O problema da menoridade em Capitães da Areia: uma análise sobre as imagens da infância desamparada e os embates de classes presentes na obra literária de Jorge Amado (1937)
DOI:
https://doi.org/10.5380/clio.v12i2.84484Palavras-chave:
infância desamparada, higienismo, Jorge Amado, literaturaResumo
Este artigo propõe uma breve análise sobre as imagens da infância desamparada presentes na obra Capitães da Areia, publicada pelo escritor baiano Jorge Amado, em 1937. Trazendo questões de raça e classe para o centro da discussão, procuramos demonstrar como o autor não rompe plenamente com o discurso regulador da infância que se estabelecia durante as primeiras décadas do século XX, o qual buscava conduzir especialmente a infância pobre para a esfera do trabalho e para a obediência civil. Ademais, apontamos como a infância não se trata de uma categoria universal, pois é identificada como um conceito histórico, social e economicamente determinado. Representando a infância nos anos 1930, por exemplo, Jorge Amado substitui a noção de pureza da infância pela categoria do menor, um problema a ser enfrentado pelos agentes higienistas do Estado.
Referências
CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990.
CORRÊA, Mariza. “A cidade de menores: uma utopia dos anos 30”. In. FREITAS, Marcos Cezar de (Org.). História Social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez Editora, 1997.
FREITAS, Marcos Cezar de. “História da infância no pensamento social brasileiro. Ou, fugindo de Gilberto Freyre pelas mãos de Mário de Andrade”. In. FREITAS, Marcos Cezar de (Org.). História Social da infância no Brasil. São Paulo: Cortez Editora, 1997.
GAMA, Anne Micheline Souza. Capitães de Salvador: as representações do urbano e das relações sociais na obra Capitães da Areia de Jorge Amado. 2015. 136f. Dissertação (Mestrado em História) — Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2015. Disponível em: <http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/499>. Acesso em: 01 nov. 2021.
LAFETÁ, João Luiz. 1930: a crítica e o modernismo. São Paulo: Duas Cidades/Editora 34, 2000.
PESAVENTO, Sandra J. História & literatura: uma velha-nova história. In: Revista Nuevo Mundo Mundos Nuevos, 2006. Disponível em: <http://nuevomundo.revues.org/1560>. Acesso em: 02 nov. 2021.
PESAVENTO, Sandra J. O mundo como texto: leituras da História e da Literatura. História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, n. 14, v. 7, p. 31-45, set. 2003. p. 32.
RAGO, M. “A colonização da mulher II”. In. Do cabaré ao lar: a utopia da sociedade disciplinar e a resistência anarquista (1890-1930). 4a ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
SANTOS, Marco Antonio Cabral dos. “Criança e criminalidade no início do século XX”. In. DEL PRIORE, Mary. História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010.
SCHWARCZ, Lilia. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e pensamento racial no Brasil: 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).