Aspectos socioambientais da meliponicultura na região do Vale do Ribeira, São Paulo, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v8i0.82451Palavras-chave:
Abelhas nativas sem ferrão. Biodiversidade. Relação Sociedade-Natureza. Mata Atlântica.Resumo
A Meliponicultura é a criação de abelhas nativas sem ferrão, atividade que tem sido associada à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade, à geração de renda, assim como ao provimento de produtos diretos e indiretos, para consumo e comercialização. Com o objetivo de caracterizar os aspectos socioambientais da Meliponicultura na região do Vale do Ribeira, SP, o presente estudo foi conduzido por meio de metodologias qualitativas de pesquisa, utilizando-se da pesquisa bibliográfica e documental, pesquisa de campo por meio de entrevistas semiestruturadas e observação direta das práticas de manejo. Ao todo foram realizadas entrevistas com 15 meliponicultores abrangendo dez municípios da região do Vale do Ribeira, SP. Os resultados revelaram que a Meliponicultura tem sido praticada a partir técnicas de manejo alinhadas à conservação e uso sustentável da biodiversidade, bem como desempenha relevante papel na produtividade de frutos e na oferta de mel e subprodutos às famílias. A Meliponicultura mostrou ser uma excelente estratégia a ser incorporada aos planos de desenvolvimento territorial, nas Unidades de Conservação e no seu entorno, em sistemas agrícolas biodiversos e, especialmente, entre as comunidades tradicionais e agricultores familiares da região Vale do Ribeira.
Referências
ALMEIDA, L. C. F.; BIM, O. J. B.; ANTUNIASSI, M. H. R.; SILVA, F. A. M. Seriam as questões ambientais entraves para o desenvolvimento do Vale do Ribeira? Cadernos Ceru, v. 28, n. 1, p. 93-104, 2017.
BARBIERI JUNIOR, C. Caracterização da meliponicultura e do perfil do meliponicultor no estado de São Paulo: ameaças e estratégias de conservação de abelhas sem ferrão. São Paulo. 2018. Dissertação (Mestrado em Sustentabilidade) – Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 346, de 16 de agosto de 2004. Diário Oficial da União, Brasília, DF, Seção 1, p. 70, 17 ago. 2004.
BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 496, de 19 de agosto de 2020. Diário Oficial da União, Brasília, DF, Seção 1, p. 160, 20 ago. 2020.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Secretaria de Desenvolvimento Territorial. Coordenação Geral de Monitoramento e Avaliação. Caderno Perfil Territorial Vale do Ribeira - SP. Brasília, DF: CGMA, 2015.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. A Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB. Brasília: MMA/SBF/DCBio, 2000.
CAMARGO, J. M. F.; POSEY, D. A. O conhecimento dos Kayapó sobre as abelhas sociais sem ferrão (Meliponinae, Apidae, Hymenoptera): notas adicionais. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, v. 6, n. 1, p. 17-42, 1990.
CARVALHO, R. M. A.; MARTINS, C. F.; MOURÃO, J. S. Meliponiculture in Quilombola communities of Ipiranga and Gurugi, Paraíba state, Brazil: an ethnoecological approach. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 10, n. 3, p. 1-12, 2014.
CINTRA, P.; MALASPINA, O.; BUENO, O. C. Plantas tóxicas para abelhas. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 71, n. 4, p. 547-551, 2005.
DIEGUES, A. C. S. (Org.) Os saberes tradicionais e a biodiversidade no Brasil. São Paulo: MMA/COBIO/NUPAUB-USP, 2000.
DIEGUES, A. C. S. Conhecimentos, práticas tradicionais e a etnoconservação da natureza. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 50, Diálogos de Saberes Socioambientais: desafios para epistemologias do Sul, p. 116-126, 2019.
DIEGUES, A. C. S. O Vale do Ribeira e Litoral de São Paulo: meio-ambiente, história e população. São Paulo: CENPEC, 2007.
DIEGUES, A. C. S. Sociobiodiversidade. In: FERRARO-JUNIOR, L. A. Encontros e caminhos: formação de educadoras (es) ambientais e coletivos educadores. Brasília, DF: MMA, 2005. p. 303-312.
DORNELES, L. L.; ZILLIKENS, A.; STEINER, J.; PADILHA, M. T. S. Polinização de Euterpe edulis (Arecaceae) por abelhas em sistema agroflorestal na Ilha de Santa Catarina. Iheringia Série Botânica, v. 68, n. 1, p. 47-57, 2013.
GARAY, I. A integração da diversidade sociocultural na conservação da biodiversidade: desafios conceituais e princípios metodológicos. In: MACIEL, T. M. F. B; SOUZA, M. C. M. Inovação e trajetos: comunidade, desenvolvimento e sustentabilidade. Curitiba: Editora Appris, 2018. p. 125-134.
GIANNINI, T. C.; CORDEIRO, G. D.; FREITAS, B. M.; SARAIVA, A. M.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. The dependence of crops for pollinators and the economic value of pollination in Brazil. J. Econ. Entomol., v. 108, n. 3, p. 849-857, 2015.
GOODMAN, L. Snowball Sampling. Annals of Mathematical Statiscs, n. 32, p. 148-170, 1961.
IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; CANHOS, D. A. L.; SARAIVA, A. M. Proposta de estratégia e ações para a conservação e uso sustentável dos polinizadores no Brasil. In: IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; CANHOS, D. A. L.; ALVES, D. A.; SARAIVA, A. M. (Org.). Polinizadores do Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. p. 463-477.
JAFFÉ, R.; POPE, N.; CARVALHO, A. T.; MAIA, U. M.; BLOCHTEIN, B.; CARVALHO, C. A. L.; CARVALHO-ZILSE, G. A.; FREITAS, B. M.; MENEZES, C.; RIBEIRO, M. F.; VENTURIERI, G. C.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. Bees for development: Brazilian survey reveals how to optimize stingless beekeeping. PLoS ONE, v. 10, n. 3, p. 1-21, 2015.
MAGALHÃES, T. L.; VENTURIERI, G. C. Aspectos econômicos da criação de abelhas indígenas sem ferrão (Apidae: Meliponini) no nordeste paraense. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2010.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MEA. Millennium Ecosystem Assessment. Ecosystems and human well-being: synthesis. Washington, DC: Island Press, 2005.
MINAYO, M. C. S. Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa social. In: MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. p. 9-29.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Editora Hucitec, 2014.
MUTO, N. A.; LEITE, R. O. S.; PEREIRA, D. S.; ROGEZ, H. L. G.; VENTURIERI, G. C. Impact of the introduction of stingless bee colonies (Scaptotrigona aff. postica) on the productivity of acai (Euterpe oleracea). Revista Verde, v. 15, n. 3, p. 265-273, 2020.
NOGUEIRA-NETO, P. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo: Editora Nogueirapis, 1997.
PEDRO, S. R. M. The stingless bee fauna in Brazil (Hymenoptera: Apidae). Sociobiology, v. 61, n. 4, p. 348-354, 2014.
RODRIGUES, A. S. Etnoconhecimento sobre abelhas sem ferrão: saberes e práticas dos índios Guarani M’byá na Mata Atlântica. 2005. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agroecossistemas) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005.
ROSS, J. L. S. A morfogênese da bacia do Ribeira do Iguape e os sistemas ambientais. GEOUSP – Espaço e Tempo, n. 12, p. 21-46, 2002.
SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.
SACHS, I. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI. In: BURSZTYN, M. (Org.). Para pensar o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993. p. 29-56.
SÃO PAULO. Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO). Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape e Litoral Sul (CBH-RB). Elaboração do Plano de Bacias da UGRHI 11 – Relatório II, 2018a.
SÃO PAULO. Secretaria de Governo. Decreto nº 63.853, de 27 de novembro de 2018. Diário Oficial, São Paulo, SP, v. 128, n. 221, p. 1, 29 nov. 2018b.
SÃO PAULO. Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. SIMA/SP. Projeto Conexão Mata Atlântica, 2018c.
SÃO PAULO. SEADE/ILP/ALESP/Secretaria de Governo. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS 2014-2018, 2019.
SÃO PAULO. Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente. Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade. Portaria CFB nº 04, de 10 de março de 2021. Diário Oficial, São Paulo, SP, v. 131, n. 48, p. 32, 11 mar. 2021a.
SÃO PAULO. Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente. Resolução SIMA nº 11, de 03 de fevereiro de 2021. Diário Oficial, São Paulo, SP, v. 131, n. 23, p. 43-44, 04 fev. 2021b.
SILVA, E. M. S.; FERNANDES NETO, J.; CORREIA, R. C.; SILVA, T. M. S.; CAMARA, C. A.; SANTISTEBAN, R. M.; LIMA, Y. S.; SILVA, J. O.; SANTOS, F. A. R.; ALVES, R. F. Desenvolvimento Territorial com a participação de mulheres na apicultura e meliponicultura no Território do Sertão do São Francisco-BA. In: OLIVEIRA, L. M. S. R.; FLORES, F. T. (Org.). Desenvolvimento Territorial: experiências, articulações e práticas educativas. Curitiba: Editora CRV, 2018. p. 51-79.
SILVEIRA, F. A.; MELO, G. A. R.; ALMEIDA, E. A. B. Abelhas brasileiras: sistemática e identificação. 1. ed. Belo Horizonte: Fernando A. Silveira, 2002.
VENTURIERI, G. C. Contribuições para a criação racional de meliponíneos amazônicos. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, n. 330, 2008.
VENTURIERI, G. C. The impact of forest exploitation on Amazonian stingless bees (Apidae, Meliponini). Genetics and Molecular Research, v. 8, n. 2, p. 684-689, 2009.
VENTURIERI, G. C.; ALVES, D. A.; VILLAS-BÔAS, J. K.; CARVALHO, C. A. L.; MENEZES, C.; VOLLET-NETO, A.; CONTRERA, F. A. L.; CORTOPASSI-LAURINO, M.; NOGUEIRA-NETO, P.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. Meliponicultura no Brasil: situação atual e perspectivas futuras para o uso na polinização agrícola. In: IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; CANHOS, D. A. L.; ALVES, D. A.; SARAIVA, A. M. (Org.). Polinizadores do Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. p. 213-236.
VIEIRA, P. F. Políticas ambientais no Brasil: do preservacionismo ao desenvolvimento territorial sustentável. Política & Sociedade, v. 8, n. 14, p. 27-75, 2009.
VILLAS-BÔAS, J. As abelhas nativas e a experiência da Meliponicultura. In: VILLAS-BÔAS, A.; GUERRERO, N. R.; JUNQUEIRA, R. G. P.; POSTIGO, A. (Org.). Xingu: histórias dos produtos da floresta. São Paulo: Instituto Socioambiental (ISA), 2017. p. 95-120.
VILLAS-BÔAS, J. Manual tecnológico de aproveitamento integral dos produtos das abelhas nativas sem ferrão. 2. ed. Brasília, DF: Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), 2018.
VILLAS-BÔAS, J. Manual tecnológico: Mel de abelhas sem ferrão. Brasília, DF: Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), 2012.
VINUTO, J. Amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, Campinas, v. 22, n. 44, p. 203-220, 2014.
YOUNÉS, T.; GARAY, I. As dimensões humanas da biodiversidade: o imperativo das abordagens integrativas. In: GARAY, I.; BECKER, B. K. (Org.). Dimensões humanas da biodiversidade: o desafio de novas relações sociedade-natureza no século XXI. Petrópolis: Editora Vozes, 2006. p. 57-72.
ZANONI, M.; RAYNAUT, C. Meio ambiente e desenvolvimento: imperativos para a pesquisa e a formação. Reflexões em torno do doutorado da UFPR. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 33, p. 9-30, 2015.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A publicação do artigo está condicionada à cessão dos direitos autorais, sem ônus, a Guaju, que terá exclusividade de publicá-lo em primeira mão.
Os manuscrtitos serão publicados sob a licença Creative Commons By - Atribuição 4.0 Internacional. Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam seu trabalho, mesmo comercialmente, contanto que eles atribuam o crédito pela criação original. Esta é a mais flexível das licenças oferecidas. Recomendado para máxima divulgação e uso de materiais licenciados.
Para a publicação dos manuscritos em outros meios de veiculação ou compartilhamento, solicita-se que seja mencionada a Guaju como sendo responsável pela primeira publicação do artigo.
As afirmações e os conceitos explicitados nos textos são de inteira responsabilidade dos autores, não recaindo sobre o Conselho Editorial da Guaju.
