Considerações sobre o papel dos sambaquis como indicadores do nível do mar
DOI:
https://doi.org/10.5380/abequa.v1i1.10158Palavras-chave:
Variações do nível do mar, sambaqui, arqueologia, Holoceno, Quaternário costeiroResumo
Os sambaquis têm despertado grande interesse como indicadores do paleonível do mar, tanto por parte de geólogos quanto de arqueólogos. Diversos autores já propuseram seu uso neste sentido, e durante a década de 1980 sua aplicação foi particularmente intensa na construção de curvas de variação do nível relativo do mar para o litoral brasileiro durante o Holoceno. Estes trabalhos partiram da premissa, recorrente na época, que os sambaquis seriam acumulações de lixo, os moluscos seriam a base da alimentação de seus construtores, e em conseqüência os sítios eram necessariamente construídos em locais próximos a fontes de suprimento abundante em moluscos por um longo período. No entanto, nenhuma destas asserções pode, atualmente, ser sustentada. O conhecimento sobre as populações construtoras de sambaquis evoluiu significativamente nas últimas décadas, e hoje se sabe que os sítios eram construções intencionais, erigidas por populações pescadoras, sedentárias, com parâmetros demográficos relativamente altos e padrões de organização sócio-culturais muito mais complexos do que se acreditava inicialmente. Este artigo apresenta uma breve síntese do conhecimento atual sobre estas estruturas e sobre as populações que as construíram, e discute as premissas adotadas para sua utilização como indicadores de variação do nível do mar. Argumenta que os sambaquis não podem ser sumariamente desconsiderados como indicadores dos paleoníveis marinhos, mas que seu uso neste sentido depende de uma maior integração entre os vários especialistas em pesquisas do Quaternário costeiro e a comunidade arqueológica.
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