Mulheres na agricultura familiar: uma análise no estado do Pará
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v7i2.80645Palavras-chave:
Desenvolvimento rural, equidade de gênero, mulheres rurais, AmazôniaResumo
O artigo caracteriza o perfil da mulher na agricultura familiar paraense, com base em dados do Censo Agropecuário de 2017. As análises apresentam as características gerais, produtivas e tecnológicas dos estabelecimentos agropecuários familiares gerenciados por agricultoras, assim como aspectos relacionados ao associativismo, acesso à assistência técnica e crédito rural. No estado do Pará, 57.473 estabelecimentos agropecuários são gerenciados por mulheres, o que representa 20% do total. A maior parcela delas (53%) possui mais de 45 anos de idade. O nível de escolaridade é baixo e se dedicam, principalmente, ao cultivo de lavouras temporárias, quintais agroflorestais e a criação de pequenos animais, visando a segurança alimentar do grupo familiar e a comercialização de excedentes. Os resultados indicam a necessidade de maior equidade de gênero, pois a “invisibilidade” da mulher e o baixo acesso às políticas públicas, ainda é traço marcante no meio rural. Destacam-se os baixos percentuais de acesso dessas mulheres aos serviços de assistência técnica e extensão rural e aos financiamentos via crédito rural, instrumentos fundamentais para a inovação e sustentabilidade dos sistemas de produção. Conclui-se que as lacunas de gênero continuam a se configurar como um dos principais óbices ao desenvolvimento rural sustentável.
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