Gênero, território e decolonialidade: experiências e perspectivas no Brasil

Autores

  • Natália Tavares Azevedo
  • Katya Regina Isaguirre Torres UFPR
  • Carolina dos Anjos Borba UFPR

DOI:

https://doi.org/10.5380/guaju.v5i1.68579

Resumo

Nas últimas décadas, no Brasil e em toda a América Latina, tem se observado uma intensificação de conflitos territoriais e socioambientais envolvendo comunidades tradicionais, camponeses, povos originários e outros grupos que têm em sua territorialidade condição fundamental para reprodução da vida. Tal intensificação decorre dos modelos hegemônicos de ‘desenvolvimento’ que têm sido historicamente impostos à América Latina, expressão da colonialidade do poder constitutiva do sistema-mundo moderno/colonial/capitalista/patriarcal (GROSFOGUEL, 2008), baseado na classificação social, hierarquização e subalternização racial, de gênero e de classe (QUIJANO, 2005). Em sua face atual, este sistema-mundo e sua matriz global de poder, com sua divisão internacional do trabalho, põe em marcha práticas neoextrativistas em todo o continente latino-americano. Nesse ‘modelo de desenvolvimento’ são impulsionados empreendimentos ligados à produção de commodities da mineração e do agronegócio, além de obras de infraestrutura viária e energética de suporte à essas atividades (MACHADO ARÁOZ, 2011; MANRIQUE, 2015; MERCHAND ROJAS, 2016).

Biografia do Autor

Katya Regina Isaguirre Torres, UFPR

Professora adjunta do Departamento de Direito Público da UFPR

Carolina dos Anjos Borba, UFPR

Professora adjunta no setor de educação da UFPR

 

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Publicado

2019-08-20

Como Citar

Azevedo, N. T., Torres, K. R. I., & Borba, C. dos A. (2019). Gênero, território e decolonialidade: experiências e perspectivas no Brasil. Guaju: Revista Brasileira De Desenvolvimento Territorial Sustentável , 5(1), 2–14. https://doi.org/10.5380/guaju.v5i1.68579

Edição

Seção

Dossiê