Gestão de Dados de Comunidades Tradicionais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/atoz.v14.102231

Palavras-chave:

Gestão de dados, Povos e comunidades tradicionais, Governança de dados indígenas, Princípios CARE, Princípios FAIR, Rótulos TK e BC

Resumo

Introdução: a entrevista discute a gestão de dados de povos e comunidades tradicionais, com foco nas implicações éticas, políticas e epistemológicas de seu tratamento. Destaca-se como princípios e instrumentos de governança podem orientar práticas de ciência aberta sem violar a soberania dos saberes comunitários. Método: entrevista qualitativa guiada por questões semiestruturadas e ancorada em revisão seletiva da literatura sobre governança de dados indígenas, princípios FAIR e CARE, rótulos TK/BC e marcos normativos internacionais aplicáveis aos povos e comunidades tradicionais. Resultados: a discussão evidencia que a gestão de dados de comunidades tradicionais está intrinsecamente ligada à soberania dos saberes, à justiça cognitiva e à decolonização das metodologias de pesquisa; diferencia dados científicos convencionais de registros de conhecimentos tradicionais; explicita tensões éticas, políticas e jurídicas na coleta, integração e abertura de dados; discute o papel articulado dos princípios CARE e FAIR; e apresenta os rótulos Traditional Knowledge Labels (TK) e Biocultural Labels (BC), bem como experiências nacionais e internacionais, como instrumentos de governança comunitária, preservação da integridade cultural e reconhecimento dos detentores originais do conhecimento. Conclusão: demonstra que incorporar epistemologias e protocolos comunitários à gestão de dados científicos exige reposicionar repositórios, políticas de ciência aberta e marcos regulatórios, reconhecendo a centralidade dos direitos coletivos, da participação ativa das comunidades tradicionais em todas as etapas do ciclo de vida dos dados e da possibilidade de definir graus diferenciados de abertura, compartilhamento ou restrição, em direção a modelos de governança mais éticos, contextuais e equitativos.

Biografia do Autor

Geisa Müller de Campos Ribeiro, Universidade Federal de Goiás

Professora com dedicação exclusiva do curso de Biblioteconomia (eixo tecnológico) da Universidade Federal de Goiás. Doutora em Comunicação, mídia e cultura pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFG. Mestre em Comunicação. Bacharel em Biblioteconomia pela Faculdade de Informação e Comunicação na Universidade Federal de Goiás. Professora do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Ciência da Informação (PPGCI/FIC). Participante da Linha de pesquisa Arcabouço Teórico-Conceitual" do Instituto Nacional de Ciência Cidadã (INCC). Pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em Gestão, Politicas e Tecnologia de Informação (NGP/TI-UFG). Pesquisadora em cooperação internacional com a Heriott-Watt University (Escócia) para desenvolvimento de gamificação para grupos vulneráveis e compreensão do acesso à informação e tomada de decisões. Atua no grupo de implantação do Centro de Ciência Aberta da UFG e no projeto "Ciência aberta e gestão do conhecimento tradicional e científico". Atualmente estuda Comunicação científica, Ciência Aberta, avaliação de CTI, Ciência cidadã e Gestão de Dados Indígenas. É Professora formadora do curso Biblio Ead da Universidade Federal de Goiás. Professora do curso de Especialização Letramento Informacional: educação para a informação. É integrante do GT de acessibilidade da FABAB

Laura Vilela Rodrigues Rezende, Universidade Federal de Goiás

Professora Titular da Universidade Federal de Goiás (UFG) atuando na Faculdade de Informação e Comunicação. Professora do programa de pós graduação em Comunicação e Informação (PPGCOM). Pesquisadora visitante na Universidade de Harvard junto à equipe de Curadoria Digital do Projeto Dataverse no Institute for Quantitative Social Science (IQSS). Estágio Pós-Doutoral na Universidade de Barcelona em projetos de pesquisa sobre Ciência Aberta e Preservação Digital no contexto europeu e Brasileiro; Doutora e mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília (UnB; Especialista em Inteligência Organizacional e Competitiva pela Universidade de Brasília (UnB); Especialista em Redes de Computadores pela Universidade Católica de Goiás (UCG); Graduada em Ciência da Computação pela Universidade Católica de Goiás (UCG).

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Publicado

2025-11-26

Como Citar

Ribeiro, G. M. de C., & Rezende, L. V. R. (2025). Gestão de Dados de Comunidades Tradicionais . AtoZ: Novas práticas Em informação E Conhecimento, 14. https://doi.org/10.5380/atoz.v14.102231

Edição

Seção

Entrevistas