DA CÁTEDRA À DEPARTAMENTALIZAÇÃO – RAÍZES DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.5380/gestus.v5i0.86290Palavras-chave:
Cátedra, Departamentos, Estrutura organizacional, Ensino Superior, Universidades públicas.Resumo
Desde os primórdios dos cursos superiores no Brasil, a cátedra – seja em seu nível aparente ou imanente – permanece nas universidades públicas brasileiras, impactando práticas pedagógicas e também estruturas organizacionais. Nesse sentido, este artigo apresenta um breve histórico da cátedra universitária no Brasil, sua interface na atuação educacional e administrativa dos docentes, impactos na organização universitária e sua supressão com o advento da Reforma Universitária de 1968, a partir da qual foram introduzidos nas universidades públicas brasileiras os departamentos, modelo esse importado pela ditadura militar da experiência organizacional de universidades estadunidenses. Como resultados da pesquisa, inferimos que ainda hoje as universidades públicas brasileiras, ao mesmo tempo que representam celeiros de inovação, mantêm o duo cátedra-departamento caracterizando seus campus e setores, o que afeta diretamente a forma de organização administrativo-burocrática destes e permanecem como espaços de poder de professores frente às demais categorias das comunidades acadêmicas. Apurou-se também que há exemplos de estruturas universitárias que fogem a essa tradição universitária ainda tão arraigada, o que promove a reflexão sobre a necessidade de uma nova reforma do Ensino Superior brasileiro de modo a conferir às universidades públicas uma estrutura organizacional e pedagógica condizente com as necessidades da sociedade brasileira, em geral, e como suas respectivas comunidades acadêmicas, em especial.
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