Efeitos da regularização na tomografia de refração sísmica marinha rasa 2-D

Autores

  • Frank Cenci Bulhoes Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A. Universidade Federal Fluminense
  • Victor Thadeu Xavier de Almeida Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A.
  • Marco Antonio Cetale Santos Universidade Federal Fluminense
  • Luiz Alberto Santos Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A. Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.5380/abequa.v12i2.73369

Palavras-chave:

sísmica, velocidade, refração, tomografia, regularização, Tikhonov

Resumo

Na sísmica de exploração, soluções precisas de superfície rasa são essenciais para o mapeamento de estruturas de baixo-relevo e armadilhas estratigráficas. Tais feições podem ser identificadas através da velocidade em subsuperfície, as quais a tomografia de primeiras quebras pode estimar de forma robusta. Uma abordagem comum para estabilizar o problema inverso mal-posto é aplicar a regularização, que na prática corresponde a restringir as possíveis soluções para a inversão. Assim, um termo de regularização é frequentemente incorporado na função de erro tomográfica para resolver a não-unicidade do problema geofísico inverso. O objetivo deste trabalho é avaliar o algoritmo de tomografia de refração e os efeitos da regularização e analisar os efeitos destas nas velocidades sísmicas resultantes. O estudo baseou-se, metodologicamente, em um estudo de caso. As regularizações testadas neste trabalho foram a Tikhonov de ordem 1, as variantes de ordem 1 e ordem 2.  Utilizou-se o programa em linguagem Fortran criado pelo Grupo de Imageamento Sísmico e Inversão da Universidade Federal Fluminense.  O programa de tomografia é baseado no traçamento de raios de Podvin. A obtenção da matriz de tempo de trânsito utiliza diferenças finitas pela equação eikonal referente às primeiras chegadas, cálculo de matriz tomográfica e aplicação do algoritmo de regularização. O modelo de velocidade sintético é baseado numa geologia de canal de fundo marinho raso. Comparou-se o modelo verdadeiro que contém três camadas e estrutura de um canal de fundo marinho, com velocidades de 1500 m/s (água), 2000 m/s e 2500 m/s com os resultados da tomografia de tempo de trânsito sem regularização com os esquemas de regularização. Os tempos de trânsito para tomografia foram obtidos por modelagem direta desse modelo, com o mesmo algoritmo usado na tomografia para cálculo do tempo de trânsito. Conclui-se desse trabalho que: 1) os resultados da tomografia apresentam melhores resultados com melhor definição e menor distorção das estruturas com a aplicação da regularização; 2) a regularização de Tikhonov de ordem 2 apresentaram maior rapidez de convergência com melhoria no modelo de velocidade e 3) o teste de sensibilidade dos parâmetros mostra o quanto uma escolha não adequada pode distorcer as estruturas geológicas.

Biografia do Autor

Frank Cenci Bulhoes, Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A. Universidade Federal Fluminense

Bacharel em Física (2003) e Matemática (2006) pela  Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestrado em Geofísica pela Universidade Federal Fluminense (2020). Principais áreas de interesse:modelagem de velocidade sísmica para conversão tempo-profundidade, estimação de propriedades físicas das rochas, modelagem regional de velocidade sísmica e estimativa de atributos sísmicos para detecção de falhas e fraturas. Trabalho na Petrobras desde 2010 dedicando principalmente em modelagem regional de velocidades sísmicas para exploração, no cargo de geofísico.

Victor Thadeu Xavier de Almeida, Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A.

Bacharel em Física (2006) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Geofisica pela Universidade Federal Fluminense (2013). Experiência em processamento sísmico, interpretação sísmica e programação científica (Fortran, Python). Com interesse em Física de Rochas e suas aplicações na interpretação de dados geofísicos e geológicos, como no uso do AVO. Atualmente trabalho como Geofísico na Petrobras desde 2019.

Marco Antonio Cetale Santos, Universidade Federal Fluminense

Possui graduação em Engenharia Eletrônica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (1996), mestrado em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-Rio (1999) e doutorado em Processamento de Sinais pela Engenharia Elétrica da PUC-Rio (2003). Foi chefe do Departamento de Geologia e Geofísica, hoje é Professor Associado 1 e ministra aulas nos cursos de graduação em Geofísica e pós-graduação em Dinâmica dos Oceanos e da Terra da Universidade Federal Fluminense (UFF), também é revisor da Revista Brasileira de Geofísica. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geofísica Aplicada, atuando principalmente em temas ligados ao método sísmica, tais como: anisotropia, imageamento, inversão e processamento. Tem experiência na coordenação e participação em projetos de pesquisa e desenvolvimento.

Luiz Alberto Santos, Petrobras - Petróleo Brasileiro S.A. Universidade Federal Fluminense

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994), mestrado em Geologia Estrutural pela Universidade Federal de Ouro Preto (1996), doutorado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Atuou como geólogo de campo pela Vale contribuindo com as descobertas cupro-auríferas na Província de Carajás. No Centro de Pesquisas da Petrobras atuou na execução, desenvolvimento e coordenação de projetos voltados para integração de dados, modelagem de bacias e sistemas petrolíferos, modelagem sísmica (acústica, elástica isotrópica e anisotrópica, visco-elástica, poro-elástica), imageamento sísmico, inversão de dados sísmicos (FWI), tomografia e interpretação. Atua no setor de Tecnologia Geofísica de E&P na PETROBRAS desde 2014. Compõe o quadro de docentes no Curso Avançado de Geofísica na Petrobras desde 2012. A partir de 2016 leciona como Professor Adjunto no Departamento de Geologia e Geofísica na Universidade Federal Fluminense nos cursos de Modelagem Sísmica, Tomografia e Prospecção Mineral.

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Publicado

2021-12-30

Como Citar

Bulhoes, F. C., de Almeida, V. T. X., Santos, M. A. C., & Santos, L. A. (2021). Efeitos da regularização na tomografia de refração sísmica marinha rasa 2-D. Quaternary and Environmental Geosciences, 12(2). https://doi.org/10.5380/abequa.v12i2.73369

Edição

Seção

Geologia e Geofísica Marinha