Open Journal Systems

Gênese de um Depósito de Turfa na Plataforma Continental do Rio Grande do Sul-Brasil

Iran Carlos Stalliviere Corrêa, Jair Weschenfelder, Elirio Ernestino Toldo Jr., Ricardo Baitelli, Cristiane Bahi dos Santos-Fischer

Resumo


O presente trabalho aborda a ocorrência de turfa na plataforma continental do Rio Grande do Sul-Brasil a uma profundidade de 60 m abaixo do nível de mar atual. A amostra analisada faz parte do testemunho T-27 obtido na Operação Oceanográfica GEOMAR VII. Foram efetuadas análises granulométricas dos sedimentos do testemunho, análises palinológicas, datação de Carbono 14 e razão C13/C12 (d13C) na amostra de turfa. Os resultados obtidos classificam o material analisado como pertencente a uma antiga planície de inundação, provavelmente pertencente à antiga drenagem do rio Jaguarão ou Camaquã. A idade da amostra de turfa de 12.540-12.150 cal anos AP e a ocorrência deste depósito a 60 m de profundidade, permite interpretar uma longa estabilização do nível do mar durante a última transgressão do Holoceno, ou seja, uma condição ambiental costeira necessária para a gênese deste depósito


Palavras-chave


Turfa; Plataforma Continental; Estabilização do nível do mar; Rio Grande do Sul

Texto completo:

PDF

Referências


Abreu S. F. 1973. Recursos Minerais do Brasil. 2ª ed. São Paulo, Ed. Edgard Blücher, v.2, 325-754p.

Aguiar S.C. 1987. Fontes energéticas brasileiras–inventário/tecnologia: Turfa. CHESF, v. I e II, Rio de Janeiro.

Allen J.R.L. 1964. Six cyclothems from the lower Old Red Sandstone, Anglo-Welch Basin. Sedimentology, Amsterdam, 3:163-198.

Alpern M.B. 1976. Les Sciences; la grande encyclopédie alfa des Sciences et techniques. Paris, Idées et Editions, p.106.

Barletta R.C., Calliari L.J. 2001. Determinação da intensidade das tempestades que atuam no litoral do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas em Geociências, Porto Alegre, 28(2):117-124.

Brito D.M., Mendonça Filho J.G., Mendonça J.O., Oliveira A.D. 2009. Caracterização organofaciológica do intervalo formacional rio da Batateira, Santana, Bacia do Araripe. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS, 5. Associação Brasileira de PD em Petróleo e Gás –ABPG, Fortaleza. Disponível em: http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/5/publicacoes/repositorio/trabalhos/27012009.3.1.2.pdf. Acesso em 15 de maio de 2014.

Boldrini I.I., Longhi-Wagner H.M., Boechat S.C. 2005. Morfologia e Taxonomia de Gramíneas sul-rio-grandenses. Porto Alegre, Ed. da Universidade/UFRGS, 96p.

Calliari L.J., Tozzi H.A.M., Klein A.H. 1998. Beach morphology and coastline erosion associated with storm surges in southern Brazil, Rio Grande to Chui. In: Land-Ocean Interactions in Costal Zone (LOICZ) Meeting. Academia Brasileira de Ciências, Anais, Rio de Janeiro. 70(2):231-247.

Corrêa I.C.S. 1990. Analyse morphostructurale et evolution paleogeographique de la plate-forme continentale Atlantique sud-brésilienne (Rio Grande do Sul-Brésil).Bordeaux. Thèse de Doctorat. N*477. Université de Bordeaux I, Talence-France, 314p.

Corrêa I.C.S. 1996. Les variations du niveau de la mer durant les derniéres 17.500 ans BP: l’exemple de la plate-forme continentale du Rio Grande do Sul-Brésil. Marine Geology, Amsterdam. 130(1/2):163-178.

Corrêa I.C.S., Weschenfelder J., Toldo Jr. E.E., Baitelli R. 2013. Depósito de turfa na plataforma continental do sul do Brasil. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DO QUATERNÁRIO, 14. Natal, Resumo dos trabalhos (CD), Natal, 1p.

Delaney P.J.V. 1965. Fisiografia e Geologia da superfície da planície costeira do Rio Grande do Sul. Escola de Geologia, UFRGS, Porto Alegre. Publicação Especial 6, 105p.

Dillenburg S.R. 1994. A laguna de Tramandaí: evolução geológica e aplicação da metodologia geocronológica da termoluminescência. Porto Alegre. Tese de Doutorado. Curso de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 114p.

Erdtman G. 1952. Pollen morphology and plant taxonomy-angiosperms. Stockholm, Almqvisit & Wiksell, 132p.

Erdtman G. 1960. The acetolysis method: a revised description. Svensk Botanisk Tidskrift, 54(4):561-564.

Faegri K., Versen J. 1975. Text-book of pollen analysis. Scientific Publications. Amsterdam, 295 p.

Flexor J.M., Martin L., Suguio K. 1978. Sobre a utilização da razão isotópica 13C/12C na determinação de paleoambientes marinhos e lagunares. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 30. Recife, Resumo das Comunicações, Recife, p.173-174.

Folk R.L., Ward W.C. 1957. Brazos River bar: a study on the significance of grain size parameters. Journal of Sedimentary Petrology, 27(1):3-26.

Habib D. 1982. Sedimentary supply origin of cretaceous black shales. In: Shlanger S.O., Cita M.B (Ed.). Nature and origin of Cretaceous Carbon-rich Facies. Academic Press, London p. 113-127.

Hemming D.L., Switsur V.R., Waterhouse J.S., Heaton T.H.E., Carter A.H.C. 1998. Climate variation and the stable carbon isotope composition of tree ring cellulose: an intercomparison of Quercus robur, Fagus sylvatica and Pinus silvestris. Tellus 50B: 25.

Johnson S.W. 1859. Essays on peat muck and commercial manures. Hartford, Brow and Cross. p. 15-18.

Joly A.B. 2002. Botânica: Introdução à taxonomia vegetal. 13ª ed. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 777p.

Leinz V., Amaral S.E. 1975. Geologia Geral. São Paulo. Companhia Editora Nacional. 523p.

Lichtfouse E., Schwarzbauer J., Robert D. 2005. Environmental Chemistry – Green Chemistry and Pollutants in Ecosystems. Springer-Verlag Ed. Berlim-Heidelberg. 820p.

Martins L.R., Martins I.R. 2004. Presença de turfa na plataforma continental do Rio Grande do Sul. Gravel, Porto Alegre, 2:77-85.

Medeanic S. 2006. Freshwater algal palynomorph records from Holocene deposits in the Coastal Plain of the Rio Grande do Sul, Brazil. Review of Palaeobotany and Palynology 141:83-101.

Menezes T.R. 2002. Aplicação de parâmetros palinofaciológicos e organogeoquímicos na reconstrução paleoambiental do talude continental brasileiro recente na Bacia de Campos, RJ. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geologia. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 174 p.

Mendonça Filho J.G. 1999. Aplicação de estudos de palinofácies e fácies orgânica em rochas do Paleozoico da Bacia do Paraná, Sul do Brasil. Porto Alegre. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 338p.

Mendonça Filho J.G., Carvalho M.A., Menezes T.R. 2002. Palinofácies: In: Dutra T. L. (Ed.) Técnicas e procedimentos de trabalho com fósseis e formas modernas comparativas, Editora Unisinos, p. 20-24.

Mendonça Filho J.G., Menezes T.R. 2001. Curso de palinofácies e fácies orgânicas. IGEO, Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 114p.

Meyer K.E.B., Mendonça Filho J.G., Ashraf A.R. 2005. Análise de palinofácies em sedimentos holocênicos da lagoa dos Quadros, Rio Grande do Sul-Brasil. Revista Brasileira de Paleontologia 8(1):57-72.

Meyer K.E.B., Souza P.A., Cwik M.R., Menezes T.R., Buchmann F.S. 2006. Palinofácies e processos deposicionais em sedimentos de fundo da lagoa dos Quadros, Planície Costeira do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Geociências 36(4):569-576.

O’Leary M.H. 1981. Carbon isotope fractionation in plants. Phytochemistry, 20(44):553.

Parker G., Perillo G.M.E., Violante R.A. 1978. Características geológicas de los bancos alineados (linear shoals) frente a Punta Medanos, Província de Buenos Aires. Acta Oceanográfica Argentina. Buenos Aires, Argentina. 2(1):11-50.

Quadros L.P., Melo J.H.G. 1987. Método prático de preparação palinológica em sedimentos do Pré-Mesozoico. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 1: 205-214.

Riding J.B., Walton W., Shaw D., 1991. Toarcian to Bathonian (Jurassic) palynology of the inner Herbrides, northwest Scotland. Palynology 15: 115-180.

Salgado-Labouriau M.L. 1973. Contribuição à palinologia dos cerrados. Editora Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, 291p.

Schidlowski M., Hayes J.M., Kaplan I.R. 1983. Isotopic inference of ancient biochemistries: Carbon, sulfur, hydrogen and nitrogen. In: Schopf J.W. (Ed.), Earth’s Biosphere: Its Origin and Evolution, Pric. University Press, Princeton, New Jersey, p. 149-186.

Sena Sobrinho M. 1950. Reconhecimento geológico na costa sul de porto de Rio Grande ao Chuí. Mineração e Metalurgia. Rio de Janeiro, 8(15):189-191.

Shaler N.S. 1890. General account of the fresh water morasses of the U.S. Geological Survey, Annual Report. 10:255-339.

Silva Y.M.P., Meyer K.E.B., Perônico C., Castro P.T.A. 2010. Palinofácies de uma sequência sedimentar quaternária da lagoa Preta, Parque Estadual do Rio Doce, MG, Brasil. Revista Brasileira de Paleontologia 13(1):49-56.

Toledo L.M.A. 1999. Considerações sobre a turfa no Brasil. Akrópolis-Revista de Ciências Humanas da UNIPAR. Universidade Paranaense. 7(28):27-41.

Tomazelli L.J., Villwock J.A. 1989. Processos erosivos na costa do Rio Grande do Sul, Brasil: evidências de uma provável tendência contemporânea de elevação do nível do mar. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA ASSOCIAÇÃO DE ESTUDOS DO QUATERNÁRIO, 2. Rio de Janeiro, Resumos..., Rio de Janeiro, p.16.

Traverse A. 1994. Sedimentation of palynomorphs and palynodebris: an introduction. In: A. Traverse (Ed.) Sedimentation of Organic Particles. Cambridge University Press, Cambridge, p. 1-8.

Trigüis J.A., Araújo L.M. 2001. Aplicação da petrografia orgânica na caracterização dos tratos de sistemas. In: H.J.P.S. Ribeiro (Ed.) Estratigrafia de sequências fundamentos e aplicações. São Leopoldo, Ed. Unisinos, p. 261-302.

Tyson R.V. 1993. Palynofacies analysis. In: D.G. Jenkins (Ed.) Applied micropaleontology, Kluver Academic Publishers, p. 153-191.

Tyson R.V. 1995. Sedimentary Organic Matter: Organic facies and palynofacies analysis. Chapman & Hall, London, 615 p.

Urien C.M., Martins L.R., Martins I.R. 1978. Modelos deposicionales en la plataforma continental de Rio Grande do Sul, Uruguay y Buenos Aires. In: CONGRESSO ARGENTINO, 8. Actas, Neuquén, Argentina. 2:639-658.

Waksman S.A. 1942. The peats of New Jersey and their utilization. New Jersey. Gelogic Series, Bulletin. New Jersey, 55p.

Weber C.A. 1903. Öber torf, humus und moor. Abrandlungen Naturwis-senschanftlichen Verein, zu Bramen, 17: 465-484




DOI: http://dx.doi.org/10.5380/abequa.v6i2.38196