Da Amazônia ao Vale do Ribeira: o impacto socioambiental da cultura da banana na comunidade Sapatu
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v8i0.83236Palavras-chave:
Comunidades tradicionais. Quilombolas. Sustentabilidade. Vale do Ribeira.Resumo
A comunidade remanescente de quilombo Sapatu está localizada no Vale do Ribeira no litoral sul do Estado de São Paulo. As comunidades que ocupam essa região desenvolvem suas próprias estratégias de uso dos recursos naturais mediante a observação e a experimentação. Os quilombolas transmitem o conhecimento tradicional de geração para geração ao executarem suas atividades cotidianas. Para a comunidade Sapatu, o trabalho com a terra é baseado na mão-de-obra familiar e na necessidade de assegurar os produtos básicos para a sobrevivência das famílias. A principal atividade é a produção de banana orgânica, seguida das culturas dedicadas a subsistência, como arroz, feijão, milho, inhame, palmito pupunha e mandioca. Além da agricultura, os moradores se dedicam ao artesanato feito com a palha da bananeira e ao turismo de base familiar no Parque do Petar. Nesse contexto, a pesquisa teve como objetivo investigar o impacto socioambiental da produção de banana orgânica na comunidade. Para tanto, optou-se por mensurar a percepção dos produtores a partir da aplicação do Questionário para Povos e Comunidades Tradicionais (QPCT). Os resultados indicam que as comunidades com contratos de fornecimento de produtos da biodiversidade apresentam maior percepção financeira e social. Para a percepção ambiental não houve diferença significativa entre as comunidades comparadas.
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