolvimento Territorial Sustentável , 11(1), 118–142. https://doi.org/10.5380/guaju.v11i.99433

Edição

Seção

Artigos