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QUANTIFICAÇÃO DA BIOMASSA E DOS TEORES DE CARBONO DE PTERIDÓFITAS ARBORESCENTES EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

Juliana Klostermann Ziemmer, Alexandre Behling, Ana Paula Dalla Corte

Resumo


O presente trabalho teve como objetivo quantificar a biomassa, o estoque e os teores de carbono em duas espécies de pteridófitas arborescentes: Dicksonia sellowiana e Cyathea corcovadensis, ambas de ocorrência natural na formação Floresta Ombrófila Mista (FOM). Este estudo foi desenvolvido na Estação Experimental da Universidade Federal do Paraná, localizada no município de Rio Negro, PR, a qual detém uma área de 7,5 ha com regeneração natural de xaxins. Foram instaladas 20 parcelas de 50 m² para execução de um inventário florestal e, com base nos dados do inventário, foram selecionados 20 indivíduos de cada espécie para mensuração da biomassa, com finalidade de construir equações. Foram testados seis modelos, os quais foram ajustados utilizando o método dos mínimos quadrados ordinários, em que a seleção das melhores equações foi feita tomando como base as estatísticas do coeficiente de determinação ajustado (R²aj), erro padrão da estimativa (Syx%) e análise gráfica da distribuição dos resíduos. A partir dos dados de altura e diâmetro da base foi estimada a biomassa seca dos componentes de cada indivíduo por meio das equações obtidas e, posteriormente, extrapolou-se os valores de biomassa para a unidade hectare. Ainda, foram determinados os teores de carbono para os componentes da biomassa (fuste, folhas e total) por meio de um analisador de carbono em sólidos (Leco C-144). O estoque de carbono foi obtido por meio da multiplicação do estoque da biomassa de cada componente pelo respectivo teor médio de carbono. Para o estoque total de carbono, foi utilizado o teor médio de carbono ponderado. Para Dicksonia sellowiana o estoque médio de biomassa do componente fuste foi de 29,43 t.ha-1, para folhas igual a 4,34 t.ha-1 e para a biomassa total equivalente a 32,24 t.ha-1. Cyathea corcovadensis obteve média de 2,75 t.ha-1 para fuste, 0,47 t.ha-1 para folhas e 3,53 t.ha-1 para a biomassa total. A média dos teores de carbono para o componente fuste foi de 40,53%; a folhagem obteve média de 38,64%. Considerando todos os componentes, o valor médio ponderado dos teores de carbono foi de 40,28%. O estoque médio total de carbono foi de 13,03 t.ha-1, o que evidencia a importância dessas espécies no sequestro e fixação de carbono e, consequentemente, à minimização do aquecimento global.


Palavras-chave


Xaxim; Fixação de carbono; Mudanças climáticas

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/biofix.v1i1.49100

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