Escritor, homossexual, dissidente: o engendramento de párias na Cuba castrista a partir de Antes que Anoiteça, de Reinaldo Arenas.
DOI:
https://doi.org/10.5380/clio.v14i1.95469Palavras-chave:
Homossexualidade, Cuba Revolucionária, Reinaldo Arenas, Literatura.Resumo
O presente artigo tem como objetivo analisar, a partir dos relatos autobiográficos do escritor cubano Reinaldo Arenas (1943-1990), o processo repressivo perpetrado pelas políticas do governo revolucionário castrista em Cuba. Coadunando os elementos acerca da caracterização da homossexualidade e hierarquização baseada em critérios de aproximação/afastamento da feminilidade aos pressupostos do ‘homem novo’ revolucionário, tecidos dentro do conceito exposto por Che Guevara, procura-se desvelar os dispositivos de poder mobilizados pelo governo cubano que possibilitaram um processo violento de repressão aos setores críticos da empreitada. Tais fatores levaram auma noção de moral revolucionária que excluía a multiplicidade de masculinidades não atuantes junto ao conceito próprio de virilidade exaltada pelo projeto da Revolução. Por fim, esboça-se concomitantemente a maneira pela qual a prática da produção literária forneceu bases de afrontamento, transgressão e reformulação das subjetividades dos sujeitos perseguidos, configurando-se como potente forma de resistência frente às coibições.
Referências
Fonte primária
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