Extrativismo do cambuí (Myrciaria sp.): conhecimentos, práticas e renda na comunidade Ribuleirinha, litoral sul de Sergipe
DOI:
https://doi.org/10.5380/guaju.v4i2.60775Palavras-chave:
Produto Florestal Não Madeireiro. Sociobiodiversidade. Conhecimento local.Resumo
O cambuí (Myrciaria sp.), fruto do cambuizeiro, é um Produto Florestal Não Madeireiro (PFNM) considerado um componente da biodiversidade no estado de Sergipe, acrescido de valor econômico. O presente estudo teve como objetivo analisar os conhecimentos e práticas associados ao extrativismo do cambuí, bem como a renda gerada com a venda dos frutos na comunidade Ribuleirinha, localizada na zona litorânea do município de Estância, sul do estado de Sergipe. A pesquisa ocorreu entre novembro de 2017 e janeiro de 2018, por meio de entrevistas semiestruturadas, em que foram utilizadas ferramentas do Diagnóstico Rural Participativo, e os participantes foram selecionados por meio da técnica “Bola de Neve”. Constatou-se que o extrativismo da espécie é realizado predominantemente por mulheres, porém familiares contribuem nos picos de produção. Além do consumo doméstico, outras formas de aproveitamento, dentro e fora da comunidade, estão surgindo e agregando valor ao produto. Concluiu-se que o sistema extrativista é realizado por meio de práticas e uso de tecnologias simples, baseadas no conhecimento local. A venda dos frutos aparenta estar atrelada a uma demanda que tem aumentado nos últimos anos, contudo é considerada como um complemento para a renda familiar.
Referências
ALBUQUERQUE, U.; HANAZAKI, N. Árvores de valor e o valor das árvores: Pontos de conexão. Recife, PE: Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia, 2010.
ALENCAR, E. Introdução à metodologia de pesquisa social. Lavras: Editora UFLA, 1999. 100 p.
ANDRADE, R. S. et al. A restinga como recurso para as comunidades costeiras: o caso da comunidade quilombola Santa Cruz - Brejo Grande, SE. In: 30 SEMINÁRIO NACIONAL ESPAÇOS COSTEIROS, 2016, Salvador: UFBA, Campus Ondina, 2016. p. 1-16. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/secosteiros/article/view/18463/11849. Acesso em: 23 maio 2018.
CERQUEIRA, L. Guia do diagnóstico participativo. Rio de Janeiro, 2015. 24p. Disponível em: <http://flacso.org.br/files/2015/08/Guia-do-Diagnostico-Participativo.pdf>. Acesso em: 04 set. 2017.
CORADIN, L.; CAMILLO, J. Introdução. In: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade. VIEIRA, R. F. (Ed.); CAMILLO, J. (Ed.); CORADIN, L. (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: Plantas para o Futuro: Região Centro-Oeste / Ministério do Meio Ambiente. Brasília, DF: MMA, 2016. Disponível em: http://agriculturaconsciente.com.br/wp-content/uploads/2017/08/Plantas-para-o-Futuro_Regi%C3%A3o-Centro-Oeste.pdf. Acesso em: 03 dez. 2017.
FIGUEIREDO, L. D. Empates nos babaçuais: do espaço doméstico ao espaço público – lutas de quebradeiras de coco babaçu no Maranhão. 2005. Dissertação (Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável) - Centro Agropecuário, Núcleo de Estudos Integrados sobre Agricultura Familiar, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Universidade federal do Pará, Belém.
FONSECA-KRUEL, V. S.; PEIXOTO, A. L. Etnobotânica na Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 177-190, jan./mar. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062004000100015. Acesso em: 03 dez. 2017.
GAMA, D. C. et al. O cambuí (Myrciaria tenella (DC.) O. Berg; Myrtaceae): extrativismo e geração de renda em Ribeira do Pombal-Bahia. Revista Brasileira de Agroecologia, [S.l.], v. 12, n. 1, p. 42-51, mar. 2017. Disponível em: <http://revistas.aba-agroecologia.org.br/index.php/rbagroecologia/article/view/20753>. Acesso em: 03 dez. 2017.
GOMES, L. J.; GOMES, M. A. O. Extrativismo e biodiversidade: o caso da fava-d’anta. Ciência Hoje, vol. 27, n. 161, p. 66-69, jan. 2000. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/288467135_O_extrativismo_e_biodiversidade_O_caso_da_fava-d%27anta. Acesso em: 03 dez. 2017.
GOMES, L. J. et al. (Org.). Pensando a biodiversidade: aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi). São Cristóvão: Editora UFS, 2013. 372 p.
GOMES, L.J.; GOMES, M. A. O.; JESUS. N. B. de. Aspectos socioambientais da atividade extrativista de produtos florestais não madeireiros: os casos da Fava-D´Anta (Dimorphandra sp) e da Aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolius Raddi). In: ALBUQUERQUE, U. P.; HANAZAKI, N. (Org.). Árvores de valor e o valor das árvores: pontos de conexão. v. 1. Recife: NUPEEA, 2010. p. 65-107.
HOMMA, A. K. O. Extrativismo vegetal ou plantio: qual a opção para a Amazônia? Estudos Avançados, São Paulo, v. 26, n. 74, p. 167-186. 2012. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10631.doi:http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142012000100012>. Acesso em: 03. fev. 2018.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Densidade demográfica do município de Estância. IBGE, 2016a. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=280210>. Acesso em: 02 jul. 2017.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Extração Vegetal e Silvicultura. v. 31. Rio de Janeiro: IBGE, 2016b. 55p. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/agricultura-e-pecuaria/9105-producao-da-extracao-vegetal-e-da-silvicultura.html?=&t=downloads. Acesso em: 15 jul. 2018.
JESUS. N. B. de; SANTANA, L. L.; GOMES, L. J. Extrativismo: reflexões para a gestão florestal da aroeira (Schinus terebInthifolius Raddi) no Baixo São Francisco - SE-AL. In: AGUIAR NETTO, A. F.; LUCAS. A. A. T. (Org.). Águas do São Francisco. v. 1. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2011. p. 291-308.
LIMA, B. F. Vida e trabalho: um estudo sobre as mulheres extrativistas de mangaba na Ilha do Marajó, Estado do Pará. 2012. Dissertação (Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável) - Universidade Federal do Pará, Belém.
LIMA, I. L. P.; SCARIOT, A. Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável da Mangaba. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2010. 68 p.
MENEZES, S. F. S. et al. Diagnóstico Rural Participativo (DRP) uma ferramenta necessária para investigação/intervenção: experiência do projeto Cajusol no território do Seridó (RN). Área Temática: Desenvolvimento e Espaço: ações, escalas e recursos. In: I CIRCUITO DE DEBATES ACADÊMICOS, 2011, [S.l.]: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 2011, 13p. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/code2011/chamada2011/pdf/area7/area7-artigo59.pdf. Acesso em: 20 jul. 2018.
MORAIS, L. M. F.; CONCEIÇÃO, G. M.; NASCIMENTO, J. M. Família Myrtaceae: Análise Morfológica e Distribuição Geográfica de uma Coleção Botânica. Agrarian Academy, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 1, n. 01, p. 317, 2014. Disponível em: http://www.conhecer.org.br/Agrarian%20Academy/2014a/familia.pdf. Acesso em: 03 dez. 2017.
MOTA, D. M. da et al. O extrativismo de mangaba é "trabalho de mulher"? Duas situações empíricas no Nordeste e Norte do Brasil. Novos Cadernos NAEA, [S.l.], v. 11, n. 2, p. 155-168, dez. 2008. Disponível em: <http://www.periodicos.ufpa.br/index. php/ncn/article/view/276/423>. Acesso em: 31 jan. 2018.
OLIVEIRA, D. M. de et al. Coletânea bibliográfica acadêmica sobre a mangabeira (Hancornia speciosa Gomes). Gaia Scientia, [S.l.], v. 11, p. 212-231, 2017a.
OLIVEIRA, D. M. de et al. Identificação dos pontos críticos no sistema extrativista da mangaba (Hancornia speciosa Gomes) em Sergipe. Guaju, Matinhos, v.3, n.1, p. 11-36, jan./jun. 2017b.
OLIVEIRA, W. L.; SCARIOT, A. Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável do pequi. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2010. 84 p.
PEREIRA, F. A. et al. Análise da atividade extrativista do pequi (Caryocar coriaceum Wittm) em comunidades da chapada do Araripe na região do cariri cearense. Conexões Ciência e Tecnologia, [S.l.], v.8, p. 59-66, 2014. Disponível em: <http://conexoes.ifce.edu.br/index.php/conexoes/article/view/693/470>. Acesso em: 30 jan. 2018.
PROENÇA, C. E. B.; LANDIM, M. F. L.; OLIVEIRA, M. I. U. In: PRATA, A. P. N. et al. (Org.). Flora de Sergipe: Myrtaceae. 1 ed. v. 1. Aracaju: Gráfica e Editora Triunfo, 2013. p. 202-202.
RODRIGUES, R. F. de A. et al. Mapa do extrativismo da mangaba em Sergipe: situação atual e perspectivas. Brasília, DF: Embrapa, 2017. 55 p.
SANTOS, M. A. dos. Análise Geoambiental do município costeiro de Estância-Sergipe. 2011. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Núcleo de Pós-graduação em geografia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
SARMENTO, R. T.; PASTORE Jr, F. Projeto ITTO PD 31/99 Rev.3 (I) Produção não‐madeireira e desenvolvimento Sustentável na Amazônia Objetivo Específico No. 1, Resultado 1.3 Diagnóstico do extrativismo em eixos de análise. Brasília: Universidade de Brasília, 2006. 79p. Disponível em: http://www.itto.int/files/itto_project_db_input/2202/Technical/1.3%20Diagn%C3%B3stico%20do%20extrativismo%20em%20eixos%20de%20an%C3%A1lise.pdf. Acesso em: 27 out. 2017.
SCHNEIDER, F. Z. et al. Estudo dos compostos voláteis e atividade antimicrobiana da Myrciaria tenella (cambuí). Revista Brasileira de Farmacologia, [S.l.], v. 89, n. 2, p. 131-133, 2008.
SILVA, A. V. C. et al. Fruit and seed biometry of cambuí (Myciaria tenella O. Berg). Revista Agroambiente On-line, v. 6, n. 3, p. 258-262, 2012. Disponível em: https://revista.ufrr.br/agroambiente/article/view/831. Acesso em: 27 out. 2017.
SILVA, E. G. Implicações da atividade extrativista sobre a estrutura populacional, densidade e viabilidade do banco de sementes de Syagrus coronata (Mart.). Beccari. 2010. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Biomonitoramento) - Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador. Disponível em: <http://www.repositorio.ufba.br:8080/ri/bitstream/ri/12698/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20E.%20Guirra.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2018.
SILVA, M. G. et al. Potencial de Mandevilla clandestina J. F. Morales (Cipó-de-leite) no artesanato de Parnaíba PI, Brasil. Revista Espacios, v. 37, n. 36, p. 15, 2016.
SILVA, R. R. V. da; GOMES, L. J.; ALBUQUERQUE, U. P. Methods and Techniques for Research on the Supply Chains of Biodiversity Products. In: ALBUQUERQUE, U. P. (Org.) (Ed.). Methods and Techniques in Ethnobiology and Ethnoecology. v. 1. New York: Humana Press, 2014. p. 335-348.
SOLDATI, G. T. Produtos florestais não madeireiros: padrões de uso e conservação de Anadenathera colubrina (Vell.) Brenan no Agreste pernambucano. 2009. Dissertação (Mestrado em botânica) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
TUAN, Y.-F. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do Meio Ambiente. Londrina: Eduel, 2012. 342p.
VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, Campinas, v. 22, n. 44, p. 203-220, ago./dez. 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A publicação do artigo está condicionada à cessão dos direitos autorais, sem ônus, a Guaju, que terá exclusividade de publicá-lo em primeira mão.
Os manuscrtitos serão publicados sob a licença Creative Commons By - Atribuição 4.0 Internacional. Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e desenvolvam seu trabalho, mesmo comercialmente, contanto que eles atribuam o crédito pela criação original. Esta é a mais flexível das licenças oferecidas. Recomendado para máxima divulgação e uso de materiais licenciados.
Para a publicação dos manuscritos em outros meios de veiculação ou compartilhamento, solicita-se que seja mencionada a Guaju como sendo responsável pela primeira publicação do artigo.
As afirmações e os conceitos explicitados nos textos são de inteira responsabilidade dos autores, não recaindo sobre o Conselho Editorial da Guaju.