Gênero, território e decolonialidade: experiências e perspectivas no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v5i1.68579Resumo
Nas últimas décadas, no Brasil e em toda a América Latina, tem se observado uma intensificação de conflitos territoriais e socioambientais envolvendo comunidades tradicionais, camponeses, povos originários e outros grupos que têm em sua territorialidade condição fundamental para reprodução da vida. Tal intensificação decorre dos modelos hegemônicos de ‘desenvolvimento’ que têm sido historicamente impostos à América Latina, expressão da colonialidade do poder constitutiva do sistema-mundo moderno/colonial/capitalista/patriarcal (GROSFOGUEL, 2008), baseado na classificação social, hierarquização e subalternização racial, de gênero e de classe (QUIJANO, 2005). Em sua face atual, este sistema-mundo e sua matriz global de poder, com sua divisão internacional do trabalho, põe em marcha práticas neoextrativistas em todo o continente latino-americano. Nesse ‘modelo de desenvolvimento’ são impulsionados empreendimentos ligados à produção de commodities da mineração e do agronegócio, além de obras de infraestrutura viária e energética de suporte à essas atividades (MACHADO ARÁOZ, 2011; MANRIQUE, 2015; MERCHAND ROJAS, 2016).
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