Avaliação de resiliência socioecológica: estudo de caso da microbacia hidrográfica do Ribeirão Fresco, Blumenau, SC
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v8i0.81970Palavras-chave:
Vulnerabilidade socioambiental, desastres, governança, desenvolvimento territorial sustentável.Resumo
O objetivo deste artigo é aplicar uma metodologia de avaliação de resiliência socioecológica ao caso dos desastres socioambientais, considerando os diferentes contextos da Microbacia Hidrográfica do Ribeirão Fresco (MBHRF), Blumenau (SC). Parte-se da premissa de que fortalecer a resiliência socioecológica pode fomentar um processo de desenvolvimento territorial sustentável. A metodologia é de cunho descritivo/explicativo e avaliativo, dividida em duas etapas. A primeira etapa descreve o sistema socioecológico por meio de uma análise de escalas de risco, dos fatores físico/naturais e antrópicos, das pessoas e da governança, responde a pergunta resiliência de que? e resiliência à que? A segunda etapa avalia a resiliência do sistema socioecológico da MBHRF por meio de uma análise da resiliência específica, da resiliência geral e da transformabilidade do sistema. Os resultados apontam que a falta de controle dos riscos de desastres na MBHRF impulsionou tendências críticas de transformação da paisagem, como a ampliação de assentamentos irregulares em áreas de preservação ambiental permanente, perda de unidades industriais, comerciais e de prestadores de serviços. Além disso, identifica-se também um déficit de participação social para governança em processos decisórios. Sendo assim, o sistema socioecológico da MBHRF não está resiliente, o que afeta diretamente o seu desenvolvimento territorial sustentável.
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