O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL NA VISÃO DE PROFESSORES DA RME-BH
DOI:
https://doi.org/10.5380/jabs.v1i1.86188Abstract
Este artigo tem como objetivo refletir sobre a presença do discurso da democracia racial na fala de educadores da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte diante das proposições da Lei n° 10.639/2003 que estabelecem o ensino/aprendizagem da Arte, da História e das Culturas afro-brasileiras e africanas no Ensino Básico no Brasil. Para isso, tomamos as reflexões de GOMES: 2005, 2013; GUIMARÃES: 1999, 2002, 2005 e MUNANGA: 1999, para discutirmos o mito da democracia racial brasileira e as reflexões críticas da Análise do Discurso em VAN DIJK: 2003, ORLANDI: 2015, SILVA:2005, dentre outros. Os dados aqui apresentados foram coletados em áudio durante realização de grupo focal[1]com oito professores da RME-BH, sob o tema gerador “A redução da maioridade penal no Brasil - PEC171/193”. Os argumentos utilizados pelos docentes por vezes reproduzem, por vezes questionam o mito da democracia racial brasileira, deixando ver seus posicionamentos sobre ações afirmativas e sobre as relações étnico-raciais no Brasil.
[1] Grupo focal realizado durante a coleta de dados da dissertação de mestrado intitulada Lei nº 10.639/2003 – Deslocamentos Discursivos sobre a Educação das Relações Raciais no Brasil: Tensões e silenciamentos no Contexto Escolar da Rede Pública de Belo Horizonte no ano 2017, FaE/UFMG.
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