Crises e embates, caminhos a partir de propostas pós-desenvolvimentistas e alternativas sistêmicas
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v9i0.86904Palavras-chave:
Pós-desenvolvimentismo, Crise civilizatória, Alternativas sistêmicas, Saberes ancestrais.Resumo
Várias foram as crises que se apresentaram e foram fortemente atravessadas pela civilização dentro de uma realidade complexa fruto de um capitalismo exploratório e seus vários desdobramentos. Neste contexto, este artigo tem como objetivo analisar o campo semântico do Bem Viver à luz das Constituições do Equador, Bolívia e Brasil. A metodologia é pautada na revisão teórica crítica, levantamento bibliográfico, documental e experiências desses países. Os resultados apontam os modelos e propostas pós-desenvolvimentistas e alternativas sistêmicas que surgiram nos últimos anos e auxiliam a ruptura com o crescimento a todo custo, bem como o BV que pode ser considerados como uma das alternativas sistêmicas ao desenvolvimento hegemônico gerado pela crise civilizatória dentre tantas outras para mudanças de rumo. Os povos originários e as comunidades tradicionais com seus saberes ancestrais e seus modos de vida avançam para superar problemas advindos do sistema capitalista, unificando pautas e lutas que combatem diversas questões como as injustiças sociais entre outras. O estudo pode contribuir para diálogos, trocas de saberes e respeito as comunidades tradicionais e aos povos originários e a filosofia de Vida do Bem Viver e outras alternativas sistêmicas que visam corroborar para caminhos de mudanças de rumo.
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