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O problema da menoridade em Capitães da Areia: uma análise sobre as imagens da infância desamparada e os embates de classes presentes na obra literária de Jorge Amado (1937)

Alex de Lima Ferreira

Resumo


Este artigo propõe uma breve análise sobre as imagens da infância desamparada presentes na obra Capitães da Areia, publicada pelo escritor baiano Jorge Amado, em 1937. Trazendo questões de raça e classe para o centro da discussão, procuramos demonstrar como o autor não rompe plenamente com o discurso regulador da infância que se estabelecia durante as primeiras décadas do século XX, o qual buscava conduzir especialmente a infância pobre para a esfera do trabalho e para a obediência civil. Ademais, apontamos como a infância não se trata de uma categoria universal, pois é identificada como um conceito histórico, social e economicamente determinado. Representando a infância nos anos 1930, por exemplo, Jorge Amado substitui a noção de pureza da infância pela categoria do menor, um problema a ser enfrentado pelos agentes higienistas do Estado.

Palavras-chave


infância desamparada; higienismo; Jorge Amado; literatura

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/clio.v12i2.84484

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