Simondon e os sentidos da individuação biológica
DOI:
https://doi.org/10.5380/dp.v16i2.70250Abstract
Este texto destaca a importância do trabalho de Gilbert Simondon para se repensar a individualidade biológica em uma nova base filosófica. Na constituição das ciências da vida, o caráter relacional dos processos biológicos foi obscurecido por um deslocamento de sentidos, que ocorreu como um aspecto da construção mais ampla da individualidade moderna no século XIX. Biólogos teóricos recuperam a importância da noção de relação, reivindicando uma nova concepção de interação biológica, assim como dos conceitos de organismo, adaptação, informação, evolução. O pensamento de Simondon vai ao encontro dessa perspectiva, propondo uma epistemologia que afirma o caráter primordial da relação nos processos de individuação. Sua ontologia tem surpreendente afinidade com a elaboração dessa vertente contemporânea da biologia teórica, sustentada por evidências empíricas da biologia molecular. No entanto, elementos centrais da ontologia de Simondon, mesmo buscando dialogar com a ciência, situam-se em uma metafísica, abordando questões de fronteira nas ciências da vida e na relação entre ciência e filosofia.