Dados abertos governamentais: iniciativas e desafios na abertura de dados no Brasil e outras esferas internacionais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/atoz.v10i2.77737

Palavras-chave:

Dados Abertos Governamentais, Organização da Informação, Governança, Dados Abertos Ligados.

Resumo

Introdução: A escalada na abertura de dados governamentais é um fenômeno originado a partir de extensos debates sobre a modernização do Estado, aliado à evolução tecnológica. Na literatura, constata-se uma carência de pesquisas científicas de ordem teórica e prática que apresentem cenários mais atualizados a respeito de iniciativas de abertura de dados governamentais, principalmente em ações de organização da informação nesse segmento, tanto no Brasil quanto no exterior. Objetiva apresentar antecedentes e movimento histórico de abertura de dados, além do panorama atual de iniciativas em alguns países continentais, evidenciando estágios e contribuições relevantes às discussões sobre desafios e oportunidades para seus governos. Método: Constitui uma pesquisa qualitativa, de cunho exploratório e descritivo, empregando técnicas de pesquisa bibliográfica e documental para uma revisão sistemática de cenários de dados abertos governamentais tanto no Brasil quanto em outras esferas internacionais. Resultados: Destaca as contribuições teóricas e metodológicas das Ciências da Informação e da Computação nos principais desafios mapeados na pesquisa, além do declínio de nações como os EUA e Reino Unido, outrora líderes do movimento, e a ascensão de novos protagonistas, como Coréia do Sul, França, Irlanda e Espanha, também apresentando o atual cenário brasileiro. Conclusão: Evidencia que um dos principais êxitos na abertura de dados incide na forma como os governos estão lidando com a Política de Dados Abertos Governamentais, e que aspectos internos de governança estão afetando a publicação de dados na rede, conforme preceitos do movimento aberto recomendados na literatura.

Biografia do Autor

Dirceu Flávio Macedo, Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Espírito Santo

Mestrando em Ciência da Informação pelo Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Espírito Santo. É Designer e arquiteto da informação da Prefeitura Municipal de Vitória desde 2010 e atua na área de Tecnologia da Informação pela Subsecretaria de Tecnologia da Informação no desenvolvimento de sites e sistemas para web (padrões web, acessibilidade, linguagens e tecnologias de internet em geral, arquitetura de informação e Design de experiência).

Daniela Lucas da Silva Lemos, Universidade Federal do Espírito Santo Departamento de Biblioteconomia

Professora do Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Espírito Santo. Possui graduação em Administração de Sistemas de Informação, mestrado e doutorado em Ciência da Informação pela UFMG. Tem experiência extensa em Ciência da Informação, com ênfase em Organização do Conhecimento, Ontologias, Padrões de Metadados e Anotação Semântica de Recursos Multimídia na Web.

Referências

Afful-Dadzie, E., & Afful-Dadzie, A. (2017). Open Government Data in Africa: A preference elicitation analysis of media practitioners. Government Information Quarterly, 34(2), 244-255. doi: https://doi.org/10.1016/j.giq.2017.02.005.

Altayar, M. S. (2018). Motivations for open data adoption: An institutional theory perspective. Government Information Quarterly, 35(4), 633-643. doi: https://doi.org/10.1016/j.giq.2018.09.006.

Attard, J., Orlandi, F., Scerri, S., & Auer, S. (2015). A systematic review of open government data initiatives. Government Information Quarterly, 32(4), 399-418. https://doi.org/10.1016/j.giq.2015.07.006.

Bardin, L. (2016). Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Bauer, F., & Kaltenböck, M. (2011). Linked open data: The essentials. Vienna: Edition Mono/Monochrom.

Berners-Lee, T. (2009). Putting government data online. Recuperado de https://www.w3.org/DesignIssues/GovData.html

Berners-Lee, T., Hendler, J., & Lassila, O. (2001). The semantic web. Scientific american, 284(5), 34-43.

Bizer, C., Heath, T., & Berners-Lee, T. (2009). Linked data - the story so far. International Journal on Semantic Web and Information Systems, 5, 1–22.

Blank, M. (2019). Open data maturity report 2019. European Data Portal. Recuperado de https://www.europeandataportal.eu/sites/default/files/open_data_maturity_report_2019.pdf.

Brito, K. dos S., Costa, M. A. da S., Garcia, V. C., & Meira, S. R. de L. (2014, June). Brazilian government open data: implementation, challenges, and potential opportunities. In Proceedings of the 15th annual international conference on digital government research (pp. 11-16).

Chatfield, A. T., & Reddick, C. G. (2018). The role of policy entrepreneurs in open government data policy innovation diffusion: An analysis of Australian Federal and State Governments. Government Information Quarterly, 35(1), 123-134. doi: https://doi.org/10.1016/j.giq.2017.10.004.

Chignard, S. (2013). A brief history of open data. Paris Tech Review, 29. Recuperado de http://parisinnovationreview.com/articles-en/a-brief-history-of-open-data.

Crusoe, J. R., & Ahlin, K. (2019). Users’ activities for using open government data–a process framework. Transforming Government: People, Process and Policy, 13(3/4), 213-236. doi: https://doi.org/10.1108/TG-04-2019-0028.

Davies, T. (2010). Open data, democracy and public sector reform. Recuperado de http://www.opendataimpacts.net/report/.

Davies, T. G., & Bawa, Z. A. (2012). The promises and perils of open government data (OGD). The Journal of Community Informatics, 8(2), 1-8. doi: https://doi.org/10.15353/joci.v8i2.3035.

Gil, A. C. (2019). Como elaborar projetos de pesquisa (6a ed.). São Paulo: Atlas.

Gilliland, A. J. (2016). Setting the stage. In: M. Baca (Ed.). Introduction to metadata (3th ed, pp. 1-19). Los Angeles: Getty Research Institute.

González, J. A. M. (2011). Linguagens documentárias e vocabulários semânticos para a web: elementos conceituais. Bahia: EDUFBA.

Gray, J. (2014, Sept.). Towards a genealogy of open data. In The paper was given at the General Conference of the European Consortium for Political Research in Glasgow. doi: http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2605828.

Huang, R., Wang, C., Zhang, X., Wu, D., & Xie, Q. (2019). Design, develop and evaluate an open government data platform: a user-centred approach. The Electronic Library, 37(3), 550-562. doi: https://doi.org/10.1108/EL-02-2019-0037.

International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA). (2009). Functional requirements for bibliographic records. Study group on the functional requirements for bibliographic records. Recuperado de https://www.ifla.org/files/assets/cataloguing/frbr/frbr_2008.pdf.

Jetzek, T., Avital, M., & Bjørn-Andersen, N. (2014, June). Generating sustainable value from open data in a sharing society. In International Working Conference on Transfer and Diffusion of IT (pp. 62-82). Springer, Berlin, Heidelberg.

Joudrey, D. N., Taylor, A. G., & Miller, D. P. (2015). Introduction to cataloging and classification. Santa Barbara: ABC-CLIO.

Juana-Espinosa, S. de., & Luján-Mora, S. (2019). Open government data portals in the European Union: Considerations, development, and expectations. Technological Forecasting and Social Change, 149, 119769. doi: https://doi.org/10.1016/j.techfore.2019.119769.

Kassen, M. (2018). Open data and its institutional ecosystems: A comparative cross‐jurisdictional analysis of open data platforms. Canadian Public Administration, 61(1), 109-129. doi: https://doi.org/10.1111/capa.12251.

Kučera, J., Chlapek, D., Klímek, J., & Necaský, M. (2015). Methodologies and Best Practices for Open Data Publication. In M. Necaský, J. Pokorný & P. Moravec (Eds.), DATESO (pp. 52-64): CEUR-WS.org.

Lancaster, F. W. (1986). Vocabulary control for information retrieval. Arlington, VA: Information Resources Press.

Lemos, D.L. da S.; Mendonça, F. M.; & Souza, R. R. (2020). Ontologias no suporte semântico na organização de acervos digitais em rede. In: M. B. Almeida, Representação do Conhecimento, Ontologias e Linguagem: pesquisa aplicada em Ciência da Informação (pp. 161-191). Curitiba: CRV.

Lemos, D.L. da S., & Souza, R. R. (2020). Knowledge Organization Systems for the Representation of Multimedia Resources on the Web: A Comparative Analysis. Knowledge Organization, 47(4), 300-319. doi: https://doi.org/10.5771/0943-7444-2020-4-300.

Luna-Reyes, L. F., & Najafabadi, M. M. (2019). The US open data initiative: The road ahead. Information Polity, 24(2), 163-182. doi: https://doi.org/10.3233/IP-180106.

Macedo, D. F., & Lemos, D. L.S. (2019). Dados governamentais na rede linked open data: iniciativas nas esferas públicas brasileiras. In Encontro Nacional de Pesquisa em Pós-Graduação em Ciência da Informação, Florianópolis, 20.

Machado, L. M. O., Souza, R. R., & Simões, M. G. (2019). Semantic web or web of data? a diachronic study (1999 to 2017) of the publications of tim berners‐lee and the world wide web consortium. Journal of the Association for Information Science and Technology, 70(7), 701-714. doi: https://doi.org/10.1002/asi.24111.

Ministério do Planejamento (2018). Plano de dados abertos vigência 12/2018 a 12/2020. Recuperado de https://plano.dados.planejamento.gov.br/

Open Government Partnership. (2011). Open Government Declaration. Recuperado de https://www.opengovpartnership.org/process/joining-ogp/open-government-declaration/

Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD). (2019). Open, Useful and Re-usable data (OURdata) Index: 2019. Paris: OECD Public Governance Policy Papers. Recuperado de http://www.oecd.org/gov/digital-government/ourdata-index-policy-paper-2020.pdf.

Pavlík, J., Hrnčírová, M., Stočes, M., Masner, J., & Vaněk, J. (2020). Usability of IoT and Open Data Repositories for Analyzing Water Pollution. A Case Study in the Czech Republic. ISPRS International Journal of Geo-Information, 9(10), 591. doi: https://doi.org/10.3390/ijgi9100591.

Pinto, J. A., & Almeida, M. B. (2020). Ontologias públicas sobre governo eletrônico: Uma Revisão Sistemática da Literatura. Brazilian Journal of Information Science, 14(3), e020003. doi: https://doi.org/10.36311/1940-1640.2020.v14n3.10105.

Portal Brasileiro de Dados Abertos. (2020). Sobre o dados.gov.br. Recuperado de http://dados.gov.br/pagina/sobre.

Rautenberg, S., Souza, L. de., Dall'Agnol, J. M. H., & Michelon, G. A. (2019). Guia prático para publicação de dados abertos conectados na web. Curitiba: Appris Editora.

Ribeiro, C. J. S., & Almeida, R. F. de. (2011). Dados Abertos Governamentais (Open Government Data): instrumento para exercício de cidadania pela sociedade. In Encontro Nacional de Pesquisa em Pós-Graduação em Ciência da Informação, Brasília, 12.

Sáez Martín, A., Rosario, A. H. D., & Pérez, M. D. C. C. (2016). An international analysis of the quality of open government data portals. Social science computer review, 34(3), 298-311. doi: https://doi.org/10.1177/0894439315585734.

Santarem Segundo, J. E. (2015). Web semântica, dados ligados e dados abertos: uma visão dos desafios do Brasil frente às iniciativas internacionais. In Encontro Nacional de Pesquisa em Pós-Graduação em Ciência da Informação, João Pessoa, 16.

Saxena, S. (2017). Open public data (OPD) and the Gulf Cooperation Council (GCC): challenges and prospects. Contemporary Arab Affairs, 10(2), 228-240. doi: https://doi.org/10.1080/17550912.2017.1297565.

Schrock, A. R. (2016). Civic hacking as data activism and advocacy: A history from publicity to open government data. New Media & Society, 18(4), 581-599. doi: https://doi.org/10.1177/1461444816629469.

Shepherd, E., Bunn, J., Flinn, A., Lomas, E., Sexton, A., Brimble, S., Chorley, K., Harrison, E., Lowry. J. & Page, J. (2019). Open government data: critical information management perspectives. Records Management Journal, 29(1/2), 152-167. doi: https://doi.org/10.1108/RMJ-08-2018-0023.

Silva, P. N., & Pinheiro, M. M. K. (2015). Dados governamentais abertos e a Lei de Acesso à Informação: diagnóstico nas universidades públicas federais brasileiras. In Encontro Nacional de Pesquisa em Pós-Graduação em Ciência da Informação, João Pessoa, 16.

Silva, P. N., & Pinheiro, M. M. K. (2019). Execução da política de dados abertos no Brasil: uma avaliação dos três anos do decreto n. 8.777/2016. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, 12(2). Recuperado de https://revistas.ancib.org/index.php/tpbci/article/view/495.

Vetrò, A., Canova, L., Torchiano, M., Minotas, C. O., Iemma, R., & Morando, F. (2016). Open data quality measurement framework: Definition and application to Open Government Data. Government Information Quarterly, 33(2), 325-337. doi: https://doi.org/10.1016/j.giq.2016.02.001.

Victorino, M. de C., Shiessl, M., Oliveira, E. C., Ishikawa, E., Holanda, M. T. de., & Hokama, M. de L. (2017). Uma proposta de ecossistema de big data para a análise de dados abertos governamentais concetados. Informação & Sociedade: Estudos, 27(1). Recuperado de https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/29299.

Wang, D., Chen, C., & Richards, D. (2018). A prioritization-based analysis of local open government data portals: A case study of Chinese province-level governments. Government Information Quarterly, 35(4), 644-656. doi: https://doi.org/10.1016/j.giq.2018.10.006.

Wang, V., & Shepherd, D. (2020). Exploring the extent of openness of open government data–A critique of open government datasets in the UK. Government Information Quarterly, 37(1), 101405. doi: https://doi.org/10.1016/j.giq.2019.101405.

Wang, V., Shepherd, D., & Button, M. (2019). The barriers to the opening of government data in the UK: A view from the bottom. Information Polity, 24(1), 59-74. doi: https://doi.org/10.3233/IP-180107.

Wirtz, B. W., Piehler, R., Thomas, M. J., & Daiser, P. (2016). Resistance of public personnel to open government: A cognitive theory view of implementation barriers towards open government data. Public Management Review, 18(9), 1335-1364. doi: https://doi.org/10.1080/14719037.2015.1103889.

Yi, M. (2019). Exploring the quality of government open data. The Electronic Library, 37(1), 35-48. doi: https://doi.org/10.1108/EL-06-2018-0124.

Young, A., & Verhulst, S. (2016). The global impact of open data: Key findings from detailed case studies around the world. [S. l.]: O’Reilly.

Downloads

Publicado

2021-04-22

Como Citar

Macedo, D. F., & Lemos, D. L. da S. (2021). Dados abertos governamentais: iniciativas e desafios na abertura de dados no Brasil e outras esferas internacionais. AtoZ: Novas práticas Em informação E Conhecimento, 10(2), 14–26. https://doi.org/10.5380/atoz.v10i2.77737

Edição

Seção

Artigos