Extrativismo do cambuí (Myrciaria sp.): conhecimentos, práticas e renda na comunidade Ribuleirinha, litoral sul de Sergipe

Autores

  • Liziane Rodrigues dos Santos Universidade Federal de Sergipe
  • Laura Jane Gomes Universidade Federal de Sergipe
  • Carina Angelica dos Santos Universidade Federal de Sergipe
  • Débora Moreira de Oliveira Universidade Federal de Sergipe

DOI:

https://doi.org/10.5380/guaju.v4i2.60775

Palavras-chave:

Produto Florestal Não Madeireiro. Sociobiodiversidade. Conhecimento local.

Resumo

O cambuí (Myrciaria sp.), fruto do cambuizeiro, é um Produto Florestal Não Madeireiro (PFNM) considerado um componente da biodiversidade no estado de Sergipe, acrescido de valor econômico. O presente estudo teve como objetivo analisar os conhecimentos e práticas associados ao extrativismo do cambuí, bem como a renda gerada com a venda dos frutos na comunidade Ribuleirinha, localizada na zona litorânea do município de Estância, sul do estado de Sergipe. A pesquisa ocorreu entre novembro de 2017 e janeiro de 2018, por meio de entrevistas semiestruturadas, em que foram utilizadas ferramentas do Diagnóstico Rural Participativo, e os participantes foram selecionados por meio da técnica “Bola de Neve”. Constatou-se que o extrativismo da espécie é realizado predominantemente por mulheres, porém familiares contribuem nos picos de produção. Além do consumo doméstico, outras formas de aproveitamento, dentro e fora da comunidade, estão surgindo e agregando valor ao produto. Concluiu-se que o sistema extrativista é realizado por meio de práticas e uso de tecnologias simples, baseadas no conhecimento local. A venda dos frutos aparenta estar atrelada a uma demanda que tem aumentado nos últimos anos, contudo é considerada como um complemento para a renda familiar.

Biografia do Autor

Liziane Rodrigues dos Santos, Universidade Federal de Sergipe

Estudante de Engenharia Florestal

Laura Jane Gomes, Universidade Federal de Sergipe

Possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Lavras (1994), mestrado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Lavras (1998) e doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Atualmente professora associada da Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Ciências Florestais. Tem experiência na área socioambiental atuando principalmente nos seguintes temas: Planejamento ambiental e áreas protegidas.

Carina Angelica dos Santos, Universidade Federal de Sergipe

Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente; Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente; Especialista em Gestão Pública Municipal; Formação em Educação a Distancia e em Tecnologia da Informação, Comunicação e Desenvolvimento Regional. Possui graduação em Administração pela Universidade Federal de Sergipe (1997). Atualmente é professora Faculdade Sergipana. Atuando principalmente nos seguintes temas: Administração Geral, Administração Estratégica, Relacionamento com o cliente, Marketing, Qualidade, Comportamento do Consumidor, Gestão de Suprimento e Trabalho Conclusão de Curso. E professora Substituta na UFS ministrando as disciplinas de Introdução à Administração, Ética e Responsabilidade Social, Sociologia e Organização, Métodos e Sistemas Administrativos.

Débora Moreira de Oliveira, Universidade Federal de Sergipe

Tecnóloga em Saneamento Ambiental, formada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe. Bacharel em Ciências Biológicas, formada pela Universidade Federal de Sergipe. Mestre e Doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe.

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Publicado

2018-12-18

Como Citar

dos Santos, L. R., Gomes, L. J., dos Santos, C. A., & de Oliveira, D. M. (2018). Extrativismo do cambuí (Myrciaria sp.): conhecimentos, práticas e renda na comunidade Ribuleirinha, litoral sul de Sergipe. Guaju: Revista Brasileira De Desenvolvimento Territorial Sustentável , 4(2), 63–85. https://doi.org/10.5380/guaju.v4i2.60775

Edição

Seção

Artigos