UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA RESIDUAL IN NATURA E TORRIFICADA DE BAMBU E EUCALIPTO PARA PRODUÇÃO DE PELLETS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/rf.v55i1.98299

Palavras-chave:

resíduos, biocombustível, energia renovável, qualidade energética

Resumo

Os resíduos de origem florestal são uma importante fonte de biomassa para uso energético. Uma das formas de aproveitamento é a produção de pellets, na qual o material passa por um processo de densificação, a fim de melhorar as propriedades da biomassa. A torrefação da biomassa também pode contribuir para melhorar as propriedades dos pellets. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as propriedades dos pellets produzidos a partir das biomassas in natura e torrificada de Bambu e Eucalipto. Para tanto, foram produzidos pellets da biomassa in natura e após torrificação a 220 ºC, os quais foram avaliados com base nos parâmetros das normas internacionais e de pellets comerciais de Pinus. Verificou-se que os pellets da biomassa de Bambu in natura apresentaram propriedades similares aos pellets comerciais de Pinus, no que tange as propriedades físico-químicas, diferente do Eucalipto, pois este não atendeu ao requisito mínimo referente ao teor de umidade. Os resultados demonstraram que as propriedades químicas e energéticas foram melhoradas com a biomassa torrificada, pois o processo aumentou os teores de carbono fixo e poder calorífico e também a degradação dos pellets em temperaturas maiores, melhorando a combustão. No entanto, as propriedades mecânicas foram afetadas negativamente, para ambas as espécies. Pode-se concluir que o bambu da espécie Phyllostachys aurea apresentou-se como promissora fonte de matéria-prima para produção de pellets a partir da torrefação da biomassa, quando comparada ao mesmo tratamento para a espécie de Eucalyptus dunnii e também comparado ao Pinus taeda na forma in natura.

Biografia do Autor

Rafaela Faber de Campos, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Doutoranda em Ciências Florestais; Mestre em Bioenergia; Pós-Graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho; Graduada em Engenharia Industrial Madeireira. Espanhol, Inglês e Francês intermediário. Alemão básico. Área comercial de indústria madeireira de grande porte, segmento de molduras para exportação e de portas para mercado nacional. Análise e controle de margens de lucro; definição de metas e objetivos para vendas; acompanhamento de satisfação dos clientes e assistencia técnica. Laboratorista em tecnologia, energia e preservação da madeira. Gerenciamento e elaboração de projetos industriais, orçamentos e cronogramas. Controle de produção e qualidade aliada à proposta de melhorias de processo em unidade de indústria de compensados laminados e revestidos. Pesquisa e desenvolvimento, laboratório de qualidade, administração e logística. Área de segurança do trabalho, equipamentos de proteção individual, de diversas áreas da indústria e normas vigentes relacionadas à saúde ocupacional. Energias renováveis e potencial energético de biomassa.

Everton Hillig, Universidade Estadual do Centro-Oeste

Engenheiro Florestal e Mestre pela Universidade Federal de Santa Maria. Doutor em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná. Fez estágios de Pós-Doutorado nas áreas de Ensaios não Destrutivos na Universidade Politécnica de Madrid e de Energia de Biomassa na Universidade de Caxias do Sul. Atualmente é Professor Associado da Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO e desenvolve estágio de Pós-Doutorado como Pesquisador Convidado em Madeira Engenheirada na Universidade de Laval, Quebéc, Canadá. Tem experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase em Tecnologia e Utilização de Produtos Florestais, atuando principalmente nos seguintes temas: painéis de madeira, compósitos, caracterização e qualidade da madeira, produção de móveis e edificações, resíduos de madeira e energia de biomassa. Os principais projetos que atualmente participa são a caracterização de madeira e produtos de madeira, de fontes não tradicionais de espécies e fibras. Seus trabalhos com madeira e resíduos envolvem seu uso múltiplo, inclusive como edificação, mobiliário e fonte de energia.GRUPO DE PESQUISA: Tecnologia de Produtos Florestaisdgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7858555347464810

Erica Leonor Romão, Universidade de São Paulo Escola de Engenheria de Lorena

Graduada em Engenharia Industrial Química (1997), Mestrado (2000) e Doutorado (2011) em Ciências na área de Materiais Aplicados ao Meio Ambiente em Engenharia de Materiais pela Escola de Engenharia de Lorena - EEL/USP (2000). Atuou, 13 anos, como engenheira química na empresa Senergen Energia Renovável S.A. (antiga RM - Materiais Refratários Ltda) empresa do Grupo Peixoto de Castro - GPC, no desenvolvimento da Tecnologia do Programa de Biomassa - Energia e Materiais. Tem experiência na área de Engenharia Química, com ênfase em Processos Orgânicos e Gestão Ambiental atuando principalmente nos seguintes temas: refinaria de biomassa, energia, biomassa, resíduos sólidos urbanos, resíduos agrícolas, celulignina, tratamento de efluentes e Licenciamento Ambiental. Atuou como professora contratada na Escola de Engenharia de Lorena - EEL - USP - Lorena,SP e como Professora Doutora Responsável e Pesquisadora no Centro Universitário de Volta Redonda, RJ (UniFOA). Atua como Professora Doutora e Pesquisadora na Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo - EEL- USP - Lorena, SP, foi coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental de junho/2016 a junho/2020, membro da Comissão de Coordenação do Curso da Engenharia de Materiais e da Comissão do Departamento de Ciências Básicas e Ambientais.

Dimas Agostinho da Silva, Universidade Federal do Paraná

Possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (1979), mestrado em Ciências Florestais pela Universidade de São Paulo - ESALQ/USP (1987) e doutorado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (2001). Foi aluno especial do curso Doutorado em Energia na Agricultura da UNESP. Exerceu os seguintes cargos e funções: foi funcionário do IBDF / IBAMA por três anos, pesquisador do INPA/Instituto de Pesquisas da Amazônia por doze anos, presidente do Instituto do Meio Ambiente do Amazonas por quatro anos, diretor cienticien da FUPEF/Fundação de Pesquisa do Paraná por quatro anos, diretor Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento por dois anos, coordenador geral do Congresso Internacional de Bionergia, membro dos Conselhos Superiores da Universidade Federal (CEPE, COPLAD e COUNCOMUNIC), coordenador do curso de Engenharia Florestal da UFPR e chefe do Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal. Atualmente é professor Titular da Universidade Federal do Paraná. Leciona as disciplinas: Bionergia e Tecnologia Aplicada, Energia de Biomassa, Energia da Madeira, Gestão Ambiental e AvaluaAva do Ciclo de Vida para cursos de graduação e pós-graduação. Atua e tem experiência na Área de Ciências Agrárias: Recursos Florestais e Engenharia Florestal, Bioenergia e Tecnologia Aplicada, Culturas Energéticas e Energia de Biomassa. É Coordenador do Laboratório de Energia de Biomassa (LEB) na UFPR que atua em pesquisas em Bioenergia, Dendroenergia, Biocombústíveis e análises tecnológicas para biomassa energética.

Luciano Farinha Watzlawick, Universidade Estadual do Centro-Oeste

Possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria (1996), mestrado em Sensoriamento Remoto pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e doutorado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Paraná (2003). Atualmente é bolsista de pós-doutorado da Universidade Federal de Santa Maria e professor associado a da Universidade Estadual do Centro-Oeste. Tem experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase em Manejo Florestal, atuando principalmente nos seguintes temas: floresta com araucária, floresta ombrófila mista, sensoriamento remoto, biomassa e fitossociologia.

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Publicado

31-10-2025

Como Citar

Campos, R. F. de, Hillig, E., Leonor Romão, E., Agostinho da Silva, D., & Farinha Watzlawick, L. (2025). UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA RESIDUAL IN NATURA E TORRIFICADA DE BAMBU E EUCALIPTO PARA PRODUÇÃO DE PELLETS. Floresta, 55(1), e98299. https://doi.org/10.5380/rf.v55i1.98299

Edição

Seção

Artigos